Talvez o projecto mais emblemático da revolução (musical) francesa de meados de 90 - só equiparado em mediatismo e influência pelos Daft Punk -, a dupla Air estreou-se com um dos discos mais aclamados da década, "Moon Safari" (1998), inspirada amálgama electrónica de lounge, easy listening e dream pop que originou singles cristalinos como "Kelly Watch the Stars" ou "All I Need".
Dez anos depois, Jean-Benoit Dunckel e Nicolas Godin assinam o seu quarto registo de originais, "Pocket Symphony", mas se no início as aventuras sonoras que a dupla propunha conquistavam por uma contagiante carga de frescura e espontaneidade, nos últimos anos as suas canções nem sempre têm conseguido manter essa aura.
Dez anos depois, Jean-Benoit Dunckel e Nicolas Godin assinam o seu quarto registo de originais, "Pocket Symphony", mas se no início as aventuras sonoras que a dupla propunha conquistavam por uma contagiante carga de frescura e espontaneidade, nos últimos anos as suas canções nem sempre têm conseguido manter essa aura.
O novo disco é o testemunho mais paradigmático de uma certa acomodação que tem invadido a música dos Air, dado que muitas das suas composições até poderiam ter surgido na década passada, uma vez que não contêm particulares traços de inovação.
Não é, contudo, com "Moon Safari" que "Pocket Symphony" exibe maiores semelhanças, antes com a mais etérea banda-sonora para "The Virgin Suicides", de Sofia Coppola, ou algumas pistas de "Talkie Walkie", em especial o tema "Alone em Kyoto", que já continha influências orientais que adquirem aqui maior preponderância.
Um dos factores diferenciadores que tem sido referido quanto a este disco é a utilização de instrumentos tradicionais japoneses, como o koto e shamisen, mas essa opção, embora curiosa, não traz grandes novidades às sonoridades praticadas pela dupla. Pelo contrário, são utilizados para reforçar a carga tranquila e introspectiva que sempre dominou grande parte das criações dos Air - os experimentalismos nem sempre pertinentes de "10,000 Hz Legend" foram uma excepção -, tornando "Pocket Symphony" num álbum dominado por cenários de placidez por vezes sedutores, mas globalmente redundantes e preguiçosos.
Não é, contudo, com "Moon Safari" que "Pocket Symphony" exibe maiores semelhanças, antes com a mais etérea banda-sonora para "The Virgin Suicides", de Sofia Coppola, ou algumas pistas de "Talkie Walkie", em especial o tema "Alone em Kyoto", que já continha influências orientais que adquirem aqui maior preponderância.
Um dos factores diferenciadores que tem sido referido quanto a este disco é a utilização de instrumentos tradicionais japoneses, como o koto e shamisen, mas essa opção, embora curiosa, não traz grandes novidades às sonoridades praticadas pela dupla. Pelo contrário, são utilizados para reforçar a carga tranquila e introspectiva que sempre dominou grande parte das criações dos Air - os experimentalismos nem sempre pertinentes de "10,000 Hz Legend" foram uma excepção -, tornando "Pocket Symphony" num álbum dominado por cenários de placidez por vezes sedutores, mas globalmente redundantes e preguiçosos.
Não é que o resultado seja de desprezar, apenas traz o sabor de uma receita já antes testada, utilizada e que de tão recorrente começa a tornar-se algo insípida. Nem mesmo as colaborações de Jarvis Cocker (Pulp) e Neil Hannon (Divine Comedy) potenciam grande valor acrescentado, já que os temas que interpretam não ascendem acima da mediania que caracteriza a maior parte do disco. Curiosamente, tanto os dois cantores como os Air já tinham participado recentemente no disco de Charlotte Gainsbourg, "5:55", que partilha não só de algumas atmosferas de "Pocket Symponhy" como da relativa indiferença que este induz.
Mesmo assim, se este regresso do duo francês não é particularmente estimulante, inclui ainda quatro ou cinco boas canções à altura do que já fizeram antes, como o confirmam "Mer du Japon", um dos episódios de maior energia rítmica; "Photograph", absorvente momento de electrónica paisagista; "Lost Message", um dos temas de maior carga cinematográfica; "Left Bank", com acolhedores traços de ingenuidade a recordar a fase inicial do grupo; ou a elegante "Space Maker", uma aprazível faixa de abertura. Infelizmente, não bastam para compensar a monotonia dominante de um disco excessivamente contemplativo e de escassas variações de tom, que se ouve com algum agrado mas não gera grande impacto.
Mesmo assim, se este regresso do duo francês não é particularmente estimulante, inclui ainda quatro ou cinco boas canções à altura do que já fizeram antes, como o confirmam "Mer du Japon", um dos episódios de maior energia rítmica; "Photograph", absorvente momento de electrónica paisagista; "Lost Message", um dos temas de maior carga cinematográfica; "Left Bank", com acolhedores traços de ingenuidade a recordar a fase inicial do grupo; ou a elegante "Space Maker", uma aprazível faixa de abertura. Infelizmente, não bastam para compensar a monotonia dominante de um disco excessivamente contemplativo e de escassas variações de tom, que se ouve com algum agrado mas não gera grande impacto.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
Air - "Once Upon a Time"
10 comentários:
Epá que pena, ainda não ouvi o álbum mas depois de ler o teu texto fiquei triste, lol.
Quer dizer que as músicas com os enhor dos pulp e dos divine comedy não safam isso :(
Ah, ouve na mesma, não gostei especialmente mas também não sou um fã acérrimo da banda. Achei este mais do mesmo e sem grande esforço, mas não é mau.
Sim claro que vou ouvir na mesma, mas agora a prioridade é Nine Inch Nails, sai amanha acho.
Abraço
Acho que saiu hoje... e também me desiludiu, o que até é pior porque gosto mais deles do que dos Air :/ Mas enfim, lá iremos, fica bem.
vejo muita preguiça mental neste trabalho... enfim, melhores tempos virão, espero eu :)
Foi o que achei, é um disco em piloto automático.
Chatinho, naum? A única coisa "de jeito" que fizeram foi mesmo o Moon Safari. :Z
Hugzz!
Eu gostei de todos até agora, este é mesmo o mais fraco. Mas não acho que algum seja brilhante, apesar de adorar pérolas ocasionais como "Kelly Watch the Stars", "All I Need" ou "Lucky and Unhappy".
Patrick amanhã? :)
álbum pouco entusiasmante. Até para mim que sou uma grande fã dos Air.
Pois, percebo-te, espero que ofereçam sinfonias mais entusiasmantes no próximo disco.
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