A comédia romântica tem sido um género que, desde há anos, raramente conseguiu reinventar-se de modo a escapar a uma fórmula já esgotada e cansativa, repetindo personagens e situações-tipo.
Têm havido, mesmo assim, tentativas de fugir a modelos mais óbvios e previsíveis, casos de "Crueldade Intolerável", dos irmãos Coen, revisitação das screwball comedies; "Embriagado de Amor", de Paul Thomas Anderson, que envolveu o género numa secura atípica; ou "A Secretária", de Steven Shainberg, onde o romance deu lugar à obsessão. Exemplos como estes são, no entanto, cada vez mais raros, e geralmente ficam à sombra de objectos mais convencionais e desinspirados.
"Música & Letra" (Music and Lyrics), de Marc Lawrence, pouco tem em comum com os títulos acima referidos, não escondendo tratar-se de um produto mainstream e menos arriscado, mas ainda que não seja um filme especialmente inventivo contém atractivos que o colocam acima da maioria das propostas do género.
Têm havido, mesmo assim, tentativas de fugir a modelos mais óbvios e previsíveis, casos de "Crueldade Intolerável", dos irmãos Coen, revisitação das screwball comedies; "Embriagado de Amor", de Paul Thomas Anderson, que envolveu o género numa secura atípica; ou "A Secretária", de Steven Shainberg, onde o romance deu lugar à obsessão. Exemplos como estes são, no entanto, cada vez mais raros, e geralmente ficam à sombra de objectos mais convencionais e desinspirados.
"Música & Letra" (Music and Lyrics), de Marc Lawrence, pouco tem em comum com os títulos acima referidos, não escondendo tratar-se de um produto mainstream e menos arriscado, mas ainda que não seja um filme especialmente inventivo contém atractivos que o colocam acima da maioria das propostas do género.
O filme começa com o videoclip de um hit de uma banda (fictícia) da década de 80, os POP!, cuja melodia orelhuda e look dos elementos obriga a comparações com uns Wham! ou outros fugazes ídolos teen do mesmo período.
A acção decorre, contudo, no presente, quando um dos membros do grupo, agora extinto, é convidado por uma jovem e popular cantora a escrever a letra de um single. Alex, longe dos momentos de glória de outros tempos, aceita o desafio, embora não revele que nunca escreveu uma canção. O músico quase esquecido acaba por encontrar um inesperado auxílio em Sophie, que substitui durante uns dias a amiga que ia a casa do cantor regar as plantas e cujo inexplorado talento para a criação de letras não passa despercebido a este.
A partir daqui, estão lançadas as bases para que "Música & Letra" cumpra a obrigatória rotina das comédias românticas, o que no caso implica que a parceria profissional do duo se alargue para o campo pessoal se entretanto conseguir superar alguns entraves. O desenlace não vai decerto surpreender ninguém, mas até aí o filme consegue ser minimamente refrescante, mesmo que não invente nada.
O par romântico, constituído por Hugh Grant (que já tinha participado na película anterior do realizador, "Amor sem Aviso") e Drew Barrymore, é uma valiosa opção de casting, pois gera uma assinalável química que ajuda a que alguns lugares-comuns do argumento se tornem desculpáveis.
A acção decorre, contudo, no presente, quando um dos membros do grupo, agora extinto, é convidado por uma jovem e popular cantora a escrever a letra de um single. Alex, longe dos momentos de glória de outros tempos, aceita o desafio, embora não revele que nunca escreveu uma canção. O músico quase esquecido acaba por encontrar um inesperado auxílio em Sophie, que substitui durante uns dias a amiga que ia a casa do cantor regar as plantas e cujo inexplorado talento para a criação de letras não passa despercebido a este.
A partir daqui, estão lançadas as bases para que "Música & Letra" cumpra a obrigatória rotina das comédias românticas, o que no caso implica que a parceria profissional do duo se alargue para o campo pessoal se entretanto conseguir superar alguns entraves. O desenlace não vai decerto surpreender ninguém, mas até aí o filme consegue ser minimamente refrescante, mesmo que não invente nada.
