sábado, dezembro 29, 2007

OS MELHORES DE 2007: DISCOS

Entre a new rave, o techno minimal, o regresso do french touch, algum dubstep, novos nomes do shoegaze, rock q.b. e três ou quatro singers-songwriters, deixo 2007 com memórias de muitos bons discos mas poucos que de facto me arrebataram.
Como é habitual, houve várias boas surpresas (NYPC, Maps), algumas desilusões (NIN, Smashing Pumpkins), outras tantas confirmações (The Go! Team, Bloc Party) e uma série de canções de excepção, e mesmo que os álbuns tenham sido menos brilhantes acho que pelo menos os 30 que enumero abaixo valem a pena (e a maior parte dos que ouvi está aqui):


1 - "Les Chansons d'Amour", Alex Beaupain
Nem sempre um dos melhores filmes do ano tem banda-sonora à altura, mas em "Les Chansons d'Amour" isso acontece. Partindo de composições de Alex Beaupain, os actores do filme dão voz a relatos de melancolia em canções simples mas exemplares como "Les Yeux au Ciel", "Ma Mémorie Sale" ou "La Bastille". Louis Garrel sai-se particularmente bem, embora todos mereçam elogios por um belo disco que se destaca - e de que maneira - como objecto que vale por si.

2 - "Fantastic Playroom", New Young Pony Club
Quando a maioria das bandas que recolhe influências do pós-punk apenas insiste em fórmulas gastas, a estreia dos NYPC prova que ainda há quem consiga gerar um álbum refrescante e enérgico do princípio ao fim. Basta ouvir "The Bomb", "Hiding on the Staircase" ou "Ice Cream" para tirar as dúvidas.

3 - "We Are the Night", The Chemical Brothers
Com o seu álbum mais consistente desde "Surrender", Tom Rowlands e Ed Simons provam que ainda são os reis das pistas de dança. Novamente concentrando várias colaborações, dos Midlake a Willy Mason, passando pelos Klaxons (que em "All Rights Reserved" têm a sua melhor canção), "We Are the Night" é um belo espelho da electrónica - facção dançável - que se fez em 2007.

4 - "Fur and Gold", Bat For Lashes
Lembra Feist, Tori Amos, Björk ou Cat Power, mas consegue diferenciar-se destas. Num dos mais sedutores e intrigantes discos do ano, a britânica Natasha Khan inaugura uma carreira promissora que deixa já admiráveis provas de talento e sensibilidade em canções como "Bat's Mout", "Prescilla" ou "What's a Girl to Do?".

5 - "Chromophobia", Gui Boratto
Uma das revelações recentes da editora alemã Kompakt, o brasileiro Gui Boratto oferece no seu primeiro álbum novas cores e camadas ao techno minimal, conjugando apelo dançável e momentos contemplativos. Seja em episódios luminosos como "Scene 1", mais sombrios como "The Blessing" ou no hino "Beautiful Life", "Chromophobia" é quase sempre um disco viciante, para ir (re)descobrindo aos poucos.

6 - "We Can Create", Maps
Num ano em que vários projectos revisitaram o shoegaze - Asobi Seksu, Film School, Relay -, o de James Chapman foi talvez o mais convincente. Inspirado testemunho de pop atmosférica, "We Can Create" é sempre cativante e por vezes irresistível, e não foram muitos os discos com pérolas do calibre de "Elouise", "Back and Forth" ou "You Don't Know Her Name".

7 - "The Bird of Music", Au Revoir Simone
A banda preferida de David Lynch apresenta no seu segundo álbum um conjunto de canções que não destoaria num filme de Sofia Coppola: etéreas, serenas e de considerável carga onírica, as suas experiências pop são algumas das mais bonitas e reluzentes que se ouviram em 2007.

8 - "Saltbreakers", Laura Veirs
Baseando-se em reflexões em torno do sal e da água, Laura Veirs narra no seu sexto álbum uma série de histórias condimentadas por um equilibrado cruzamento de folk, alternative country e indie rock. Da trepidante "Phantom Mountain" à melancólica "Don't Lose Yourself", "Saltbreakers" é mais uma obra recomendável de uma singer-songwriter que merece mais atenção.

