sexta-feira, outubro 29, 2004
THERE`S NO PLACE LIKE...
NOVOS OLHARES CINEMATOGRÁFICOS
O Segundo Festival de Cinema Documental de Lisboa, a decorrer na Culturgest até ao final de Outubro, tem registado múltiplas sessões esgotadas e destaca-se como uma prova da adesão do público português a novos formatos cinematográficos.
Na programação de ontem, o doclisboa incluiu dois títulos integrados na secção "Foco Sobre Espanha": o olhar de Joaquín Jordá sobre a pedofilia em "De Niños" e ainda "La Espalda del Mundo", de Javier Corcuera, com três retratos que se debruçam nas experiências de trabalho numa pedreira de um grupo de crianças do Peru, nas peripécias de um exilado curdo na Suécia e no sofrimento dos familiares dos condenados à pena de morte nos EUA.
Ambos os documentários foram exibidos em diversas salas de cinema espanholas, comprovando a crescente abertura de nuestros hermanos ao cinema documental, contrariamente à situação que se verifica em Portugal, onde só escassos exemplos do género fazem parte do circuito comercial cinematográfico. Este é, de resto, um cenário que o doclisboa se tem esforçado em contrariar, assinalando a vitalidade e diversidade deste género em expansão.
quinta-feira, outubro 28, 2004
AND THIS IS FOR MY BRO...
BIZARRE LOVE TRIANGLE
Gregg Araki, o controverso realizador da “trilogia adolescente apocalíptica” - Totally F***d Up (1993), The Doom Generation (1995) e Nowhere (1997) – reduz consideravelmente as suas atmosferas de choque e desespero num filme surpreendentemente linear e convencional. “Esplendor” (Splendor), de 1999, afasta-se dos retratos de juventude alienados e niilistas que caracterizaram a obra do cineasta e aproxima-se (perigosamente?) de territórios relacionados com a comédia romântica, ainda que ligeiramente atípica.
Veronica é uma jovem de 22 anos, responsável e ponderada, que subitamente começa a envolver-se com dois homens ao mesmo tempo (o baterista Zed, interpretado por Matt Keeslar, e o crítico de música alternativa Abel, incorporado por Johnathon Schaech). Vivendo uma situação inédita na sua vida, Veronica acaba por encontrar pontos de interesse em ambos os relacionamentos e apaixona-se pelos dois pretendentes em simultâneo. Em vez de optar por um deles, a jovem acaba por gerar uma relação a três, convencendo os dois rapazes a aceitar o triângulo amoroso e, alguns meses depois, os três decidem partilhar o mesmo lar.
TUDO BONS RAPAZES
"Always Outnumbered, Never Outgunned" é o título do mais recente álbum dos Prodigy, que assinala o regresso da banda após sete anos de repouso criativo. Mas depois de uma ausência tão longa, a pirotecnia do grupo conseguirá ainda incendiar paixões?
Com três bem-sucedidos discos de originais - "Experience", "Music For The Jilted Generation" e "The Fat of The Land" - Liam Howlett, Keith Flint, Maxim e Leeroy Thornhill construíram um percurso musical único na década de 90, aliando a energia do rock e a atitude do punk a poderosas atmosferas electrónicas, gerando fenómenos de culto mas atingindo igual sucesso junto de um público mainstream. A apoteose deste rumo consolidou-se em 1997 com "The Fat of The Land", o disco que os lançou para o sucesso global e que fez com que muitos vissem nos quatro rapazes o caminho para o futuro e salvação do rock. "The Fat of The Land" foi também decisivo para uma maior disseminação da música de dança (particularmente do big beat), colocando o grupo como porta-estandarte da cena underground (que acabou por se mesclar com o mainstream) britânica, ao lado de nomes como os Chemical Brothers, Underworld, Leftfield ou Orbital, entre outros.
Sete anos depois, os Prodigy resumem-se agora a Liam Howlett, o único elemento que permaneceu no projecto e que conta com uma consagrada lista de convidados em "Always Outnumbered, Never Outgunned" (Liam Gallagher, Kool Keith, Ping Pong Bitches, Princess Superstar e até a actriz Juliette Lewis). Depois da revolta cibernética-tecno-industrial que explodiu com uma inspirada e influente trilogia de discos, qual o lugar de uma nova experiência em 2004?
