“Acabaram as canções”. Foi esta a última frase que Maria Antónia Mendes (ou Mitó) cantou na noite de sábado durante o concerto d’A Naifa, perante o quase esgotado auditório do Fórum Lisboa. É um dos versos da letra de “Tourada”, canção interpretada há décadas por Fernando Tordo que foi revisitada pela banda, encerrando de forma efusiva um concerto que se manteve quase sempre sóbrio até ao segundo encore.
Mas há, porém, no projecto constituído por Luís Varatojo (Despe e Siga, Linha da Frente), João Aguardela (Sitiados, Megafone), Paulo Martins (Ramp) e a referida vocalista, mais novas canções, e sobretudo mais sinais de consistência para uma pop urbana cantada em português, gerada através de uma interessante fusão de tradição e modernidade.
Mas há, porém, no projecto constituído por Luís Varatojo (Despe e Siga, Linha da Frente), João Aguardela (Sitiados, Megafone), Paulo Martins (Ramp) e a referida vocalista, mais novas canções, e sobretudo mais sinais de consistência para uma pop urbana cantada em português, gerada através de uma interessante fusão de tradição e modernidade.
“Canções Subterrâneas”, o disco de estreia d’A Naifa, editado em 2004, já sugeria que o quarteto procurava encontrar um espaço singular pela combinação de domínios aparentados do fado com atmosferas electrónicas, e o recente “3 Minutos Antes de a Maré Encher”, de 2006, dá continuidade a essa linguagem própria, aliando a tradição do folclore português com um cosmopolitismo impresso através de reminiscências do trip-hop.
Foi a propósito do final da digressão nacional de promoção ao segundo álbum que a banda se apresentou em Lisboa, iniciando o espectáculo com os quatro primeiros temas do alinhamento do mesmo, o curto instrumental “Um” e “Da Uma da Noite às Três da Manhã”, “Monotone” e “Fé”.
Apaziguadas e minimalistas, estas canções foram bem conjugadas com recordações do primeiro disco do projecto, caso do mais dinâmico e dançável “Música” ou de “Rapaz a Arder” e “Meteorológica”.
O contraste da guitarra portuguesa com a bateria e o baixo eléctrico revela-se um dos maiores atractivos das canções d’A Naifa, embora as letras não o sejam menos, uma vez que se tratam de poemas de José Luís Peixoto, Adília Lopes, Rui Lage ou João Miguel Queirós, entre outros, que se adaptam sem dificuldades à sonoridade do grupo.
Apesar destes bons condimentos, o concerto ofereceu alguns episódios mornos, já que a banda se mostrou sempre profissional e rigorosa mas raramente encetou quaisquer contactos com o público. O segundo encore terá sido uma das poucas excepções, onde Mitó convidou o público a dançar e cantar, rompendo com a postura mais formal que manteve até então.
Foi a propósito do final da digressão nacional de promoção ao segundo álbum que a banda se apresentou em Lisboa, iniciando o espectáculo com os quatro primeiros temas do alinhamento do mesmo, o curto instrumental “Um” e “Da Uma da Noite às Três da Manhã”, “Monotone” e “Fé”.
Apaziguadas e minimalistas, estas canções foram bem conjugadas com recordações do primeiro disco do projecto, caso do mais dinâmico e dançável “Música” ou de “Rapaz a Arder” e “Meteorológica”.
O contraste da guitarra portuguesa com a bateria e o baixo eléctrico revela-se um dos maiores atractivos das canções d’A Naifa, embora as letras não o sejam menos, uma vez que se tratam de poemas de José Luís Peixoto, Adília Lopes, Rui Lage ou João Miguel Queirós, entre outros, que se adaptam sem dificuldades à sonoridade do grupo.
Apesar destes bons condimentos, o concerto ofereceu alguns episódios mornos, já que a banda se mostrou sempre profissional e rigorosa mas raramente encetou quaisquer contactos com o público. O segundo encore terá sido uma das poucas excepções, onde Mitó convidou o público a dançar e cantar, rompendo com a postura mais formal que manteve até então.
