Uma das boas surpresas provenientes de domínios da música de dança dos últimos anos, “Destroy Rock & Roll”, de 2004, o álbum de estreia do escocês Myles MacInnes – mais conhecido como Mylo -, é um exemplo de que a política do do-it-yourself pode gerar resultados interessantes.
Recorrendo a pouco mais do que alguns programas de computador para trabalhar as suas composições, o músico criou o seu disco praticamente em casa, mas apesar da limitação de recursos “Destroy Rock & Roll” está longe de ser um trabalho amador, evidenciando uma produção milimétrica e criatividade q.b. na selecção de samples.
Os catorze temas que o jovem DJ apresenta não desbravam novos territórios, contudo exibem doses suficientes de consistência e energia, apostando em melodias bem estruturadas, quase sempre imediatas sem se tornarem cansativas.
Dominado por uma forte componente lúdica, com um peculiar sentido de humor presente em grande parte das canções, “Destroy Rock & Roll” é um contagiante party album que mistura electro, house, techno, disco, lounge e funk, proporcionando um virtuoso concentrado de ritmos viciantes onde o apelo dançável se torna irresistível.
Daft Punk ou Gus Gus são alguns dos nomes facilmente comparáveis, sobretudo nos momentos mais efusivos e dinâmicos (“Rikki”, “Paris Four Hundred”), enquanto que os episódios mais apaziguados e contemplativos (“Need You Tonite”, “Emotion 98.6”) remetem para traços semelhantes à faceta downtempo dos Röyksopp, Lemon Jelly ou Moby.
Daft Punk ou Gus Gus são alguns dos nomes facilmente comparáveis, sobretudo nos momentos mais efusivos e dinâmicos (“Rikki”, “Paris Four Hundred”), enquanto que os episódios mais apaziguados e contemplativos (“Need You Tonite”, “Emotion 98.6”) remetem para traços semelhantes à faceta downtempo dos Röyksopp, Lemon Jelly ou Moby.
Apesar de notórias similaridades com estas e outras referências, Mylo não oferece um trabalho derivativo, expondo alguma carga inventiva enquanto criador de exercícios cut n’ paste tão eficazes como o mediático “Drop the Pressure” ou o seu sucedâneo “Doctor Pressure”, que cruza esse single com um êxito quase esquecido da década de 80, “Drop the Beat”, dos Miami Sound Machine.
A incorporação de sonoridades dos anos 80 manifesta-se, de resto, em muitas outras canções do disco, casos de “In My Arms” - assente um sample de “Bette Davis Eyes”, de Kim Carnes – ou “Destroy Rock & Roll”, onde Mylo refere muitos dos músicos que contribuíram para a destruição do rock durante essa malograda década (num exaustivo inventário que inclui gente tão diversa como Michael Jackson, Madonna, Duran Duran, Bruce Springsteen, Fletwood Mac, Prince, ZZ Top, Cindy Lauper, Neil Young ou Bananarama).
Fresco e coeso, ainda que demasiado longo, “Destroy Rock & Roll” não é genial mas coloca mais um nome interessante no vasto universo da música de dança, e espera-se por isso que esta estreia apelativa tenha continuidade à altura.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
2 comentários:
vi um bocado do concerto dele no ultimo sudoeste e do pouco que vi gostei,mas foi mesmo muito pouco :x
Nunca o vi ao vivo, mas já ouvi dizer bem desse concerto.
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