Um dos raros exemplos do cinema originário da Islândia que chega a salas nacionais, "Nói, o Albino" (Nói Albinói) foi um dos filmes-sensação do primeiro Indie LX e marca a estreia de Dagur Kari na realização.
Exceptuando discos de projectos como os Gus Gus, Múm, Sigur Rós ou a incontornável Bjork, pouco mais se conhece sobre a música, o cinema ou outras artes originadas em solo islandês. "Nói, o Albino", um singular filme que tem causado algum burburinho internacionalmente, abre uma pequena porta de entrada para o pouco conhecido contexto cinematográfico da Islândia.
Dagur Kari apresenta uma obra que se centra no quotidiano de Nói, um adolescente albino de uma pequena povoação islandesa que exibe um comportamento algo atípico. Apesar de tímido, introvertido e pouco conflituoso, Nói adopta atitudes que expressam um considerável inconformismo e rebeldia, tornando-se num caso problemático para a direcção do seu liceu.
Considerado um solitário sisudo pela maior parte dos que o rodeiam, Nói é percepcionado de forma um pouco diferente por um psiquiatra que o analisa e encontra nele traços de genialidade e brilhantismo. Entregue a uma realidade fechada, amorfa e pouco auspiciosa, o jovem tenta encetar novas vias que lhe permitam chegar a um local mais inspirador e inóspito, almejando fugir da sua terra-natal com Iris, uma rapariga por quem se apaixona. Todavia, o destino parece não favorecer as suas tentativas de prosseguir por um rumo mais encorajador, lançando-o numa espiral de impotência e incompreensão. Envolto num contexto frio e gélido (literal e simbolicamente), Nói apenas encontra algum calor humano nos momentos em que está com Iris, a única pessoa na qual se revê. No entanto, nem mesmo a relação com a jovem lhe permite afastar-se do fantasma da solidão e isolamento.
1 comentário:
Não sei bem como descreve-lo por isso deixo a citação:
"De só sentir a terra e o céu
Tão belos ser;
Quem de si sente que perdeu
A alma para os ter." Pessoa
Não chego a perder, muito menos a alma, mas o filme consegue tocar pela fina beleza..
Enviar um comentário