Mesmo desequilibrada, a noite registou suficientes bons momentos, tendo os melhores ficado a cargo do intenso dramatismo de “Todo o Amor do Mundo Não Foi Suficiente”, da cativante energia rítmica de “Señoritas” ou da convidativa versão de “Alfama”, dos Mler Ife Dada.
Convincente a nível vocal e instrumental, A Naifa comprovou ao vivo o que o seu segundo disco já demonstrava, impondo-se como um projecto pleno de referências mas que tem vindo a encontrar um espaço seu.
Lamenta-se, por isso, que o concerto tenha durado pouco mais de uma hora, terminando precisamente no seu momento mais enérgico, onde a maior parte do público insistiu em aplaudir de pé. Mas se aí as canções acabaram mesmo, a julgar pelas reacções não terão sido poucos os que foram redescobri-las nos discos logo de seguida.
Convincente a nível vocal e instrumental, A Naifa comprovou ao vivo o que o seu segundo disco já demonstrava, impondo-se como um projecto pleno de referências mas que tem vindo a encontrar um espaço seu.
Lamenta-se, por isso, que o concerto tenha durado pouco mais de uma hora, terminando precisamente no seu momento mais enérgico, onde a maior parte do público insistiu em aplaudir de pé. Mas se aí as canções acabaram mesmo, a julgar pelas reacções não terão sido poucos os que foram redescobri-las nos discos logo de seguida.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
Videoclip: "Música"
16 comentários:
Wow!!!!
Very very nice....
Finalmente de acordo. Com altos e baixos mas positivo.
Sim, parece que neste concordámos, mas também não é assim tão incomum.
Não é muito o meu estilo de música , mas reconheço que tocam bem e ela tem uma bela voz!!Boa tentativa de foto!!Para ser sem flash, até está muito razoável!!!
beijocas
Nem o meu, das primeiras vezes que os ouvi estranhei, mas aos poucos fui gostando. Ao vivo também estiveram bem.
A foto foi o que se arranjou dadas as circunstâncias, obrigado :)
Infelizmente não fui ao concerto. Mas quanto ao projecto A Naifa, não me convenceram nada no primeiro disco e agora surpreenderam-me imenso com o novo disco. Têm lá belas canções, como a Señoritas (a minha preferida).
No primeiro surpreenderam-me, mas não convenceram muito, achei o resultado demasiado irregular. O segundo é mais consistente, e ainda bem que no concerto incluíram poucas canções do primeiro.
Vejo que tive muita sorte por ver o concerto na Horta! Por cá houve interacção com o público, houve músicas para além da "Tourada", aliás tantas que tiveram de tocar as senoritas outra vez!
E houve sobretudo um concerto sem pontos baixos, foi sempre a bombar! Concertos em Lisboa? Tss tss... se ao menos os Tool viessem cá...
LOL Pois, se calhar como era o final da digressão e tal já estavam cansados...
Quanto aos Tool, por mim podem ir aí à vontade, até emigrar, era da maneira que davam mais espaço aos Placebo no SBSR :P
Sim, com o segundo disco suscitaram-me mais interesse e ao vivo consolidaram a opinião, embora ache que sejam capazes de melhor
Apesar de ter gostado do concerto deste segundo disco, acho que o espectáculo não acrescentou muito ao que já tinha visto no ano passado. Também acho são capazes de mais.
E também não acrescenta muito ao disco, mas como ainda não os tinha visto ao vivo valeu a pena.
Estas fusões de dub e outras linguagens dançantes com outras sonoridades ditas clássicas raramente convencem. Este não é o caso, tal como o pseudo-tango dos Gotan Project.
Também nunca fui à bola com os Gotan, mas enquanto esses me parecem moda passageira acho que há n'A Naifa algo mais.
Apesar de achar o primeiro trabalho deles mais heterogéneo (e interessante) que o segundo, A Naifa é daqueles projectos que conseguem criar uma atmosfera especial ao vivo, a guitarra, as letras, a contaminação electrónica...Algo muito especial. E exportável. Digo eu. Pelo menos já enviei um CD d' A Naifa para amigos na Grécia...
E porque não? Pelo menos por cá têm funcionado bem, sobretudo ao vivo, parece é que o concerto que vi até nem foi dos melhores deles.
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