9 - "This Bliss", Pantha du Prince
No seu segundo álbum, o alemão Hendrik Weber desenha algumas das mais fascinantes paisagens alicerçadas no techno minimal, em composições milimetricamente trabalhadas que por vezes originam autênticos oásis sonoros como o belíssimo "Saturn Strobe" ou o hipnótico "Florac". Mais um caso que ajuda a explicar porque é que a electrónica viveu um bom ano.

10 - "Happy Birthday!", Modeselektor
Conjugação improvável de hip-hop, electro, techno, dub e grime, o mais recente registo da dupla alemã Gernot Bronsert e Sebastian Szary alia excentricidade, sentido de humor e experimentalismo numa das propostas mais inventivas do ano. Canções como "Let Your Love Grow", "The White Flash" (com Thom Yorke) ou "Godspeed" fazem deste um disco a ter por perto para várias audições.

11 - "The Magic Position", Patrick Wolf
12 - "White Chalk", PJ Harvey
13 - "The One", Shinichi Osawa
14 - "Citrus", Asobi Seksu
15 - "A Weekend in the City", Bloc Party
16 - "Proof of Youth", The Go! Team
17 - "23", Blonde Redhead
18 - "Lucky Boy", DJ Mehdi
19 - "No Shouts No Calls", Electrelane
20 - "Stateless", Stateless
21 - "Idealism", Digitalism
22 - "Hideout", Film School
23 - "The Con", Tegan and Sara
24 - "Our Love to Admire", Interpol
25 - "An End Has a Start", Editors
26 - "Untrue", Burial
27 - "Walls", Apparat
28 - "Learn to Sing Like a Star", Kristin Hersh
29 - "V Live", Vitalic
30 - "LP 1", Plasticines

5 Discos Portugueses:

1 - "0dd Size Baggage", Micro Audio Waves
2 - "Console Pupils", U-Clic
3 - "Cintura", Clã
4 - "Adriano Aqui e Agora - O Tributo", Vários
5 - "Dreams in Colour", David Fonseca


Outras distinções:

- Barrete do ano: Battles
- Tanto barulho por (quase) nada: Radiohead - grande campanha de marketing para um disco mediano
- Ainda estão aí para as curvas: Chemical Brothers
- Que venham para ficar: New Young Pony Club
- Mais do mesmo, mas desta passa: Interpol
- Mais do mesmo, e já chateia: Manic Street Preachers
- "Apedrejamento" mais injusto: Bloc Party
- Melhor compilação: "Kitsuné - Boombox"

14 comentários:

Strumer disse...

Boa selecção gonn;) dos eleitos tenho um odio de estimação ao album dos NYPC;), e faço parte dos que apedrejam (in)justamente os Bloc Party (acima de tudo pela expectativa que tinha para o novo album,e que pessoalmente não cumpriram!)
Fico contente de ver por aí shinichi osawa, modeselektor e apparat (que mereciam mas esqueci de os referenciar na minha lista..)e pantha du prince!;)

O primeiro classificado desconheço mas vou tratar disso;)

P.S.: posso estar enganado, mas penso que asobi seksu e dj medhi são de 2006..nao?!

abraço

gonn1000 disse...

Obrigado, mas fiquei chocado com esse ódio em relação aos NYPC :)
O primeiro classificado não tem muito a ver com os restantes, mas já agora aconselho-te também o filme que dá nome ao disco.
Sim, os de Asobi Seksu e DJ Mehdi são de 2006, mas acho que só foram editados em Portugal em 2007, por isso ainda os coloco nesta lista.
Abraço :)

Wellvis disse...

É Gonçalo, tbm faço parte dos que apedrejaram os Bloc party no 2º album..é incompreensível que depois da pedrada que foi o primeiro que eles pudessem fazer algo tão mau.

Qto aos NYPC conheci-os no verão em Londres onde em cada loja que eu entrava só dava o disco deles! Verão acabou e o disco tbm. Hoje acho-o chato, datado.. quase banal, se não fosse por «hiding on a staircase».

