Contando já com um percurso sólido desde o seu surgimento em finais dos anos 90, os norte-americanos Death Cab for Cutie têm vindo a destacar-se como uma das estimáveis bandas a emergir de circuitos alternativos, com uma aura de culto que já não abarca apenas esferas necessariamente marginais desde que algumas canções da banda passaram a ser banda-sonora regular de séries como “Sete Palmos de Terra” e, sobretudo, “The O.C. – Na Terra dos Ricos”.
“Plans”, de 2005, é reflexo desse considerável alargamento de público, pois é o primeiro registo do grupo editado por uma major, a Atlantic, após quatro álbuns impulsionados pela independente Barsuk.
Coincidência ou não, essa mudança de editora é paralela a algumas alterações na sonoridade do projecto, que embora continue a apostar num indie rock de travo intimista e confessional apresenta aqui canções que nem sempre traduzem uma personalidade muito vincada.
“Plans”, de 2005, é reflexo desse considerável alargamento de público, pois é o primeiro registo do grupo editado por uma major, a Atlantic, após quatro álbuns impulsionados pela independente Barsuk.
Coincidência ou não, essa mudança de editora é paralela a algumas alterações na sonoridade do projecto, que embora continue a apostar num indie rock de travo intimista e confessional apresenta aqui canções que nem sempre traduzem uma personalidade muito vincada.
Esse aspecto passa despercebido na faixa de abertura, “Marching Bands of Manhattan”, que começa de forma apaziguada e vai edificando um convincente crescendo de intensidade, não muito distante de alguns momentos do anterior registo, “Transatlanticism”.
“Soul Meets Body”, o tema seguinte, é ainda mais satisfatório, proporcionando cerca de quatro minutos de pop uplifting e encantatória, com uma melodia viciante que convida a audições sucessivas e entrando directamente para a lista de composições mais brilhantes da banda.
Infelizmente, como as restantes canções evidenciam, este é o único episódio de elevada inspiração do disco, uma vez que em nenhuma outra faixa “Plans” consegue alcançar este nível.
A maioria das canções do álbum envereda antes por territórios midtempo, raramente efectuando desvios a domínios sóbrios e contidos, o que não é desagradável mas está longe do mais estimulante que o grupo já fez (aproximando-se, a espaços, da limitada densidade de uns Coldplay).
“Soul Meets Body” acaba até por destoar neste cenário, tendo mais em comum com o soberbo “Give Up”, dos Postal Service (projecto paralelo do vocalista Ben Gibbard), do que com “Plans”.
Se às primeiras audições o disco não é particularmente sedutor, pecando por conter canções aparentemente mais genéricas e formatadas do que se esperaria, aos poucos há pormenores de escrita e de instrumentação que se vão impondo e apelando a que se dê o benefício da dúvida, até que “Plans” se torna menos indiferente e mais acolhedor.
A sua homogeneidade e ocasionais momentos monocórdicos – fruto de uma produção demasiado polida - continuam a jogar contra si, mas temas como “I Will Follow You Into the Dark” (com um romantismo seco e distanciado), “Brothers on a Hotel Bed” (cuja ligação da percussão e piano gera uma envolvente atmosfera melancólica) ou “What Sarah Said” (talvez o ponto mais triste e amargurado do álbum) acabam por comprovar que os Death Cab for Cutie ainda são, afinal, capazes de proporcionar emotivos retratos das relações humanas.
Explorando as ligações entre o amor e a morte, onde a passagem do tempo e, consequentemente, o envelhecimento ocupam uma influência determinante, as letras de Gibbard são, muitas vezes, mais intrigantes do que as estruturas das canções, que não assumem grandes riscos.
A carga dramática que a voz do cantor/compositor comporta também contribui para que “Plans” volte a ser alvo de mais audições, originando uma ressonância emocional que ao primeiro impacto poderá ser pouco evidente.
Sendo melhor do que aparenta ao início, o quinto disco dos Death Cab for Cutie não deixa de acusar alguma estagnação da banda, à semelhança do que ocorreu com os R.E.M., em “Around the Sun”, ou com os Mercury Rev, em “The Secret Migration”, outros exemplos interessantes, mas longe de arrebatadores, de uma indie pop outonal, contemplativa e discreta. O resultado não compromete, mas aguardam-se planos de reinvenção.
