A proposta é interessante: reunir sete realizadores e artistas plásticos para uma abordagem ao sexo e à pornografia desenvolvida num conjunto de curtas-metragens. O resultado deste "Destricted", no entanto, é pouco convincente, pois para além de desequilibrado nunca chega a ser desafiante e na maior parte dos casos denuncia apenas pretensão em demasia e/ou mera preguiça mental.
Alguns trabalhos conseguem, mesmo assim, despertar alguma curiosidade ao irem além do óbvio É o caso de "Hoist", de Matthew Barney, a mais bizarra e desconcertante, uma autêntica fusão homem-máquina, que inquieta pela lubrificação simultânea do pénis do actor e da turbina de um tractor içado onde este se encontra. O ritmo pausado que Barney imprime ao filme, juntamente com os estranhos ruídos de fundo, tornam esta curta num objecto original que cumpre os pressupostos de "Destricted".
Alguns trabalhos conseguem, mesmo assim, despertar alguma curiosidade ao irem além do óbvio É o caso de "Hoist", de Matthew Barney, a mais bizarra e desconcertante, uma autêntica fusão homem-máquina, que inquieta pela lubrificação simultânea do pénis do actor e da turbina de um tractor içado onde este se encontra. O ritmo pausado que Barney imprime ao filme, juntamente com os estranhos ruídos de fundo, tornam esta curta num objecto original que cumpre os pressupostos de "Destricted".
Outro exemplo relativamente convincente é o de Larry Clark, que em "Impaled" faz um incomum casting onde um grupo de rapazes concorre a fim de ter sexo com actrizes de filmes pornográficos. Convidando os intervenientes a falarem das suas experiências e do impacto da indústria porno no seu crescimento, o realizador de "Ken Park" ou "Bully - Estranhas Amizades" não evita a sua habitual tendência voyeur e deixa os concorrentes literalmente despidos de preconceitos em frente à câmara. O balanço gera um filme oportunista, mas também pertinente.
"Balkan Erotic Epic", de Marina Abramovic, tem alguma relevância enquanto documento sobre o papel que o sexo assume nos mitos e superstições das culturas dos balcãs, embora se candidate mais a ser motivo de humor involuntário do que propriamente fonte de uma reflexão séria.
"Balkan Erotic Epic", de Marina Abramovic, tem alguma relevância enquanto documento sobre o papel que o sexo assume nos mitos e superstições das culturas dos balcãs, embora se candidate mais a ser motivo de humor involuntário do que propriamente fonte de uma reflexão séria.
"Sync", de Marco Brambilla, aposta numa montagem de inúmeras cenas de sexo que se sucedem de segundo a segundo ao som de um solo de bateria, mas a sua escassa duração faz com que passe quase despercebida. O mesmo não pode dizer-se dos intermináveis quinze minutos de "We Fuck Alone", exercício esgotante onde Gaspar Noé foca, alternadamente, uma rapariga e um rapaz que se masturbam ao assistirem ao mesmo filme em espaços diferentes. A imagem sempre intermitente e a música sinistra, aliadas à redundância das cenas, tornam esta proposta numa das mais cansativas, ficando aquém do que o realizador demonstrou em "Irreversível".
Quase tão entediantes são "Death Valley", de Sam Taylor-Wood, a mais desinspirada das curtas, que se limita a focar um rapaz a masturbar-se no vale que lhe dá título, e "House Call", de Richard Prince, que vale apenas para quem queira recordar sequências de filmes pornográficos old-school.
Com aspirações de funcionar enquanto compilação arrojada, experimental e complexa, "Destricted" só a espaços cumpre esse programa, já que a maioria das suas curtas parece pressupor que ousadia e criatividade se resumem a um recurso ao sexo explícito. De entre as propostas que testam as fronteiras entre a pornografia e a arte, o também recente "Shortbus", de John Cameron Mitchell, insinua-se como um título bem mais consistente e prova que uma pode ser mais satisfatória do que sete.
Quase tão entediantes são "Death Valley", de Sam Taylor-Wood, a mais desinspirada das curtas, que se limita a focar um rapaz a masturbar-se no vale que lhe dá título, e "House Call", de Richard Prince, que vale apenas para quem queira recordar sequências de filmes pornográficos old-school.
Com aspirações de funcionar enquanto compilação arrojada, experimental e complexa, "Destricted" só a espaços cumpre esse programa, já que a maioria das suas curtas parece pressupor que ousadia e criatividade se resumem a um recurso ao sexo explícito. De entre as propostas que testam as fronteiras entre a pornografia e a arte, o também recente "Shortbus", de John Cameron Mitchell, insinua-se como um título bem mais consistente e prova que uma pode ser mais satisfatória do que sete.
E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL
"Destricted" é uma das obras da secção Laboratório da quarta edição do IndieLisboa exibida hoje às 22h15 no Fórum Lisboa
3 comentários:
:S Diferente... Lol
Mas realmente essa ideia podia ter dado pano para mangas..
:)Cumprimentos!
Larry Clark neste projecto? Que estranho lol :P
Abraço
Bárbara Novo: Neste caso, só para mangas curtas :)
_Loot_: Pois é, quem diria, não? Cumps :)
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