terça-feira, agosto 22, 2006

(MAIS UMA) VIAGEM AO MUNDO DA DROGA

Do cinema australiano não há grande tradição de estreias em salas portuguesas, mas ocasionalmente vão chegando alguns exemplos dessas paragens. É o caso de "Candy", de Neil Armfield, drama que segue o percurso autodestrutivo de um jovem casal toxicodependente, testemunhando a passagem de uma fase de experimentação e hedonismo para uma dolorosa situação de fragilidade física e emocional.

História de amor atormentada pelas consequências do vício, o filme evita, felizmente, um posicionamento moralista, que poderia delimitar um argumento centrado na dependência das drogas, mas tal não invalida que não seja prejudicado por outros elementos.

Embora não julgue as suas personagens nem apresente respostas fáceis ou tendenciosas aos seus dilemas, "Candy" perde o rumo ao assentar num argumento pouco ambicioso, sem surpresas, que apenas revisita territórios já muitas vezes percorridos noutras películas sobre o mesmo tema.
O ritmo, não raras vezes arrastado, também faz com que estas duas horas ofereçam níveis de entusiasmo irregulares, assim como algumas sequências vincadas por um dispensável histerismo, com uma gestão dramática de gosto duvidoso (nomeadamente em certas cenas com a família da co-protagonista).

Contudo, "Candy" não deixa de ser uma experiência possuidora de alguns méritos, com destaque para a direcção de actores, onde constam Heath Ledger (competente, a seguir as boas pistas deixadas em "O Segredo de Brokeback Mountain") e Abbie Cornish (a actriz do belíssimo e também australiano "Salto Mortal", mais uma vez espontânea e luminosa), que compõem o par principal, ou Geoffrey Rush, num pequeno mas relevante papel.

A realização de Neil Armfield revela-se inspirada a espaços, como na sequência inicial, no parque de diversões, ou nos momentos mais agonizantes vividos pelo casal, e a união entre a imagem e a música (a cargo de nomes como Tim Buckley, Amon Tobin ou Soul Coughing) proporciona episódios com atmosferas envolventes e palpáveis, num intrigante misto de realismo e onirismo (por vezes próximas das de "Salto Mortal", ainda que não tão conseguidas).

Dificilmente acrescentando algo a uma temática já sobre-explorada, tanto no cinema ou noutros domínios, "Candy" não arrebata mas é uma proposta aceitável, que vale sobretudo pela descoberta de um realizador que poderá fazer melhor no futuro e pelo acompanhamento de dois jovens actores em ascensão. Não é muito, mas também não desmerece alguma atenção.

E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

9 comentários:

Anónimo disse...

gonn1000 said...

anonymous: Se eu assinasse como anónimo, estava era calado. De resto, o que não falta é mais blogs por aí.


Este blog tem algo único, passo a explicar: Quando algo aqui recebe uma pontuação baixa, significa que na verdade se trata de algo bom. O contrário também se verifica e ainda com maior ocorrência.

gonn1000 disse...

Hum, então e no caso deste filme, em que ficamos?

O que este blog tem, mas que infelizmente não é assim tão único como isso, é gente(?) a comentar que tem tanta confiança no que diz que nem se dá ao trabalho de revelar quem é.

Flávio disse...

Bem, lá diz o povo que gostos nao se discutem. Quanto a este 'rebucado', valeu pelas interpretacoes dos dois grandes actores: Heath Ledger e Geoffrey Rush.

gonn1000 disse...

Lá está, gostos, para mim a melhor interpretação foi a da Abbie Cornish.

gonn1000 disse...

Tem qualidade q.b., mas parece-me estar longe de um filme memorável.

Susana Fonseca disse...

De facto, ao nível do argumento, o filme não é muito original. Mas gostei da banda sonora e sem dúvida dos desempenhos dos actores, principalmente de Heath Ledger, que vai destapando o véu a pouco e pouco e deixando ver que poderá ser um dos bons actores jovens que vão surgindo.

(Voltei de férias, este foi um dos filmes que vi nas ditas. Já fiz o post das leituras em férias e tenho um para fazer dos filmes que vi)

gonn1000 disse...

O Heath Ledger até tem tido alguns bons desempenhos, sim, mas neste filme acho que a Abbie Cornish o ultrapassa.
Já vi o post das leituras, mas não li nenhum daqueles livros (do Peixoto só li "Uma Casa na Escuridão" e gostei).

Anónimo disse...

o filme é FACINANTE!

gonn1000 disse...

Tem os seus momentos, não me prendeu muito.