“Soul Meets Body”, o tema seguinte, é ainda mais satisfatório, proporcionando cerca de quatro minutos de pop uplifting e encantatória, com uma melodia viciante que convida a audições sucessivas e entrando directamente para a lista de composições mais brilhantes da banda.
Infelizmente, como as restantes canções evidenciam, este é o único episódio de elevada inspiração do disco, uma vez que em nenhuma outra faixa “Plans” consegue alcançar este nível.
A maioria das canções do álbum envereda antes por territórios midtempo, raramente efectuando desvios a domínios sóbrios e contidos, o que não é desagradável mas está longe do mais estimulante que o grupo já fez (aproximando-se, a espaços, da limitada densidade de uns Coldplay).
“Soul Meets Body” acaba até por destoar neste cenário, tendo mais em comum com o soberbo “Give Up”, dos Postal Service (projecto paralelo do vocalista Ben Gibbard), do que com “Plans”.
Se às primeiras audições o disco não é particularmente sedutor, pecando por conter canções aparentemente mais genéricas e formatadas do que se esperaria, aos poucos há pormenores de escrita e de instrumentação que se vão impondo e apelando a que se dê o benefício da dúvida, até que “Plans” se torna menos indiferente e mais acolhedor.
A sua homogeneidade e ocasionais momentos monocórdicos – fruto de uma produção demasiado polida - continuam a jogar contra si, mas temas como “I Will Follow You Into the Dark” (com um romantismo seco e distanciado), “Brothers on a Hotel Bed” (cuja ligação da percussão e piano gera uma envolvente atmosfera melancólica) ou “What Sarah Said” (talvez o ponto mais triste e amargurado do álbum) acabam por comprovar que os Death Cab for Cutie ainda são, afinal, capazes de proporcionar emotivos retratos das relações humanas.
Explorando as ligações entre o amor e a morte, onde a passagem do tempo e, consequentemente, o envelhecimento ocupam uma influência determinante, as letras de Gibbard são, muitas vezes, mais intrigantes do que as estruturas das canções, que não assumem grandes riscos.
A carga dramática que a voz do cantor/compositor comporta também contribui para que “Plans” volte a ser alvo de mais audições, originando uma ressonância emocional que ao primeiro impacto poderá ser pouco evidente.
Sendo melhor do que aparenta ao início, o quinto disco dos Death Cab for Cutie não deixa de acusar alguma estagnação da banda, à semelhança do que ocorreu com os R.E.M., em “Around the Sun”, ou com os Mercury Rev, em “The Secret Migration”, outros exemplos interessantes, mas longe de arrebatadores, de uma indie pop outonal, contemplativa e discreta. O resultado não compromete, mas aguardam-se planos de reinvenção.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
8 comentários:
Eu achei este disco uma grande desilusão, com momentos um bocado pro azeiteiros...dispenso completamente.
No entanto continuo a adorar a canção «Transactlism», principalmente quando é ouvida em conjunto com imagens do «Sete palmos de terra», isso sim é um must.
Ao início também tive essa reacção, mas ouvi-o várias vezes e acabou por convencer-me, ainda que o considere longe de essencial.
Ah, o título da canção que referes - muito boa, sim - é "Transatlanticism" :)
quando ouvi a primeira vez, também me pareceu inferior aos anteriores.... mas rapidamente se tornou dos mais ouvidos no ipod, principalmente "my heart is an empty room".
Pois, é um típico caso de "primeiro estranha-se, depois entranha-se", mas justifica o esforço e a insistência.
relativamente ao plans, gosto particularmente do tema de abertura. o restante registo vai-se ouvindo.
a faixa transatlanticism é de outro planeta!
Também gosto, mas prefiro o segundo. O resto do disco é irregular, mas no geral ainda vale a pena.
Não é tão bom como o anterior, mas não se põe rapidamente de lado :) Saiu há pouco tempo mais um single do álbum: Crooked Teeth :)
Hugzz dentários
Prefiro o "Soul Meets Body". Abraço :)
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