sexta-feira, abril 27, 2007

AS NOITES DE BUDAPESTE

Estreia da húngara Ágnes Kocsis na realização, "Fresh Air" (Friss Levegö) é um drama taciturno e desencantado protagonizado por duas mulheres, Viola e Angéla, respectivamente mãe e filha que vivem juntas mas mantêm uma relação difícil. Viola é empregada de limpeza de uma casa de banho pública, e essa ocupação talvez esteja na origem do escasso contacto entre ela e Angéla, que ambiciona ser estilista e tem vergonha do emprego da mãe.

Marcadas por um dia-a-dia pouco auspicioso num bairro pobre e cinzento de Budapeste, as duas só se encontram para assistir à série televisiva "O Polvo", e durante o resto do tempo a mãe procura nos encontros com homens um escape à medida que a filha vai iniciando as suas relações amorosas.

Apesar de se sugerir estimulante, pelo retrato de uma realidade precária pouco mostrada e de conter, por isso, bases para uma considerável tensão dramática, "Fresh Air" nunca chega a arrancar, perdendo-se em múltiplos episódios quotidianos de interesse váriável que nunca geram um tronco narrativo coeso.

Preso a um ritmo demasiado lento e caracterizado por escassos diálogos, o filme tem pouco para oferecer além de ocasionais planos inspirados - nota-se que Kocsis tem talento para os enquadramentos - e das seguras, ainda que muito contidas, interpretações das protagonistas. A fotografia de tons esbatidos e turvos realça a carga lacónica do argumento minimalista, mas esta competência técnica não chega para impedir que "Fresh Air" seja um filme frustrante e insosso.

Não se justificam, assim, as ambiciosas duas horas de duração, uma vez que não há aqui substrato que as sustente, e o filme provavelmente só ganharia se tivesse sido uma média metragem.
De resto, a temática não só não traz nada de novo como já foi trabalhada de forma mais interessante noutras películas, caso do recente "Filha da Guerra", de Jasmila Zbanic, onde uma mãe e uma filha de um subúrbio da Europa de leste também mantinham uma relação conturbada. Sobram, então, poucos motivos para que "Fresh Air" se imponha enquanto uma experiência cinematográfica recomendável, já que de refrescante só tem mesmo o título.

E O VEREDICTO É: 1,5/5 - DISPENSÁVEL

"Fresh Air"
é uma das obras em competição na quarta edição do IndieLisboa

4 comentários:

pedro rios disse...

Boa tarde,

Chamo-me Pedro Rios e sou colaborador do Ípsílon, suplemento do jornal "Público".

Estou a fazer um trabalho sobre o Elliott Smith, a propósito do lançamento do "New Moon". Vi no seu blogue uma referência passada ao Elliott Smith, pelo que pensei em contactá-lo.

Estou a falar com fãs para saber a relação que têm com o Elliott Smith e tentar perceber um pouco quem foi a figura e o culto que deixou.

Posso entrevistá-lo por telefone este fim-de-semana? Se sim, indique-me um nº e um horário. São só uns 5 minutos.

Cumprimentos,
Pedro Rios
pedrosantosrios@gmail.com

gonn1000 disse...

Olá, já respondi por e-mail.
Cumprimentos.

extravaganza disse...

Ainda assim, tenho pena de ter perdido este filme :(

gonn1000 disse...

Foi dos mais fracos que vi no festival este ano, esperava bem melhor.