Pablo é um jovem que regista no seu diário as experiências rotineiras do seu dia-a-dia, desde as idas recorrentes ao centro de saúde para lidar com a sua condição de seropositivo até às deambulações nocturnas por bares ou salas de cinema, onde vai encontrando companhias tão imprevisíveis quanto fugazes.
Com uma vida social restrita, que inclui pouco mais do que as ocasiões em que se encontra com a família (ou o que resta dela) e com o seu melhor (e único?) amigo, o protagonista de "Um Ano Sem Amor" (Un Año Sin Amor), primeira longa-metragem da argentina Anahí Berneri, adere então a reuniões vincadas por práticas S&M, o seu mais recente escape para lidar com as frustradas tentavivas de conhecer alguém que o ajude a sair de uma certa apatia existencial.
Nebulosa crónica urbana do quotidiano de um jovem adulto à deriva, o filme proporciona um olhar realista sobre a solidão e a inadaptação, tornando-se num interessante estudo de personagem. Contaminado por uma aura lacónica pontualmente interrompida por alguns momentos de humor (negro), "Um Ano Sem Amor" convence pela realização segura, onde a câmara à mão é adequada aos ambientes soturnos e emana a espaços alguma energia visual.
Embora foque questões controversas como a SIDA ou a homossexualidade, a película nunca resvala para o moralismo ou para o choque fácil, evitando julgar as suas personagens e gerando assim um drama sóbrio, sem grandes rasgos de criatividade mas uns furos acima da mera competência.
Berneri apresenta um argumento coeso, capaz de explorar eficazmemente vários aspectos da vida do protagonista de forma verosímil, e mostra também solidez na direcção de actores, com destaque para Juan Minujín no papel principal.
Desencantado mas não miserabilista, ousado sem ser estridente, "Um Ano Sem Amor" é uma boa primeira-obra, mais uma a reter entre as que o novo cinema argentino tem oferecido nos últimos anos, onde constam realizadores promissores como Albertina Carri ("Géminis") ou Santiago Amigorena ("Alguns Dias em Setembro"). À semelhança destes, convém seguir Anahí Berneri com alguma atenção, que apesar de não assinar aqui um grande filme também não deixa de evidenciar potencial.
Com uma vida social restrita, que inclui pouco mais do que as ocasiões em que se encontra com a família (ou o que resta dela) e com o seu melhor (e único?) amigo, o protagonista de "Um Ano Sem Amor" (Un Año Sin Amor), primeira longa-metragem da argentina Anahí Berneri, adere então a reuniões vincadas por práticas S&M, o seu mais recente escape para lidar com as frustradas tentavivas de conhecer alguém que o ajude a sair de uma certa apatia existencial.
Nebulosa crónica urbana do quotidiano de um jovem adulto à deriva, o filme proporciona um olhar realista sobre a solidão e a inadaptação, tornando-se num interessante estudo de personagem. Contaminado por uma aura lacónica pontualmente interrompida por alguns momentos de humor (negro), "Um Ano Sem Amor" convence pela realização segura, onde a câmara à mão é adequada aos ambientes soturnos e emana a espaços alguma energia visual.
Embora foque questões controversas como a SIDA ou a homossexualidade, a película nunca resvala para o moralismo ou para o choque fácil, evitando julgar as suas personagens e gerando assim um drama sóbrio, sem grandes rasgos de criatividade mas uns furos acima da mera competência.
Berneri apresenta um argumento coeso, capaz de explorar eficazmemente vários aspectos da vida do protagonista de forma verosímil, e mostra também solidez na direcção de actores, com destaque para Juan Minujín no papel principal.
Desencantado mas não miserabilista, ousado sem ser estridente, "Um Ano Sem Amor" é uma boa primeira-obra, mais uma a reter entre as que o novo cinema argentino tem oferecido nos últimos anos, onde constam realizadores promissores como Albertina Carri ("Géminis") ou Santiago Amigorena ("Alguns Dias em Setembro"). À semelhança destes, convém seguir Anahí Berneri com alguma atenção, que apesar de não assinar aqui um grande filme também não deixa de evidenciar potencial.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
4 comentários:
Tomei nota. Obrigado.
De nada.
Nunca ouvi falar deste filme. Isto está em alguma sala de cinema?
Abraço
Esteve no Festival Gay e Lésbico, a decorrer no Quarteto e no São Jorge. Bos filmes ()
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