sexta-feira, novembro 12, 2004

O ROCK NÃO MORREU

Baixista das Hole durante a criação de "Celebrity Skin" e assumindo a mesma função na fase terminal dos Smashing Pumpkins - em "MACHINA: The Machines of God" e no álbum disponibilizado online, "Friends and Enemies of Modern Music" - Melissa Auf der Maur comprova que os seus méritos conseguem alargar-se através do lançamento de um disco a solo, "Auf der Maur".

O primeiro single, "Followed the Waves", já indiciava a manifestação de um rock clássico, directo e a espaços rude, exibindo paralelismos com algumas das composições das bandas em que Auf der Maur colaborou. O resto do álbum mantém-se no mesmo comprimento de onda, embora apresente alguns desvios e outras contaminações em certos momentos.

Ainda que esta seja uma aventura a solo, a cantora rodeou-se de companhias estimáveis, entre elas James Iha (que passou pelos Smashing Pumpkins e Zwan), Eric Erlanson (o excelente guitarrista das Hole) ou Josh Homme e Nick Oliveri, dos Queens of the Stone Age. Esta lista de colaboradores talvez ajude a explicar a solidez do álbum, marcado por um rock vigoroso, enérgico e apelativo, mesclando sonoridades do rock alternativo sem deixar de ser acessível para um público mais alargado.

Melissa Auf der Maur, para além de eficaz baixista (mas isso já se sabia), demonstra que está também em boa forma vocal, como pode ser confirmado em convincentes canções como a insinuante "Taste You" (que possui uma recomendável interpretação alternativa em francês) ou a efervescente "Real a Lie", os dois singles mais recentes e dois dos melhores momentos do disco.

Apesar de não trazer nada de realmente novo ou muito surpreendente ao universo musical actual, "Auf der Maur" inclui um conjunto de temas suficientemente fortes e bem estruturados, condensando referências rock, pop, indie, metal, grunge e até mesmo góticas. Afastando-se das tendências nu-metal que minam muitos dos projectos rock de hoje, o disco adquire um certo tom nostálgico, repisando alguns dos territórios semelhantes aos dos Smashing Pumpkins ou Hole.

Não é que o álbum não tenha a carga de inspiração e criatividade de registos como "Siamese Dream" ou "Live Through This", mas consegue equilibrar canções de considerável apelo melódico ("Would If I Could" ou "I`ll Be Anything You Want", não muito distantes dos ambientes pop do disco "Celebrity Skin") com episódios repletos de atmosferas de rudeza e tensão (a potente faixa de abertura "Lightning is My Girl" ou "My Foggy Notion"). E, ao contrário do igualmente recente “American Sweetheart”, a aventura a solo da ex-colega Courtney Love, Auf Der Maur consegue apresentar um trabalho coeso que não se limita a ser “mais do mesmo”.

Num contexto em que muitos acusam o rock de falta de vitalidade, Melissa Auf der Maur comprova que ainda é possível baralhar e voltar a dar através de um recomendável registo de estreia que, apesar de actual e portentoso, não esquece a herança do passado.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

5 comentários:

O Puto disse...

Concordo contigo, pois é sem dúvida um grande álbum. Já o ouvi bastantes vezes, e a Melissa tem um talento especial para as linhas melódicas menos óbvias. As guitarras, a meu ver, estão mais próximas dos QOTSA do que das (dos) Hole, mais pesadas e menos fluidas.
Vi a banda há uns dias no programa do Conan O'Brien, e a Melissa beijou a mão do apresentador no fim da prestação. Algo inédito, no mínimo. A voz dela é que me pareceu um pouco frágil, desafinando com alguma frequência. Se calhar não deveria ter visto.

gonn1000 disse...

Sim, algumas canções também não andam longe dos QOTSA, embora encontre semelhanças com os ambientes mais pop do disco "Celebrity Skin". Também não acho que ela tenha uma voz perfeita ou particularmente versátil, mas no disco desenrasca-se bem.

l.s. disse...

mas a melissa não participou mt no disco machina (I e II).

o album é bastante bom, eu acho. vi-a na 1ª parte de APC e deu para vez que a voz n é mesmo a melhor, desafina, e quer fazer coisas com a voz que resultam mesmo mal. Mas em disco, não se safa mal. e o booklet tem fotos fantásticas, que captam bem o que ela é, um misto de rockeira com sensualidade.

gonn1000 disse...

Enquanto vocalista não a acho sempre convincente, mas o disco é promissor. E sim, as fotos do booklet foram muito bem escolhidas (e gosto do misto rock/sensualidade, que a Shirley Manson e a Fiona Apple também possuem):)

Unknown disse...

pow namoral depois q eu vi o primeiro clipe da banda me apaixonei, auf der maur,estah na minha lista de bandas fodas!!!