domingo, fevereiro 25, 2007

FEBRE (E FUNK) DE SÁBADO À NOITE

Embora já tivessem passado por palcos portugueses mais de uma vez, os londrinos Spektrum ainda não o haviam feito depois do lançamento do seu segundo álbum, "Fun at the Gymkhana Club", editado no final do ano passado. A estreia ao vivo do novo disco deu-se na noite de sábado no MusicBox, em Lisboa, espaço que tem recebido alguns nomes da música urbana de dentro e fora de portas.

O quarteto, que em palco se apresentou como trio, uma vez que o teclista esteve ausente, gerou já algum culto por cá, como o confirmou considerável adesão de público ao concerto, que encheu o espaço muito antes da banda entrar em palco. A entrada, à semelhança de outros momentos do espectáculo, foi efusiva, ao som dos dinâmicos "May Day" e "Horny Pony", curiosamente os dois primeiros temas do novo álbum. Propostas que evidenciam bem a receita sonora dos Spektrum, um híbrido imprevisível de funk, pop, electro e soul servido com um ritmo hipnótico, mescla por vezes difícil de assimilar mas dominada por uma vibração desconcertante.

Em disco, as propostas do grupo nem sempre entusiasmam, já ao vivo o contágio sonoro mostra-se mais eficaz e a espaços mesmo fulminante e irresistível, a que não é alheio o carisma da vocalista Lola Olafisoye, cuja postura ora austera ora insinuante toma as rédeas do espectáculo e incita a que o público reproduza a sua pose irriquieta. As suas vocalizações, temperadas por tons oscilantes e desregrados, geram uma aura excêntrica e em certos momentos quase mística, que associada à electrónica minimal e à cadência intrigante da bateria dota a música dos Spektrum de uma bizarra energia.

Apesar deste carácter singular da banda, o concerto foi algo desequilibrado, pois se as canções combinam múltiplas referências não deixam de acusar uma certa repetição de ideias - que se comprova mesmo no segundo álbum, que pouco ou nada corta em relação ao primeiro -, e por vezes prolongam-se para além do necessário, sugerindo alguma redundância.

No entanto, quando o grupo acertou, não deu tréguas a ninguém, como o comprovaram ocasionais episódios de explosão rítmica visíveis em "Don't Be Shy", um dos singles de "Fun at the Gymkhana Club", e principalmente em "Kinda New", uma das recuperações do disco de estreia, "Enter the... Spektrum", que gerou o maior acesso dançável entre a audiência e acendeu o rastilho para uma experiência sensorial imbatível. Também "Freefall", outra canção do primeiro álbum, causou estragos no muito aplaudido encore, infelizmente a última de um concerto que, embora eficaz e convincente, foi demasiado curto, não atingindo sequer uma hora de duração.
Mesmo assim, a julgar pelas reacções da maioria dos presentes ao longo do concerto, terão sido poucos ou nenhuns os que deram o seu tempo por perdido, o que leva a crer que os Spektrum continuarão a ter casa cheia da próxima vez que voltarem a palcos nacionais.


E O VEREDICTO É:
3/5 - BOM

Spektrum - "Don't Be Shy"

5 comentários:

Spaceboy disse...

Foi um belo concerto. Festa non-stop!

gonn1000 disse...

Festa curta, mas boa. Estamos lá na próxima :)

Unknown disse...

Houve quem tivesse gostado muito, Gonn! :P (Alô Spaceboy?).

Ano passado no Lux, os Spektrum já tinham levantado o véu sobre o ceu novo álbum 'Fun at the Gymkhana Club' e foi bem fixe! :)

Concordo contigo quando referes que os seus temas são bem mais contagiantes ao vivo que em disco. É uma característica própria do som.

Funky Hugzz

Unknown disse...

seu novo álbum*

gonn1000 disse...

Gostei, mas acho que raramente foi excepcional. Dos discos é que gosto pouco. Ainda bem que os vi deta vez e não no Lux, o atraso foi só de meia hora :P
Fica bem.