Depois dos Nirvana, os Placebo são, muito provavelmente, um dos mais profícuos e carismáticos trios de rock nascidos na década de 90, tendo construído uma carreira que facilmente congrega públicos alternativos e mainstream. A imagem, aqui indissociável da música, é um dos factores que ajudou a distinguir a banda de tantas outras, mas desde a estreia com o promissor disco homónimo, em 1996, o grupo tem provado que a sua vertente musical possui também uma considerável personalidade, apesar das muitas influências.
Aglutinando referências rock, punk, pop, indie, alguma electrónica e uma atitude descendente do glam, os Placebo destacam-se como um projecto que tem abordado a questão da identidade, conflitos interiores, relações conturbadas e um complexo universo sexual, espelhando as ambíguas experiências do cantor/compositor Brian Molko.
"Once More With Feeling: Singles 1996-2004" recolhe todos os singles do trio, mas não é propriamente um best of, embora se assemelhe a esse formato. Funciona antes como uma eventual porta de entrada para curiosos e novos admiradores, apresentando-lhes alguns dos temas mais mediáticos e "orelhudos" da banda. O disco dá, assim, continuidade à aproximação a territórios mais comerciais que tem marcado os últimos álbuns do grupo (sobretudo o quarto, "Sleeping With Ghosts", que exibiu alguma estagnação no percurso musical da banda). Por isso, estas não serão, necessariamente, as melhores canções dos Placebo, mas permitem conhecer a evolução do projecto através da apresentação de quatro temas de cada disco.
Assim, momentos como "Nancy Boy" (o primeiro single do grupo) e "36 Degrees", retirados de "Placebo", expõem o entusiasmo adolescente dos primeiros passos do trio; "Pure Morning" e "Every You Every Me" são excertos do atmosférico e introspectivo "Without You I`m Nothing", o soberbo segundo disco do projecto; "Taste in Men" e "Black Eyed" exibem a amálgama entre a electrónica e o rock do portentoso "Black Market Music"; enquanto que "The Bitter End" e "Special Needs", retirados de "Sleeping With Ghosts", são dois exemplos dos Placebo iguais a eles próprios. Quem já conhece bem a obra do grupo tem também direito a algumas surpresas como "Protege Moi", uma versão em francês de "Protect Me From What I Want", ou os dois temas inéditos "I Do" e "20 Years" (sendo este último o novo single da banda).
Com o Natal a aproximar-se, aumentará decerto a tendência para o lançamento de inúmeras compilações e colectâneas best of, mais ou menos oportunistas. Seria bom que todas apresentassem um conjunto de canções tão auspicioso e convincente como este...
E O VEREDICTO É: 4/5 - MUITO BOM
3 comentários:
eu assumo-me como uma grande fã de placebo. vi-os no sudoeste de 2000, lisboa em 2001, sudoeste em 2001, porto 2001, lisboa 2003, paredes de coura 2003 e santiago de compostela 2003. acho que é exemplificativo da minha devoção a placebo. mas como fã, odeio o best of, e odeio as novas músicas. a I DO é lamechas, pouco criativa. A TWENTY YEARS é melhorzinha mas não deixa de ser do piorzinho que os placebo fizeram.
E apesar de os ter viste tt vez, e depois de milhares de quilómetros feitos para os ver, não deixo de realçar que são muito pouco criativos ao vivo, cheios de clichés e com a repetição da mm setlist até ao infinito.
vamos ver como é o novo album, que eles já estão a gravar
Ena, não falhaste um concerto...Eu só os vi mesmo em 2003 e gostei bastante, são uma das minhas bandas preferidas (e por isso esperava mais de "Sleeping With Ghosts"). Os inéditos do best of não são do melhor que já fizeram, mas no novo álbum tiramos as dúvidas...
E faço minhas as tuas palavras com uma excepção: não os vi em 2003 devido á minha supostamente tenra idade, de maneira que a minha maior vergonha é ainda só ter assistido ao do SBSR de 2006. Mas não vi clichés nem nada do género. Gostei muito, e a prova de que foi bom é que, de todos os concertos, é o único de que me lembro bem...
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