Obra com tanto de meticuloso como de inóspito, "Le Dernier des Fous", de Laurent Achard, é o retrato da solidão de uma criança da França rural que observa silenciosamente o progressivo desmoronar da sua família.
Com uma mãe recolhida no quarto devido a problemas psiquiátricos, um pai distante que recusa aceitar o presente e uma avó austera e manipuladora, o protagonista apenas encontra algum calor emocional na dedicada empregada, figura que vai impedindo o derradeiro colapso da família, e no seu irmão mais velho, que contudo entra em crise ao descobrir que o namorado vai casar.
Achard não poupa as personagens nem o espectador, e por detrás de um ritmo pausado mas magnético e das tranquilas paisagens bucólicas esconde-se uma claustrofobia psicológica por vezes difícil de digerir, dado o desespero que toma conta das personagens.
Com uma mãe recolhida no quarto devido a problemas psiquiátricos, um pai distante que recusa aceitar o presente e uma avó austera e manipuladora, o protagonista apenas encontra algum calor emocional na dedicada empregada, figura que vai impedindo o derradeiro colapso da família, e no seu irmão mais velho, que contudo entra em crise ao descobrir que o namorado vai casar.
Achard não poupa as personagens nem o espectador, e por detrás de um ritmo pausado mas magnético e das tranquilas paisagens bucólicas esconde-se uma claustrofobia psicológica por vezes difícil de digerir, dado o desespero que toma conta das personagens.
"Le Dernier des Fous" não é, contudo, um mero filme-choque, antes um tristíssimo relato de uma infância frágil e desamparada, onde o amor vai estando presente mas é sufocado pela vertigem da loucura (que assume aqui várias formas).
É quase impossível sair incólume perante a indiferença com que o pequeno Martin vai sendo tratado, não só por parte dos seus familiares mas pelo facto de não ter mais ninguém que o acolha - a sua única amiga, um pouco mais velha, também acaba por ignorá-lo ao preferir a companhia de rapazes da sua idade.
Julien Cochelin, o jovem actor que encarna o protagonista, apresenta um desempenho memorável, compondo uma personagem que de tão recatada e circunspecta adquire por vezes uma inquietante aura sorumbática. Pascal Cervo, no papel de irmão mais velho, é também irrepreensível e oferece algumas das cenas mais intensas do filme. Os momentos entre os dois resultam especialmente bem, tanto nas comoventes cenas em que Martin ouve histórias do irmão como nos episódios mais conflituosos.
"Le Dernier des Fous" é uma obra rigorosa e violenta que evidencia o talento de um núcleo de actores seguros e sobretudo de um realizador capaz de sustentar um desarmante olhar clínico, expondo uma secura dramática que não faz deste um filme de fácil adesão mas cuja solidez também não deixa de gerar admiração.
É quase impossível sair incólume perante a indiferença com que o pequeno Martin vai sendo tratado, não só por parte dos seus familiares mas pelo facto de não ter mais ninguém que o acolha - a sua única amiga, um pouco mais velha, também acaba por ignorá-lo ao preferir a companhia de rapazes da sua idade.
Julien Cochelin, o jovem actor que encarna o protagonista, apresenta um desempenho memorável, compondo uma personagem que de tão recatada e circunspecta adquire por vezes uma inquietante aura sorumbática. Pascal Cervo, no papel de irmão mais velho, é também irrepreensível e oferece algumas das cenas mais intensas do filme. Os momentos entre os dois resultam especialmente bem, tanto nas comoventes cenas em que Martin ouve histórias do irmão como nos episódios mais conflituosos.
"Le Dernier des Fous" é uma obra rigorosa e violenta que evidencia o talento de um núcleo de actores seguros e sobretudo de um realizador capaz de sustentar um desarmante olhar clínico, expondo uma secura dramática que não faz deste um filme de fácil adesão mas cuja solidez também não deixa de gerar admiração.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
"Le Dernier des Fous" está em competição na quarta edição do IndieLisboa e é exibido hoje às 16 horas no King
2 comentários:
Mais outro que perdi :(
Se não querias ver filmes deprimentes, fizeste bem em passar este ;)
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