O par romântico, constituído por Hugh Grant (que já tinha participado na película anterior do realizador, "Amor sem Aviso") e Drew Barrymore, é uma valiosa opção de casting, pois gera uma assinalável química que ajuda a que alguns lugares-comuns do argumento se tornem desculpáveis.
Grant, na pele de um ídolo dos anos 80 com carreira em fase descendente, não apresenta nada muito distante do seu registo habitual, o que não é necessariamente mau já que o actor é eficaz e tem uma boa noção de timing cómico. Já Barrymore é reluzente na pele de uma idealista e insegura aspirante a escritora, oferecendo um desempenho vincado pela sua habitual espontaneidade e encanto.
Campbell Scott e Kristen Johnston são também sólidas presenças como secundários, e a actriz que se notabilizou pela série televisiva "3º Calhau a Contar do Sol" é mesmo responsável por algumas das cenas mais hilariantes do filme.
Felizmente, os actores são quase sempre servidos por diálogos razoavelmente trabalhados, e mesmo que o trajecto da narrativa se adivinhe o filme não se limita a seguir as peripécias do casal mas aproveita para lançar um curioso olhar à indústria musical, desde o precário reinado dos one-hit wonders às filosofias de algumas divas pop, aqui personificadas na cantora Cora Corman (com óbvias alusões a Jewel, Shakira ou Madonna).
Marc Lawrence não é um realizador particularmente criativo e por isso "Música & Letra" aproxima-se mais da televisão do que do cinema, mas mesmo nunca sendo brilhante o filme é um entretenimento bastante aceitável, onde a despretensão não é sinónimo de ofensa à inteligência do espectador. Longe de obrigatória, é uma proposta simpática, e quem não lhe pedir mais do que isso não dará por perdida a sua hora e meia de duração.
Campbell Scott e Kristen Johnston são também sólidas presenças como secundários, e a actriz que se notabilizou pela série televisiva "3º Calhau a Contar do Sol" é mesmo responsável por algumas das cenas mais hilariantes do filme.
Felizmente, os actores são quase sempre servidos por diálogos razoavelmente trabalhados, e mesmo que o trajecto da narrativa se adivinhe o filme não se limita a seguir as peripécias do casal mas aproveita para lançar um curioso olhar à indústria musical, desde o precário reinado dos one-hit wonders às filosofias de algumas divas pop, aqui personificadas na cantora Cora Corman (com óbvias alusões a Jewel, Shakira ou Madonna).
Marc Lawrence não é um realizador particularmente criativo e por isso "Música & Letra" aproxima-se mais da televisão do que do cinema, mas mesmo nunca sendo brilhante o filme é um entretenimento bastante aceitável, onde a despretensão não é sinónimo de ofensa à inteligência do espectador. Longe de obrigatória, é uma proposta simpática, e quem não lhe pedir mais do que isso não dará por perdida a sua hora e meia de duração.
E O VEREDICTO É:
Entrevista a Hugh Grant
12 comentários:
Uma comédia romântica normal, formulaica e inofensiva. Salva-se o genial videoclip dos Pop! :)
Abraço.
Sim, não acrescenta muito, mas tem os seus momentos. Fica bem.
Com essa crítica, o Hugh Grant nunca mais vai ser simpático contigo numa próxima entrevista! lololol
Bjinhos
LOL Bem, nem foi assim tão má, acho que fui justo :P
Não fica no top das melhores comédias românticas, mas diverte, oferece bons momentos.
Ainda não vi o filme mas espreitei a tua entrevista. Vai pondo aqui se fizeres mais ;)
Wasted Blues: Sim, também foi isso que achei, e já não é mau.
H.: Eheh, não me importava de fazer mais, não, até para melhorar em alguns aspectos :)
2,5? Naum admira... vi a apresentação do filme e ficou um cheiro a treta no ar...
Ideal para o verão, naum?
Hugzz
Ou para a Primavera... Enfim, não é um filme particularmente surpreendente, mas é simpático :)
Nem reparei que havia uma entrevista assumi que era o trailer.
Aposto que preferias ter entrevistado a Drew Barrimore, mas não se pode ter tudo :P
Enfim, pode ser que um dia destes... :)
O fule é otimo, romantico e com musica dos anos 80 que até hoje toma conta
Marcelo Barsante
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