terça-feira, julho 26, 2005

A RAINHA DA NOITE

Depois dos pouco profícuos álbuns que editou no início da década de 90 - o datado "Erotica" e a mediana passagem pelo R&B de "Bedtime Stories" -, Madonna reinventou-se em 1998 com o marcante "Ray of Light", feliz aposta na pop electrónica que assegurou um regresso em grande após um período de menor visibilidade.

"Music", de 2000, volta a enveredar por domínios electrónicos, mas desta vez as canções não apresentam a vertente intimista e contemplativa do álbum antecessor, antes optam por tons mais festivos e dançáveis.William Orbit, nome fulcral na produção de "Ray of Light", colabora apenas pontualmente em "Music", uma vez que é o francês Mirwais que se ocupa da maioria dos temas.

O french touch de Mirwais é evidente, tanto pela forte recorrência a vocoders como às contaminações house a la Daft Punk presentes em alguns momentos, tornando "Music" num portento de energia cinética e vibração.

Uma das mais interessantes inovações que o produtor francês traz é a componente electroacústica que vinca a maioria dos temas, gerando episódios de considerável experimentalismo, raros num disco tão mainstream (e que seriam aprimorados no registo seguinte, "American Life").

"Music" é um contagiante party album que contém uma série de bons momentos, desde o ultra-eficaz single homónimo, o enérgico e bizarro "Impressive Instant", a irresistível doçura pop de "Amazing", a melancolia e envolvência de "Nobody's Perfect" ou a tranquilidade agridoce de "I Deserve It" (a mais bela canção do disco).

Indo do techno ao trip-hop, passando pelo funk ou electro, "Music" é um álbum inspirado e reluzente, e embora não seja tão coeso como o seu antecessor consegue deixar bem claro que Madonna é, ainda, a Rainha da Pop. Aproximando-se aqui de outros projectos que oscilam entre esferas mainstream e alternativas - como os Garbage (de "Version 2.0" e "beautifulgarbage"), os Ladytron ou os Cardigans (fase "Gran Turismo") - a cantora proporciona um sólido e sofisticado conjunto de canções que prometem incendiar qualquer festa, num dos seus álbuns mais contagiantes. Para ouvir e dançar...

E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM

12 comentários:

Anónimo disse...

The Queen Of Pop rules :)!

Cumps. musicais

Spaceboy disse...

Também gostei muito do «Music», mas o meu preferido é mesmo o «Ray of Light». Não há rainha da Pop como a Madonna!

kimikkal disse...

"Ray of Light" é o pico de forma de Madonna, falta homogeneidade a "Music" para igualar o trabalho anterior.

Anónimo disse...

tenho que ouvir, já havia algum tempo que pensava em ouvir madonna e principalmente esses dois albuns. A ver vamos....

gonn1000 disse...

SOLO: Yes she does :)

Spaceboy/ Kimikkal: Também prefiro o "Ray of Light", mas o "Music" é mais apropriado para esta época...

membio: Então ouve porque acho que vais gostar...

José Santos disse...

Vocês devem ser muito novinhos para falarem do "datado" EROTICA e do resto dos Albuns.
:-)
O Album EROTICA, que eu nem gostei muito na altura em que saiu, é o melhor para se ouvir nestas noites quentes de verão! No entanto, há que entende-lo!

Entre o RAY OF LIGHT e o MUSIC não há qualquer dúvida que o primeiro é muito melhor. O RAY OF LIGHT veio na sequência do filme Evita e de um interregno musical maior. Madonna vez uma grande viragem com esse album. MUSIC foi apenas uma boa continuação.

É engraçado porque os temas que referem são os que eu menos gosto do Album. Será por pertencer a uma outra geração?
;-)

gonn1000 disse...

Confesso que o "Erotica" nunca me agradou especialmente, considero-o demasiado homogéneo e formatado, e aquele tipo de sonoridade evidencia muito as marcas do tempo em que foi editado...Enfim, gostos :)

gonn1000 disse...

O Emissor: Sim, a produção é muito boa e essa amálgama sonora resulta bem (neste e no mal-amado "American Life").
Tens razão quanto ao que dizes sobre o "Ray of Light", mas mesmo assim foi um regresso em grande e é o meu disco favorito dela...

Eur3ka: O "Erotica" não me seduz muito, e entre o "Music" e o "American Life" é difícil eleger o melhor, acho que estão bastante aproximados, qualitativamente falando...

Mussolini disse...

Acho que a tua frase "Music tem uma componente electroacústica, gerando episódios de considerável experimentalismo" descreve o álbum na perfeição.
É, efectivamente, um bom disco Pop, mas é de longe superado por 'Ray of Light', que julgo ser um álbum bastante mais consistente. Mirwais trouxe de facto uma nova textura à música de Madonna, mas é a William Orbit que, na minha humilde opinião, concedo o título de génio da electrónica.

gonn1000 disse...

Sim, também acho que o "Ray of Light" é um pouco melhor, embora o trabalho de produção de Mirwais me pareça mais ousado e inventivo do que o de William Orbit...

Dark Electronic disse...

Adoro o "Music"! Acho que foi mais um risco que Madonna tomou e decidiu mudar (de novo) o seu estilo de "Ray of Light" para cowgirl, ou party-girl.

Acho que o álbum tem de tudo..e é inovador em termos de sonoridade. Desde da viciante Music até á bizarra Paradise (Not For Me) podemos esperar tudo!

gonn1000 disse...

Sim, é um disco consistente e acima da média, mas quanto a mim a maioria das canções está mais no nível "bom" do que "muito bom"...