Há três anos, o actor Guillaume Canet estreou-se na realização com "O Meu Ídolo", curiosa primeira obra que, em tons de comédia negra, oferecia uma sátira às perversões da fama e aos formatos do entretenimento televisivo actual. Não sendo um filme plenamente conseguido, tinha qualidades suficientes para deixar alguma expectativa quanto a futuros trabalhos do jovem realizador.
"Não Digas a Ninguém" (Ne Le Dis à Personne), o seu segundo filme, tem-lhe concedido maior reconhecimento, salientando-se como um dos grandes vencedores da última edição dos Césares onde foi premiado em quatro categorias (Melhor Actor, Melhor Realizador, Melhor Música e Melhor Montagem). A película, longe de ser uma obra-prima, não desmerece contudo essas distinções, enveredando por um género diferente do da antecessora - desta vez percorrem-se territórios do thriller - mas expondo maior desenvoltura e segurança.
"Não Digas a Ninguém" (Ne Le Dis à Personne), o seu segundo filme, tem-lhe concedido maior reconhecimento, salientando-se como um dos grandes vencedores da última edição dos Césares onde foi premiado em quatro categorias (Melhor Actor, Melhor Realizador, Melhor Música e Melhor Montagem). A película, longe de ser uma obra-prima, não desmerece contudo essas distinções, enveredando por um género diferente do da antecessora - desta vez percorrem-se territórios do thriller - mas expondo maior desenvoltura e segurança.
"Não Digas a Ninguém" centra-se em Alex, um pediatra bem-sucedido mas amargurado pelo súbito assassinato da mulher, Margot, há oito anos, tragédia que lhe deixou feridas emocionais ainda por cicatrizar. A memória da esposa torna-se mais presente quando recebe um e-mail onde uma mulher encara uma câmara de rua, facto que nem seria muito desconcertante caso esta não tivesse feições muito semelhantes às de Margot.
Após esta revelação, Alex entra numa obsessiva viagem em busca de mais pistas que lhe permitam esclarecer as crescentes suspeitas de que a sua esposa poderá, de facto, estar viva, o que o leva a manter contactos com o emissor da inesperada mensagem electrónica e a envolver-se numa série de situações tensas que incluem fugas da polícia ou confrontos com assassinos profissionais.
Após esta revelação, Alex entra numa obsessiva viagem em busca de mais pistas que lhe permitam esclarecer as crescentes suspeitas de que a sua esposa poderá, de facto, estar viva, o que o leva a manter contactos com o emissor da inesperada mensagem electrónica e a envolver-se numa série de situações tensas que incluem fugas da polícia ou confrontos com assassinos profissionais.
Guillaume Canet oferece aqui um policial que, sem ser muito inventivo, é capaz de manter acesa a curiosidade durante a maior parte da sua duração, o que comparando com tantos exemplos anódinos do género já não é pouco. Parte do mérito deve-se ao argumento, um novelo intrincado capaz de descoordenar mas cujo desenlace revela ser coerente, pensado até ao pormenor e que se arrisca a deixar o espectador quase tão expectante como o protagonista. O ritmo é tenso mas raramente carrega no acelerador, exceptuando uma frenética sequência de perseguição que fica como um dos picos de adrenalina do filme e demonstra a eficácia de Canet atrás das câmaras.
François Cluzet, o actor principal, é inatacável na interpretação de uma personagem em crise e à beira do desespero, mas que recusa ceder devido à obstinação com que persegue a suspeita de que poderá reencontrar a sua esposa. Os restantes nomes do elenco, entre os quais a sempre confiável Kristin Scott Thomas, respondem também com uma entrega assinalável e ajudam a fazer de "Não Digas a Ninguém" uma obra escorreita.
Optando pela inteligência e sobriedade em vez de sucessivas descargas de energia cinética que se esgotam na sua própria espectacularidade, Canet alia um ambiente de paranóia e pânico a um intenso romantismo e gera um filme que, se não é arrebatador, destaca-se como um passo na direcção certa e volta a suscitar interesse quanto ao seu próximo projecto como realizador.
François Cluzet, o actor principal, é inatacável na interpretação de uma personagem em crise e à beira do desespero, mas que recusa ceder devido à obstinação com que persegue a suspeita de que poderá reencontrar a sua esposa. Os restantes nomes do elenco, entre os quais a sempre confiável Kristin Scott Thomas, respondem também com uma entrega assinalável e ajudam a fazer de "Não Digas a Ninguém" uma obra escorreita.
Optando pela inteligência e sobriedade em vez de sucessivas descargas de energia cinética que se esgotam na sua própria espectacularidade, Canet alia um ambiente de paranóia e pânico a um intenso romantismo e gera um filme que, se não é arrebatador, destaca-se como um passo na direcção certa e volta a suscitar interesse quanto ao seu próximo projecto como realizador.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
4 comentários:
O Melhor Thriller que estreou este ano nas nossas salas... até agora.
Assim de repente não estou a ver muitos concorrentes, sou capaz de concordar.
Permite que faça um comentário um bocadinho despropositado, fruto da hora esta em que ando a espreitar blogs, mas que também faz sentido - "Corre Alex Corre" trouxe-me à memória outro filme, um que já tem uns anos: "Run Lola Run", que não é (propriamente) um thriller.
Sim, foi devido ao título desse filme que escolhi o deste artigo, já que tem a ver com o que decorre na acção de "Não Digas a Ninguém".
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