Uma das boas revelações do cinema britânico dos anos 90, Danny Boyle começou por surpreender com "Pequenos Crimes Entre Amigos" (1994), inspirada obra de suspense e humor negro protagonizada por um então desconhecido Ewan McGregor. No projecto seguinte, o realizador e o actor voltaram a colaborar e o resultado foi um dos mais icónicos e memoráveis filmes da década, "Trainspotting" (1996), pungente retrato de uma juventude perdida com uma abordagem original da toxicodependência, título que levou a que muitos vissem em Boyle um cineasta a caminho da genialidade.
Essa expectativa não se confirmou, contudo, nos filmes seguintes, já que tanto o esgrouviado road movie "Vidas Diferentes" (1997), apenas curioso, como o controverso "A Praia" (2000), ambicioso mas parcialmente falhado, desequilibraram uma filmografia até então sólida e promissora. "28 Dias Depois" (2002), mais conseguido, mantém-se ainda como um dos melhores filmes de terror dos últimos anos, e "Milhões" (2004) regressou às realidades suburbanas dos primeiros trabalhos do realizador, ainda que com uma perspectiva diferente e sem a mesma aura de culto.
Essa expectativa não se confirmou, contudo, nos filmes seguintes, já que tanto o esgrouviado road movie "Vidas Diferentes" (1997), apenas curioso, como o controverso "A Praia" (2000), ambicioso mas parcialmente falhado, desequilibraram uma filmografia até então sólida e promissora. "28 Dias Depois" (2002), mais conseguido, mantém-se ainda como um dos melhores filmes de terror dos últimos anos, e "Milhões" (2004) regressou às realidades suburbanas dos primeiros trabalhos do realizador, ainda que com uma perspectiva diferente e sem a mesma aura de culto.
"Missão Solar" (Sunshine), o seu sétimo filme, volta a evidenciar a sua versatilidade, investindo em mais um género que Boyle ainda não tinha explorado. Desta vez, a opção foi pela ficção científica, facção viagem espacial futurista, e o filme segue a jornada de uma equipa de oito astronautas que tentam reactivar o Sol, que se encontra em fase de arrefecimento contínuo há anos.
Em causa está não só a sobrevivência da estrela mas, consequentemente, a da Terra, que enfrenta um Inverno rigoroso e vê nesta missão a derradeira hipótese de inversão do contexto, uma vez que outra equipa tinha partido há sete anos com o mesmo objectivo e fracassou.
Os problemas aumentam quando se descobre o paradeiro da nave da primeira missão e há que decidir se vale a pena alterar o percurso estipulado para ir até lá, e assim duplicar as fontes de energia dos explosivos a depositar no Sol - escolha que não gera consenso entre a tripulação.
Em causa está não só a sobrevivência da estrela mas, consequentemente, a da Terra, que enfrenta um Inverno rigoroso e vê nesta missão a derradeira hipótese de inversão do contexto, uma vez que outra equipa tinha partido há sete anos com o mesmo objectivo e fracassou.
Os problemas aumentam quando se descobre o paradeiro da nave da primeira missão e há que decidir se vale a pena alterar o percurso estipulado para ir até lá, e assim duplicar as fontes de energia dos explosivos a depositar no Sol - escolha que não gera consenso entre a tripulação.
Apostando numa narrativa com um ritmo inicialmente lento e de considerável carga contemplativa, onde se expõem problemáticas e se desenham personagens, "Missão Solar" adquire, já mais perto do desenlace, uma interessante alteração de coordenadas, onde Boyle não hesita em carregar no acelerador com sucessões de planos curtos e um acréscimo de adrenalina.
O filme alia eficazmente entretenimento a uma reflexão sobre a condição - e vulnerabilidade - humana, contando com personagens minimamente trabalhadas e um rigor narrativo e formal que o colocam acima de um mero blockbuster serviçal.
Do competente elenco destacam-se os desempenhos de Cillian Murphy e Chris Evans, o primeiro revelado em "28 Dias Depois" e que aqui atesta, mais uma vez, o seu talento interpretativo, e o segundo distante da carga espirituosa que o caracterizava em "Quarteto Fantástico", mantendo no entanto o carisma.
"Missão Solar", não sendo uma obra especialmente inovadora ou de méritos superlativos, é ainda assim uma consistente investida de Boyle pela ficção científica, deixando como marca algumas imagens de rara beleza e de uma espectacularidade pouco intrusiva. Não é o seu melhor filme nem manifesta a ousadia dos seus primeiros títulos, mas comprova que o camaleónico realizador continua recomendável.
O filme alia eficazmente entretenimento a uma reflexão sobre a condição - e vulnerabilidade - humana, contando com personagens minimamente trabalhadas e um rigor narrativo e formal que o colocam acima de um mero blockbuster serviçal.
Do competente elenco destacam-se os desempenhos de Cillian Murphy e Chris Evans, o primeiro revelado em "28 Dias Depois" e que aqui atesta, mais uma vez, o seu talento interpretativo, e o segundo distante da carga espirituosa que o caracterizava em "Quarteto Fantástico", mantendo no entanto o carisma.
"Missão Solar", não sendo uma obra especialmente inovadora ou de méritos superlativos, é ainda assim uma consistente investida de Boyle pela ficção científica, deixando como marca algumas imagens de rara beleza e de uma espectacularidade pouco intrusiva. Não é o seu melhor filme nem manifesta a ousadia dos seus primeiros títulos, mas comprova que o camaleónico realizador continua recomendável.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
10 comentários:
Não fosse o vilão patético, quando não havia necessidade sequer de um, e Sunshine teria sido memorável. Assim, não passa do banal mediano do costume. Fica uma primeira metade de excelente categoria.
Um abraço Gonçalo!
Sim, o vilão não era indispensável, mas não creio que estrague assim tanto o filme. No geral gostei, só não me marcou como outros filmes do Boyle.
Fica bem, Miguel.
o vilão até poderia ficar por ali na história, mas não daquela forma, parecia um Jason Voorhees invencível... enfim, à parte disso gostei bastante do filme, grandes planos, optimos conflitos entre as personagens e uma estrutura e encaminhamento de notar...
Sim, dentro do género é dos melhores que tem surgido ultimamente, mesmo não sendo genial.
quero ver.
Não daria o preço do bilhete por perdido.
estava com enorme curiosidade sobre este filme.
primeiro o genero. ficção cientifica com um enredo que ja n se havia ha mto.
depois o realizador danny boyle.
Pensei sim sr. vamos lá.
So falhou o final, o "vilão" n foi convincente, o espectador n foi suficientemente bem trabalhado para crer naquela situação, apesar do momento qdo se descobre que ha mais um passageiro fazer recordar o alien, e os efeitos visuais ao seu redor n ajudaram.
Mas sem duvida que é mto positivo, mas fica aquela sensação que poderia ser um bocadinho melhor.
Concordo que poderia ter saído daqui um filme mais impressionante e memorável, mas tendo em conta os exemplos do género que têm surgido ultimamente, este convence mais do que a maioria. Boyle já fez melhor, e talvez volte a fazer.
Um filme no espaço do Danny Boyle com um vilão altamente rico em simbolismo religioso?
Tenho de ver isto.
Não é bem bem isso, ou pelo menos não só isso, mas vale a pena arriscares.
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