Elogiado em vários festivais internacionais, “Pavee Lackeen” é a primeira experiência na realização de Perry Ogden, fotógrafo inglês que, após ter criado um álbum fotográfico, “The Pony Kids”, sobre as precárias condições de vida de algumas crianças de Dublin, decidiu apostar numa longa-metragem relacionada com esse tema.
“Pavee Lackeen” fornece assim um retrato do dia-a-dia dos Viajantes, uma comunidade irlandesa que se desloca há anos por todo o país, e Ogden centra-se especialmente em Winnie, uma rapariga de dez anos que vive com a sua numerosa família numa conturbada zona industrial de Dublin.
“Pavee Lackeen” fornece assim um retrato do dia-a-dia dos Viajantes, uma comunidade irlandesa que se desloca há anos por todo o país, e Ogden centra-se especialmente em Winnie, uma rapariga de dez anos que vive com a sua numerosa família numa conturbada zona industrial de Dublin.
Aproximando-se do formato do documentário mas contendo elementos ficcionais, o filme recorre a actores não-profissionais (a protagonista e familiares são interpretados pelos próprios) que se apoiam na improvisação durante a maior parte do tempo.
“Pavee Lackeen” emana, por isso, uma vibrante carga realista, remetendo por vezes para territórios de Ken Loach ou dos irmãos Dardenne, acentuando a vertente documental destes.
A película tem mérito por recusar enveredar pelo miserabilismo que o seu material de base poderia encorajar, pois embora contenha sequências que impressionam pela considerável crueza – como aquela em que Winnie e a irmã saem à noite, ou a do lacónico desenlace – nunca perde o respeito pela dignidade das personagens nem as usa como objecto de comiseração fácil.
No entanto, se a sua plausibilidade e autenticidade são absorventes, “Pavee Lackeen” evidencia graves fragilidades, cuja narrativa desarticulada e algo arbitrária é a mais forte, o que gera não só problemas no ritmo do filme mas também quanto à discutível relevância e duração de algumas cenas.
No geral, “Pavee Lackeen” é um objecto cinematográfico desigual, pois as suas boas intenções nem sempre compensam as suas limitações, e apesar de Ogden denunciar a discriminação e a pobreza de que os Viajantes são alvo, apresenta um olhar que deixa demasiados espaços em branco quanto aos modos de vida e cultura desta comunidade (nem sequer chega a perceber-se se a mãe de Winnie trabalha). Não deixa de ser uma película pertinente e meritória, ainda assim.
“Pavee Lackeen” emana, por isso, uma vibrante carga realista, remetendo por vezes para territórios de Ken Loach ou dos irmãos Dardenne, acentuando a vertente documental destes.
A película tem mérito por recusar enveredar pelo miserabilismo que o seu material de base poderia encorajar, pois embora contenha sequências que impressionam pela considerável crueza – como aquela em que Winnie e a irmã saem à noite, ou a do lacónico desenlace – nunca perde o respeito pela dignidade das personagens nem as usa como objecto de comiseração fácil.
No entanto, se a sua plausibilidade e autenticidade são absorventes, “Pavee Lackeen” evidencia graves fragilidades, cuja narrativa desarticulada e algo arbitrária é a mais forte, o que gera não só problemas no ritmo do filme mas também quanto à discutível relevância e duração de algumas cenas.
No geral, “Pavee Lackeen” é um objecto cinematográfico desigual, pois as suas boas intenções nem sempre compensam as suas limitações, e apesar de Ogden denunciar a discriminação e a pobreza de que os Viajantes são alvo, apresenta um olhar que deixa demasiados espaços em branco quanto aos modos de vida e cultura desta comunidade (nem sequer chega a perceber-se se a mãe de Winnie trabalha). Não deixa de ser uma película pertinente e meritória, ainda assim.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
3 comentários:
Também vi, no último dia, e gostei mais do que deste, apesar de não ter gostado tanto como tu.
Pois... este não vi. Tive que escolher entre este e o "Movimentos Perpétuos" e optei pelo segundo. Que diga-se de passagem, adorei. :)
Esse espero vê-lo a partir de amanhã, dia da estreia :)
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