O projecto chama-se Bunny Rabbit mas inclui, para além da vocalista que dá o nome ao duo, a sua companheira Black Cracker, produtora que já colaborou com as Cocorosie e que assume aqui também a função de MC. "Lovers and Crypts", o disco de estreia da dupla, é uma estranha proposta centrada nas suas experiências - reais ou imaginárias, por vezes é difícil dizer - pelas ruas de Brooklyn, bairro onde residem e de onde partem para desenhar um retrato de relações de amor e ódio num contexto urbano e agressivo.
A voz de criança endiabrada de Bunny Rabbit suscita comparações com o registo de Kelli Ali, ex-vocalista dos Sneaker Pimps, ou mesmo de Alison Shaw, dos Cranes, injectando uma falsa doçura nas canções que a espaços se tornam claustrofóbicas pelo negrume que congregam. Transpirando sexo, violência, pânico, revolta e provocação, "Lovers and Crypts" é um concentrado de atitude e irreverência, expostas de forma por vezes inconsequente mas com uma energia que incita audições repetidas.
A voz de criança endiabrada de Bunny Rabbit suscita comparações com o registo de Kelli Ali, ex-vocalista dos Sneaker Pimps, ou mesmo de Alison Shaw, dos Cranes, injectando uma falsa doçura nas canções que a espaços se tornam claustrofóbicas pelo negrume que congregam. Transpirando sexo, violência, pânico, revolta e provocação, "Lovers and Crypts" é um concentrado de atitude e irreverência, expostas de forma por vezes inconsequente mas com uma energia que incita audições repetidas.
Maioritariamente composto por uma fusão entre hip-hop e electro, ainda que não seja alheio a contaminações grime, trip-hop, funk ou mesmo industriais, o disco evoca cenários de ruas sinuosas e obscuras dominadas por figuras também pouco convidativas. A sujidade e textura lo-fi dos beats, bem como o discurso sexualizado, aproximam-se dos domínios de Peaches; a carga crua da voz e das rimas de Black Craker remetem para a aspereza de uma Missy Elliot e o cruzamento de referências díspares que aliam kistch a sofisticação sempre com uma pulsão rítmica contagiante sugerem que a dupla andou a ouvir "Arular", de M.I.A..
Contudo, o facto de ter parentes próximos não implica que "Lovers and Crypts" não possua méritos próprios, e há vários exemplos que o comprovam: "Saddle Up" abre o álbum com uma cadência tão repetitiva quanto dançável, "Rio Grande" surpreende pelas inesperadas guitarras em ebulição no final, "Lucky Bunny Foot" é um obsessivo statement que deixa evidente a presença da dupla, "Dirty Dirt" surge como uma desconcertante canção de amor/ódio e a faixa-título, o primeiro single, demonstra bem aquilo que o disco tem para oferecer ao ser simultaneamente imediata e sinistra.
Vincado por mais momentos convincentes do que desapontantes, o disco nem sempre é, mesmo assim, fácil de digerir, já que "Dolphins" consegue ser bastante irritante tanto pela melodia como pela letra e "St Guillen" fecha o álbum com uma aura tão sorumbática que pode ser difícil de suportar. A recorrência a tantas f-words e aparentados também é, no mínimo, questionável, ou pelo menos gratuita.
A dupla ainda deixa, então, algumas dúvidas ocasionais, mas tendo gerado um primeiro registo com tantos momentos envolventes seria injusto não conceder, pelo menos, o voto de confiança e incluir Bunny Rabbit entre as boas revelações de 2007.
Contudo, o facto de ter parentes próximos não implica que "Lovers and Crypts" não possua méritos próprios, e há vários exemplos que o comprovam: "Saddle Up" abre o álbum com uma cadência tão repetitiva quanto dançável, "Rio Grande" surpreende pelas inesperadas guitarras em ebulição no final, "Lucky Bunny Foot" é um obsessivo statement que deixa evidente a presença da dupla, "Dirty Dirt" surge como uma desconcertante canção de amor/ódio e a faixa-título, o primeiro single, demonstra bem aquilo que o disco tem para oferecer ao ser simultaneamente imediata e sinistra.
Vincado por mais momentos convincentes do que desapontantes, o disco nem sempre é, mesmo assim, fácil de digerir, já que "Dolphins" consegue ser bastante irritante tanto pela melodia como pela letra e "St Guillen" fecha o álbum com uma aura tão sorumbática que pode ser difícil de suportar. A recorrência a tantas f-words e aparentados também é, no mínimo, questionável, ou pelo menos gratuita.
A dupla ainda deixa, então, algumas dúvidas ocasionais, mas tendo gerado um primeiro registo com tantos momentos envolventes seria injusto não conceder, pelo menos, o voto de confiança e incluir Bunny Rabbit entre as boas revelações de 2007.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
Bunny Rabbit - "Lovers and Crypts"
6 comentários:
Não conheço mas já que falaste na outra banda, Sneaker Pimps com ela ou com ele?
Lembra-me mais a fase com ela, e também os seus dois discos a solo.
Expliquei-me mal :P, queria perguntar a tua opinião sobre sneaker pimps, se gostas mais da fase com ela ou com ele.
Ah... Não sei, acho que gosto igualmente dos três discos que editaram. Mas os discos a solo dela são melhores do que os dele.
Nem sabia que ele tinha discos a solo, nem tenho os dela, ver se arranjo.
também gosto dos 3 álbuns, mas em termos de voz gosto bastante da dele.
Quanto ao ideal até diria um álbum com os dois o 3º já tem algumas conções com voz masculina e feminina e gostei.
Têm ambos dois álbuns a solo, ele assina como I AM X (a continuação natural do "Bloodsport") ela como Kelly Ali. Se tiveres conta no Last.fm podes ouvi-los na íntegra por lá.
Entretanto julgo que os Sneaker Pimps não devem fazer mais discos, acho que acabaram.
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