Editado no início de 2005, “The Secret Migration” é o sexto álbum de originais de uma banda que, ao longo de mais de dez anos, tem sido uma das referências obrigatórias do rock alternativo norte-americano, proporcionando discos com personalidade e ousadia que, mesmo não convencendo multidões, foram sempre acarinhados por um restrito mas fiel grupo de seguidores.
“The Secret Migration” dá continuidade aos ambientes mais luminosos e optimistas que caracterizaram o álbum antecessor dos Mercury Rev, “All is Dream”, de 2001, mas desta vez o carácter experimental e inventivo da banda é menos evidente, pois a maioria das novas composições envereda por estruturas mais lineares e radio-friendly, mantendo a aura de encanto e magia mas sem grandes doses de surpresa.
O grupo continua a oferecer boas canções, mas longe do brilhantismo pop de “Nite and Fog” ou da inquietante carga onírica de “Tides of the Moon”, apostando numa mistura de indie rock, folk e dream pop e adicionando-lhes um considerável travo de psicadelismo, combinação que funciona mas sem o fulgor de outros tempos.
A voz de Jonathan Donahue, frágil e delicada, revela-se mais uma vez apropriada para as atmosferas agridoces que preenchem quase todo o disco, conseguindo emitir densidade emocional a momentos bucólicos e contemplativos, como a simples mas cativante “My Love”, ou a episódios com um vincado sentido de urgência, de que “Vermillion” é um dos melhores exemplos.
Apresentando uma série de histórias que diluem as fronteiras entre o real e o imaginário, geralmente mais reluzentes e esperançosas do que negras e depressivas (mas sempre pontuadas por alguma melancolia), “The Secret Migration” não desbrava novos rumos, recuperando traços não só da própria banda mas também de parentes próximos como os Flaming Lips (em “In the Wilderness”) ou Grandaddy (confira-se “The Climbing Rose”), no entanto afirma-se ainda como um álbum suficientemente sólido, provando que, mesmo em piloto automático e mais convencionais, os Mercury Rev continuam interessantes.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
2 comentários:
O Secret Migration pode-se dizer que +é o mais acessível de todos, de cariz menos experimental mas continua a ser uma boa audição. Espero é que continuem a lançar bons albuns :)
Sim, mas essa acessibilidade retirou-lhe parte do encanto, mas não a suficiente para o tornar num mau disco.
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