sábado, outubro 09, 2004

SEXO, MENTIRAS E VÍCIOS

Como mandam as regras da boa televisão, qualquer programa que permita exercitar mais de um neurónio é (salvo raras excepções) transferido para sessões da madrugada. Foi numa das minhas sessões de zapping crónico que me deparei com "O Mar" (El Mar), filme que passou timidamente pelos cinemas nacionais em 2002 e que tinha despoletado as reacções mais diversas por parte dos poucos que o viram. Ok, admita-se que a RTP agora até se tem esforçado por alargar a oferta cinematográfica, mas era bom que muitos dos filmes passassem antes das 2 da manhã...


"O Mar" é a quinta longa-metragem do catalão Agustí Villaronga e apresenta as relações de três amigos de infância que se reencontram na alvorada da idade adulta, pouco depois da Guerra Civil Espanhola. Os dois rapazes encontram-se internados num sanatório para tuberculosos e a rapariga é agora uma freira/enfermeira que trabalha nesse hospital.

Villaronga centra-se nos fortes laços que unem os jovens e insere-nos numa atmosfera marcada pela morte, religião, amizade, desejo, loucura, sexo, medo, fanatismo e violência, focando as interligações, por vezes ténues, entre o sagrado e o profano. "O Mar" é um conto denso e assombroso sobre o crescimento e a perda da inocência, gerando um ambiente mórbido e claustrofóbico onde está presente a descoberta (e negação) da sexualidade e a (tentativa de) fuga do pecado.

Pausada e melancólica, mas ainda assim intensa e perturbadora, esta obra de Agustí Villaronga é sem dúvida uma prova da força do cinema de nuestros hermanos.

E O VEREDICTO É: 3.5/5 - BOM