Uma das bandas-revelação de 2005, os Bloc Party proporcionam no seu álbum de estreia, "Silent Alarm", umas das melhores surpresas do ano, com um conjunto de contagiantes canções vincadas por uma portentosa vibração rock.
Este jovem quarteto britânico, à semelhança de muitas outras novas bandas actuais - como os Interpol, Franz Ferdinand, The Killers ou Kaiser Chiefs - recupera traços do pós-punk/new wave de inícios da década de 80 e de algum indie rock de meados dos anos 90, adaptando-os aos dias de hoje e gerando um disco sólido que antecipa um percurso promissor.
"Silent Alarm" exibe contaminções de sonoridades dos Joy Division, Gang of Four, The Cure ou My Bloody Valentine, mas sabe incorporar essas influências sem que soe a um mero decalque, conseguindo evidenciar uma identidade e energia próprias e viciantes.
Para a singularidade do projecto contribuem não só as estranhas e incomuns estruturas das canções, que raramente adoptam formatos lineares e sabem como usar a pujança das guitarras e bateria de forma criativa (e dançável q.b.), mas também a igualmente atípica voz de Kele Okereke, capaz de complementar o sentido de urgência, melancolia e tensão de temas como "Like Eating Glass" ou "This Modern Love".
Com tanto de frágil e delicado como de visceral e abrasivo, "Silent Alarm" é um atestado de vitalidade do rock actual e apresenta uma das bandas mais refrescantes de terras de sua majestade, contendo uma série de canções despretensiosas e convincentes.
Embora seja um belo disco de estreia, capaz de sobreviver e cativar mesmo depois de várias audições, peca por ser demasiado homogéneo e longo. Não há aqui nenhum momento fraco, uma vez que todas as canções são consistentes, mas "Silent Alarm" seria ainda melhor se possuísse atmosferas mais diversificadas, pois assim torna-se num disco que resulta melhor quando ouvido em pequenas doses do que na íntegra.
Apesar desse factor, os Bloc Party criam um disco sólido e acima da média, com algumas canções de recorte superior como "Price of Gas", "Banquet" e, sobretudo, "Pioneers", com uma intensidade surpreendente que o coloca entre os melhores singles do ano. Uma estreia muito meritória de um grupo a seguir com atenção, porque estes rapazes ainda vão, com certeza, dar muito que falar...
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM
11 comentários:
Também gostei muito do disco e acho que o vocalista ainda vai dar muito de que falar...
Só acho que os Interpol jogam noutra liga muito diferente e muito mais à frente...
Abraços.
Não acho que os Interpol estejam muito distantes em termos de sonoridade, nem de qualidade (até considero "Silent Alarm" um pouco melhor do que "Antics"). Hasta ()
Embora tenha recentemente falado deste disco num tom muito elogioso, tenho de concordar com o spaceboy. Os Interpol e os Bloc Party tem um oceano inteiro de distância, em sentido figurado e não só.
Quanto à qualidade, isso caberá o cada um decidir. A minha decisão, no entanto, penso estar desde já explicitada.
Um abraço.
Discordo, mas pronto, não podemos concordar sempre. Fica bem ()
já ouvi MUITO pior. acho que juntamente com os Editors e Kaiser Chiefs são a revelação de 2005.
Também gosto dos Kaiser Chiefs, mas ainda tenho de ouvir os Editors...
Bom não...muito bom.
Ainda hj recebi a edição especial que vem com o DVD de 4 temas ao vivo. Mto fixe. Vou mesmo ve-los, só ainda n decidi se a Barcelona ou Madrid.
mais uma vez,boa música vinda de Inglaterra. acho o álbum bastante simples e eficaz mas parece que lhes falta qualquer coisa para serem tão bons como os Kaiser Chiefs.
já agora,o meu blog sofreu uma ligeira mudança de endereço: http://www.100th-wind0w.blogspot.com/
pinko: Pois, também gostava de os ver, mas terá de ficar para outra altura. Depois contas como foi lol
eur3ka: Acho que o disco é mais interessante do que o dos Kaiser Chiefs, que apesar de bom vai perdendo a energia na segunda metade. Ah, eu já andava a estranhar que o teu blog não fosse actualizado há semanas, agora percebo porquê...
Sem dúvida, um dos melhores albúns deste ano.
Vá lá, por uma vez concordamos :P
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