A segunda edição do doclisboa, o Festival Internacional de Cinema Documental de Lisboa, começou dia 24 e decorrerá até dia 31 na Culturgest. Em foco, novos olhares de cinema através de um género que tem verificado um crescimento assinalável.
Com a contínua diversidade de festivais de cinema que têm surgido em Portugal (e sobretudo em Lisboa), impunha-se que houvesse um que destacasse um género tão peculiar como o documentário. O doclisboa dá continuidade aos Encontros Internacionais de Cinema Documental na Malaposta (realizados entre 1989 e 2001), apostando num tipo de cinema que ainda não é muito divulgado entre nós.
Nos últimos tempos, documentários de Michael Moore (os polémicos "Bowling For Columbine" e "Fahrenheit 9/11"), Agnès Varda ("Os Respigadores e a Respigadora") e Morgan Spurlock (o recente "Super Size Me - 30 Dias de Fast-Food") conseguiram algum destaque nos media e considerável adesão do público, mas ainda assim há múltiplas (e não menos relevantes) obras do género documental que não fizeram parte do circuito de cinema comercial português. O doclisboa pretende contrariar esta tendência, e para isso apresenta uma programação diversificada com obras inéditas (a maioria premiadas internacionalmente), múltiplos debates e a presença de alguns realizadores.
Esta edição do festival divide-se em cinco secções: "Competição Internacional", "Para onde vai o documentário português?", "Como entender o Médio Oriente?", "Foco sobre Espanha" e "Sessões Especiais" (de onde se destaca a "master class" de Nicolas Philibert, o realizador de um dos documentários mais premiados dos últimos anos, "Ser e Ter", que apresentará também a sua nova obra, o inédito "La Voix de son Maître").
A sessão de abertura decorreu no passado domingo pelas 18h com a exibição do muito concorrido (lotação ultra-esgotada, vi-me envolto numa autêntica saga para conseguir bilhete, mesmo tendo acreditação...) "The Revolution Will Not Be Televised", dos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O`Briaian, um olhar sobre o recente contexto político venezuelano, particularmente a relação de Hugo Chavez com as massas populares. Pelas 21h foi apresentado "Checkpoint", de Yoav Shamir, um retrato acerca das relações entre os soldados israelitas e os civis palestinianos. A noite terminou com a nova obra da francesa Agnès Varda, "Ydessa, les Ours et etc...", projectada a partir das 23h, que segue uma coleccionadora, comissária e negociante de uma exposição de fotografia.
Propondo seis sessões por dia (11h, 14h30m, 16h30m, 18h30m, 21h e 23h, apesar de não haver sessão das 11h no dia 31) que decorrem no Pequeno e no Grande Auditório da Culturgest, o doclisboa oferece um cartaz versátil com um considerável espectro de temas, abordagens, linguagens e perspectivas, expondo as diferentes vertentes do documentário contemporâneo. A 2 de Novembro serão exibidos os filmes premiados do festival, às 18h30m e às 21h no Grande Auditório.
1 comentário:
Pouco ou nada sei de documentário. Vi o "Detail" e pouco ou nenhum efeito teve em mim. Já o "Checkpoint" deixou-me a pensar, mas achei-o exagerado em tempo proporcionalmente à variedade de cenas. Dá para perceber bem que os soldados israelitas brincam com os civis palestinianos, e estes rebaixam-se ao máximo para que possam entrar nas cidades cercadas pelos israelitas.
Apesar de tudo gostei. Ainda quero voltar ao doclisboa 2004.
Ahh! As legendas portuguesas estão pequenas demais.
Pedro Miguel Marques
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