Um dos nomes do recente cinema romeno, Cristi Puiu estreou-se na realização com “Stuff and Dough”, de 2001, e apresenta em “A Morte do Sr. Lazarescu” (The Death of Mr. Lazarescu) a sua segunda longa-metragem, que marca o início das “Seis Histórias dos Subúrbios de Bucareste”, uma série de filmes que têm em comum a temática do amor.
No caso de “A Morte do Sr. Lazarescu”, de 2005, o realizador parte de uma abordagem do amor pelo próximo, ainda que o que amor seja algo que raramente se vislumbra no filme, o relato de uma turbulenta e tensa noite em que um idoso num estado físico cada vez mais débil – o tal Sr. Lazarescu, um homem pacato mas solitário - é transportado de hospital em hospital, sem que no entanto conte com grande ajuda quer dos médicos, quer dos familiares e conhecidos.
No caso de “A Morte do Sr. Lazarescu”, de 2005, o realizador parte de uma abordagem do amor pelo próximo, ainda que o que amor seja algo que raramente se vislumbra no filme, o relato de uma turbulenta e tensa noite em que um idoso num estado físico cada vez mais débil – o tal Sr. Lazarescu, um homem pacato mas solitário - é transportado de hospital em hospital, sem que no entanto conte com grande ajuda quer dos médicos, quer dos familiares e conhecidos.
Cristi Puiu filma com um rigor clínico e frio esta penosa viagem, onde a vertigem da morte se intensifica pelo olhar quase documental através do qual o cineasta segue o velho doente e a enfermeira que o acompanha entre as urgências dos hospitais.
Caracterizado por um realismo por vezes sufocante, “A Morte do Sr. Lazarescu” dissemina uma aura de tristeza e desencanto pela forma como expõe a indiferença da maioria das personagens quanto ao destino do paciente, pois quase todas se encontram imersas nos seus próprios problemas e prioridades, negligenciando ou subestimando o estado crítico do Sr. Lazarescu.
Movendo-se entre o drama e o humor negro, o filme é um cruel e doloroso retrato dos recantos menos abonatórios da esfera humana, onde o egoísmo, a apatia e um individualismo exacerbado se revelam e disseminam.
A perspectiva que Puiu traça dos médicos e enfermeiros insiste especialmente neste pessimismo visceral, uma vez que todos (excepto a enfermeira Mioara, que acompanha obstinadamente o Sr. Lazarescu) são retratados como figuras cínicas, irresponsáveis, mesquinhas ou egocêntricas, que raramente exibem qualquer sinal de preocupação pela situação do doente.
É válido que o realizador queira criticar a incompetência que se manifesta em muitos dos serviços de saúde, mas proporcionar um olhar tão tendencioso e caricatural não será a forma mais perspicaz e legítima de o fazer.
Para além desta caracterização simplista, o filme é ainda prejudicado pelas suas excessivas duas horas e meia, que contêm muitas cenas desnecessárias e geram um cansativo efeito de repetição.
Piui tenta evidenciar a rotina que marca a passagem do doente pelos vários hospitais ao longo da noite, mas como as reacções dos médicos não são muito diferentes “A Morte do Sr. Lazarescu” vai perdendo o efeito-surpresa e entrando na previsibilidade.
O abrupto e insatisfatório desenlace também não ajuda a que o balanço seja muito auspicioso, traindo um pouco esta experiência cinematográfica relevante e promissora - por vezes capaz de despoletar um perturbante efeito sensorial -, mas demasiado parcial e desequilibrada.
Caracterizado por um realismo por vezes sufocante, “A Morte do Sr. Lazarescu” dissemina uma aura de tristeza e desencanto pela forma como expõe a indiferença da maioria das personagens quanto ao destino do paciente, pois quase todas se encontram imersas nos seus próprios problemas e prioridades, negligenciando ou subestimando o estado crítico do Sr. Lazarescu.
Movendo-se entre o drama e o humor negro, o filme é um cruel e doloroso retrato dos recantos menos abonatórios da esfera humana, onde o egoísmo, a apatia e um individualismo exacerbado se revelam e disseminam.
A perspectiva que Puiu traça dos médicos e enfermeiros insiste especialmente neste pessimismo visceral, uma vez que todos (excepto a enfermeira Mioara, que acompanha obstinadamente o Sr. Lazarescu) são retratados como figuras cínicas, irresponsáveis, mesquinhas ou egocêntricas, que raramente exibem qualquer sinal de preocupação pela situação do doente.
É válido que o realizador queira criticar a incompetência que se manifesta em muitos dos serviços de saúde, mas proporcionar um olhar tão tendencioso e caricatural não será a forma mais perspicaz e legítima de o fazer.
Para além desta caracterização simplista, o filme é ainda prejudicado pelas suas excessivas duas horas e meia, que contêm muitas cenas desnecessárias e geram um cansativo efeito de repetição.
Piui tenta evidenciar a rotina que marca a passagem do doente pelos vários hospitais ao longo da noite, mas como as reacções dos médicos não são muito diferentes “A Morte do Sr. Lazarescu” vai perdendo o efeito-surpresa e entrando na previsibilidade.
O abrupto e insatisfatório desenlace também não ajuda a que o balanço seja muito auspicioso, traindo um pouco esta experiência cinematográfica relevante e promissora - por vezes capaz de despoletar um perturbante efeito sensorial -, mas demasiado parcial e desequilibrada.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
7 comentários:
Eu não gostei muito, embora tenha sido dos filmes mais elogiados do festival por muitos.
Eu gostei mas admito que tens razão ao dizeres que as duas horas e meia são excessivas. Ainda assim acho que chega ao 7/10 :).
Abraço!
Tem os seus momentos, mas no geral ficou aquém das expectativas.
Gonn: mais uma vez discordo da tua opinião. Qto ao amor vê-se: do próprio pelos seus bichos, da enfermeira que o acompanha para com ele, da equipe do hosp. universit.
O realismo é, de facto, sufocante. E pode ser incómodo, para quem não está familiarizado com aquele tipo de ambientes.
Qto à indiferença, o Lazarescu nunca foi deixado sozinho numa maca num qq corredor de hospital.
Nem todos os médicos foram retratados como cínicos (ex.º o radiologista que fez a TAC).
Não acho que o olhar fosse tendencioso e caricatural. Foi bastante realista e reflecte bem a complexidade da questão. Repara que hospitais com más condições têm profissionais pouco "bem dispostos". Acho que a falta de condições de trabalho endurece toda a gente.
Acho que a ideia era mais criticar a falta de condições dos serviços de saúde do que a incompetência dos médicos.
Claro que num sistema em condições o Sr. Lazarescu teria os cuidados de saúde a que tinha direito, muito mais céleres, num único hospital.
Sinceramente, gostei bastante do filme, talvez pela dureza da realidade que retrata (lembrou-me os hosp. portugueses, de certa forma).
Nem dei pelo tempo passar e na votação do público, dei 4/5.
:)
lol
desculpa... o comentário foi quase tão extenso como o filme...
Concordo com a maior parte do que dizes, mas ainda assim achei que o olhar era tendencioso porque o doente era transportado de hospital em hospital e a reacção dos médicos nunca divergia muito, o que a certa altura acabou também por se tornar previsível e enfadonho. Enfim, achei um pouco forçado, embora haja por lá elementos interessantes.
"lol
desculpa... o comentário foi quase tão extenso como o filme..."
Ora essa...
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