Gus Vant Sant é uma das vozes mais respeitadas e singulares do cinema independente norte-americano, com uma filmografia que ultrapassou já as duas décadas e que inclui títulos tão aclamados como "O Cowboy da Droga" ou "My Own Private Idaho", da fase incial do seu percurso, "Descobrir Forrester" ou "O Bom Rebelde", onde se aproximou do mainstream, ou "Elephant", que após estes voltou a colocá-lo na lista dos cineastas mais inovadores do momento.
Esta originalidade e idiossincrasia nem sempre gerou, contudo, resultados interessantes, como os áridos e pretensiosos "Gerry" ou "Last Days - Últimos Dias" infelizmente confirmaram, e o mais recente "Paranoid Park", embora seja mais estimulante do que esses dois exemplos, aproxima-se mais da mediania do que de um memorável rasgo de génio.
Esta originalidade e idiossincrasia nem sempre gerou, contudo, resultados interessantes, como os áridos e pretensiosos "Gerry" ou "Last Days - Últimos Dias" infelizmente confirmaram, e o mais recente "Paranoid Park", embora seja mais estimulante do que esses dois exemplos, aproxima-se mais da mediania do que de um memorável rasgo de génio.
O facto do filme ter sido nomeado para a Palma de Ouro na última edição de Cannes e de ter ganho o prémio do 60º Aniversário do mesmo festival confirma que o realizador continua com boa reputação junto de grande parte da crítica, e se é injusto não reconhecer alguns méritos nesta nova proposta também é verdade que esta pouco acrescenta ao universo temático de Van Sant.
Mais uma vez, há aqui uma abordagem à adolescência, à solidão e ao crescimento, neste caso através do retrato do quotidiano de um skater de 16 anos de Portland, à superfície um jovem igual a tantos outros mas que no seu íntimo se debate com as consequências de um inquietante segredo.
Quando a polícia vai à sua escola para o interrogar acerca de uma morte, o protagonista volta a confrontar-se com as memórias de uma noite em que se encontrou com outros adolescentes no Paranoid Park, local de culto para skaters, e de onde saiu para se envolver numa série de episódios que o filme vai revelando aos poucos.
Mais uma vez, há aqui uma abordagem à adolescência, à solidão e ao crescimento, neste caso através do retrato do quotidiano de um skater de 16 anos de Portland, à superfície um jovem igual a tantos outros mas que no seu íntimo se debate com as consequências de um inquietante segredo.
Quando a polícia vai à sua escola para o interrogar acerca de uma morte, o protagonista volta a confrontar-se com as memórias de uma noite em que se encontrou com outros adolescentes no Paranoid Park, local de culto para skaters, e de onde saiu para se envolver numa série de episódios que o filme vai revelando aos poucos.
Com uma narrativa não linear, que se desdobra pelas recordações da personagem principal e recusa a sucessão cronológica dos acontecimentos, "Paranoid Park" mergulha nas ansiedades e descobertas da adolescência, assim como na forma como um jovem lida com sentimentos de culpa e se debate com indecisões morais.
Van Sant investe aqui num realismo poético próximo do que dominou os seus três trabalhos anteriores - "Gerry", "Elephant" e "Last Days - Os Últimos Dias", a trilogia da morte -, tornando o filme numa experiência sensorial para a qual contribui a realização que entrecruzada cenas de skaters filmadas em 8MM com as restantes, em 35, quase a fazer a ponte com o docudrama.
Não menos determinante é a fotografia de Christopher Doyle, colaborador habitual de Wong Kar Wai - que aqui adapta a sua estética à de Van Sant, prescindindo da energia cinética a favor da sobriedade cenográfica -, ou a presença da diversificada banda-sonora - Elliott Smith, em particular, volta a resultar muito bem num filme do realizador, reforçando o tom melancólico tal como em "O Bom Rebelde".
Van Sant investe aqui num realismo poético próximo do que dominou os seus três trabalhos anteriores - "Gerry", "Elephant" e "Last Days - Os Últimos Dias", a trilogia da morte -, tornando o filme numa experiência sensorial para a qual contribui a realização que entrecruzada cenas de skaters filmadas em 8MM com as restantes, em 35, quase a fazer a ponte com o docudrama.
Não menos determinante é a fotografia de Christopher Doyle, colaborador habitual de Wong Kar Wai - que aqui adapta a sua estética à de Van Sant, prescindindo da energia cinética a favor da sobriedade cenográfica -, ou a presença da diversificada banda-sonora - Elliott Smith, em particular, volta a resultar muito bem num filme do realizador, reforçando o tom melancólico tal como em "O Bom Rebelde".
O elenco, maioritariamente constituído por actores amadores seleccionados a partir do MySpace, exibe a espontaneidade necessária para que as situações sejam credíveis, e o protagonista, Gabe Nevins, tem precisamente o olhar entre o lacónico e o alienado que o papel requer.
E no entanto, apesar destes elementos meritórios, "Paranoid Park" não chega a ser uma obra que conquiste por completo, já que a narrativa não consegue afastar a monotonia que se instala ao fim de poucos minutos, sobretudo porque Van Sant volta a cair num excesso de cenas contemplativas que tentam compensar a intensidade que as personagens não têm.
É certo que se recusam estereótipos adolescentes veiculados por muitos filmes americanos, mas quem já viu títulos anteriores do realizador tem pouco a descobrir aqui. Os corredores de um liceu já foram percorridos e filmados desta forma, assim como a falta de comunicação e o desconforto urbano já foram abordados com este minimalismo estético e narrativo.
E no entanto, apesar destes elementos meritórios, "Paranoid Park" não chega a ser uma obra que conquiste por completo, já que a narrativa não consegue afastar a monotonia que se instala ao fim de poucos minutos, sobretudo porque Van Sant volta a cair num excesso de cenas contemplativas que tentam compensar a intensidade que as personagens não têm.
É certo que se recusam estereótipos adolescentes veiculados por muitos filmes americanos, mas quem já viu títulos anteriores do realizador tem pouco a descobrir aqui. Os corredores de um liceu já foram percorridos e filmados desta forma, assim como a falta de comunicação e o desconforto urbano já foram abordados com este minimalismo estético e narrativo.
Esta história talvez resultasse melhor numa média metragem, que não precisaria tanto de insuflar a acção com sequências inconsequentes e circulares, uma vez que hora e meia é muito para o pouco que há para contar.
Sem grande pulsão dramática, acaba por resultar num filme demasiado clínico e distante, de duvidoso impacto emocional, onde alguns bons condimentos não são estruturados de forma a que o todo funcione.
Não chegando a ser constrangedor como o seu antecessor, "Last Days - Os Últimos Dias", "Paranoid Park" também não deixa de ser uma semi-desilusão, raramente saindo da competência que poderia ter sido atingida por um esforçado imitador ou colega de Van Sant. Uma proposta a considerar, ainda assim, mas quem quiser encontrar o realizador num trabalho à altura do seu estatuto fará melhor em (re)ver "Elephant".
Sem grande pulsão dramática, acaba por resultar num filme demasiado clínico e distante, de duvidoso impacto emocional, onde alguns bons condimentos não são estruturados de forma a que o todo funcione.
Não chegando a ser constrangedor como o seu antecessor, "Last Days - Os Últimos Dias", "Paranoid Park" também não deixa de ser uma semi-desilusão, raramente saindo da competência que poderia ter sido atingida por um esforçado imitador ou colega de Van Sant. Uma proposta a considerar, ainda assim, mas quem quiser encontrar o realizador num trabalho à altura do seu estatuto fará melhor em (re)ver "Elephant".
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
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