E já percebi que andaste a consumir muita música electrónica este ano, e se calhar por isso, eu tenha ficado meio que a comer moscas com tua lista :| (uma gde falha minha ignorar alguns géneros da música de dança)

Ah, e para acabar discordo do que disseste dos Radiohead. Muito hype sim, mas o disco, depois do hype, se torna maravilhoso, quase perfeito. Senti a mesma decepção qdo o ouvi pela 1ª vez (até escrevi sobre isso) mas acho o melhor trabalho desde «OK computer».

Gde Abraço.

gonn1000 disse...

Pois, eu sei que foram muitos os que não gostaram do segundo dos Bloc Party, também não gostei muito ao início mas melhorou com a insistência.
Não insisti tanto no dos Radiohead, mas das vezes em que o ouvi foram poucas as canções que me convenceram.

Não acho que o dos NYPC seja disco para uma estação, tanto que nunca deixei de o ouvir ao longo do ano.
E sim, talvez tenha dado mais atenção à electrónica do que ao rock, mas parece-me que já tinha acontecido isso em anos anteriores.
Mas arrisca em alguns destes nomes, se não gostares podes sempre vir aqui reclamar :)

Unknown disse...

Estava à espera desta lista, hehe. Vejo algumas coisas em comum no Top30, mas não muitas, LOL. De qualquer forma, tens aí sons muito bons! Bloc Party apedrejamento? Eu sou um deles, haha, embora 'A Weekend in the City' fique a milhas de distância de 'An End Has a Start' e 'Our Love to Admire' :P

Espero que tenhas tido um Óptimo Natal. Um SUPER 2008 é o que te desejo!

Hugzz!

gonn1000 disse...

Sim, ainda temos algumas escolhas em comum, mas em vez de atirar pedras aos Bloc Party preferi guardá-las para os Battles ou Animal Collective :P

O Natal passou-se bem, sim, espero que por aí também.
Bom ano e bons sons :)

Anónimo disse...

Feliz 2008! Um grande ano para ti! Um abraço!

gonn1000 disse...

Obrigado Ricardo, para ti também :)

Joana Amoêdo disse...

Tenho sempre em conta as tuas escolhas:-). Obrigada e feliz...vida.

gonn1000 disse...

Obrigado. Bom ano e boa... vida :)

Planeta Pop disse...

olá Gonn1000,
boas escolhas. Embora muitos dos discos que escolheste não tenham feito parte da minha selecção final (Maps, Chemical Brothers, Pantha Du Prince e outros...), reconheço que são óptimos discos.
Não poderia estar mais de acordo com a escolha NYPC. Não concordo nada que seja "música de estação", até porque não sei o que isso é. Ainda hoje o ouço o disco com regularidade e não me soa
nada datado. Até porque, apesar dos 37 anos, ainda não descobri o que o que é isso de "música datada". Isso existe? Quanto mais envelheço e quanto mais música ouço - muita dela editada nos anos 60 e 70 - mais me convenço que não existe música datada. Fórmulas datadas, talvez. Agora, música...
Quanto aos Bloc Party, nunca achei que fosse um mau disco, apenas inferior ao "Silent Alarm".

Abraços
Tem um bom 2008.

gonn1000 disse...

Opiniões, opiniões... mas já na altura em que o disco dos NYPC saiu houve quem dissesse que só ia durar um Verão. Não se confirmou comigo, mas parece ser o caso para alguns. Pior para eles, melhor para nós, não?
Também aho que "A Weekend in the City" é inferior a "Silent Alarm", embora não tanto como se deu a entender quando o disco saiu. Talvez o tempo lhe faça alguma justiça...

Obrigado, bom ano para ti também :)

Spaceboy disse...

gostei de ver o gui boratto, pantha du prince, modeselektor, electrelane, apparat e o burial, mas falta sempre lcd soundsystem. e por mim vou continua a apedrejar justamente o novo álbum dos bloc party. não percebo como battles pode ser um barrete, gostos. abraço e bom 2008.

gonn1000 disse...

Pelo menos na electrónica ainda vamos concordando - tirando os LCD, pronto.
E sim, Battles é um barrete com muito mais lã do que os Bloc Party :P
Bom 2008 :)