quarta-feira, abril 19, 2006

O LIBERTINO

Depois de algumas obras de escasso interesse, como "Chocolate" ou "As Regras da Casa", Lasse Hallström proporcionou uma das boas - e inesperadas - surpresas cinematográficas do ano passado com "Uma Vida Inacabada", que infelizmente foi alvo de menor mediatismo do que os títulos antecessores, passando despercebida perante grande parte do público e da crítica.

Menos discreta, "Casanova" é a mais recente proposta do realizador sueco a estrear em salas nacionais (embora também seja de 2005), debruçando-se sobre parte da vida do emblemático conquistador de corações femininos.

Curiosamente, o filme não foca tanto as manobras de sedução de várias mulheres por parte do protagonista (embora esse aspecto não seja ignorado, sobretudo no início), preferindo antes desenvolver o seu contacto com a única mulher que amou, assim como os episódios que marcaram o atribulado início desse relacionamento.

Tentando ver correspondido o seu amor por Francesca Bruni, uma feminista de personalidade forte, Casanova tem de se debater também com a perseguição da Igreja, que condena as suas atitudes consideradas imorais e escandalosas, e fugir ao controlo da sua noiva, a insinuante e virginal Victoria, com quem aceitou casar a fim de limpar a sua imagem.

Comédia rocambolesca, baseada em jogos de enganos e falsas aparências, "Casanova" é uma película despretensiosa e leve, que não tenta ser um biopic historicamente correcto pois adopta um registo caricatural e de diminuto peso dramático.

Com um propósito essencialmente lúdico, o filme cumpre a sua função de gerar cerca de duas horas razoavelmente divertidas, e ainda que os gags nem sempre resultem o ritmo raramente deixa a acção cair na monotonia.

É uma obra esquemática que não acrescenta muito, mas não se pode dizer que Hallström não seja competente, uma vez que tanto o guarda-roupa como os cenários são bastante elaborados, e as paisagens de Veneza do século XVIII tornam-se ainda mais impressionantes devido ao soberbo trabalho de fotografia.

Como as personagens não passam de estereótipos, os actores também não podem oferecer grandes desempenhos, mas Heath Ledger sai-se bem no papel de conquistador nato e desenvolto, Sienna Miller cumpre como interesse romântico e Jeremy Irons encarna com eficácia um bispo sisudo e implacável.

Filme de entretenimento puro e simples, "Casanova" é um misto de comédia, aventura e romance que, apesar de efémero e longe de marcante, consegue ser satisfatório, convencendo sobretudo não por ser bom mas por não ser tão mau como poderia. Reconheça-se que, dentro dos filmes-pipoca que se disseminam pela maioria das salas, há alternativas bem menos entusiasmantes.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

4 comentários:

brain-mixer disse...

Alternativas, só em DVD... :P

gonn1000 disse...

LOL São opções. Respeito :P

Flávio disse...

Ai o Heath Ledger, tão giro!

gonn1000 disse...

eheh... Pois, o palminho de cara deve dar-lhe jeito para papéis como este.