ESTREIAS DA SEMANA - 28 DE OUTUBRO A 3 DE NOVEMBRO
"Velocidade Pessoal" de Rebecca Miller, "Terra da Abundância" de Wim Wenders, "Alien vs. Predador" de Paul W.S. Anderson e "Cala-te" de Francis Veber são os quatro filmes que chegam a salas nacionais esta semana.
"Velocidade Pessoal" (Personal Velocity: Three Portraits), o segundo filme realizado por Rebecca Miller, baseia-se num livro homónimo escrito pela própria e apresenta três histórias que têm em comum o facto de abordarem as experiências de três mulheres diferentes. Delia (Kyra Sedgwick), Greta (Parker Posey) e Paula (Fairuza Balk) decidem iniciar novos percursos nas suas vidas, e para isso optam por se autonomizar afastando-se do domínio e influência masculina. "Velocidade Pessoal" é um muito elogiado filme independente que arrecadou prémios no Festival de Sundance, nos Independent Spirit Awards e no National Board of Review.
HÁ VIDA DEPOIS DOS JAMES...
Tim Booth, o ex-vocalista dos extintos James, regressa a palcos nacionais após a passagem pelo Festival Sudoeste de 2004. O cantor apresentará o seu primeiro disco a solo, "Bone", dia 2 de Novembro em Lisboa e dia 3 em Gaia.
Uma das bandas britânicas mais emblemáticas da década de 90 (e finais de 80), os James conseguiram conquistar uma sólida base de fãs não só na sua terra-natal mas também em território português. Canções como "Sometimes", "Sit Down", "Tomorrow" ou "Born of Frustation", entre tantas outras, têm lugar cativo entre as principais memórias musicais de muitos e confirmam o carisma associado ao grupo. O best of dos James, editado em 1998, foi um fenómeno de vendas entre nós e comprovou a admiração do público português pelo projecto.
Então dia 2 já sei o que vou fazer à noite...
quarta-feira, outubro 27, 2004
FESTIVAIS DE INVERNO
terça-feira, outubro 26, 2004
Um dos filmes mais marcantes deste Verão, "Homem-Aranha 2" (Spider-Man 2) dá continuidade às aventuras de um dos maiores ícones dos comics norte-americanos e prova que o cinema comercial ainda consegue surpreender.
Há dois anos, o muito adiado, repensado e aguardado projecto de transpor as peripécias do Homem-Aranha para o grande ecrã foi finalmente concretizado, gerando um dos filmes mais populares dos últimos tempos e deixando no ar uma considerável expectativa para a obrigatória sequela. Parte do segredo de tanto sucesso deveu-se à escolha do realizador, Sam Raimi, que até então se encontrava associado a esferas mais underground e que, graças ao herói aracnídeo, conseguiu o seu maior êxito até à data.
Embora fosse, aparentemente, mais um dispendioso filme de Verão, "Homem-Aranha" (Spider-Man) ultrapassou a mediania devido a um argumento bem-estruturado, uma realização segura e apropriada para um universo oriundo da BD, personagens suficientemente consistentes e um elenco que revelava uma inegável entrega ao projecto. Equilibrando na dose certa drama, acção e humor, "Homem-Aranha" proporcionou um blockbuster distante do habitual desfile de efeitos especiais que caracteriza muitos dos exemplos do género, recorrendo a estes apenas em momentos estratégicos e evitando doses desnecessárias de pirotecnia.
Num período marcado por tantos filmes baseados em personagens dos comics (sobretudo da Marvel), "Homem-Aranha" constituiu uma das melhores adaptações do género, respeitando o espírito da BD e apostando na construção de personagens em detrimento das sequências de acção (juntando-se às igualmente interessantes abordagens efectuadas no ousado, atmosférico e intimista "Hulk", de Ang Lee, e aos sofisticados e imaginativos "X-Men" e "X2", de Brian Singer).
Sam Raimi criou um bem-sucedido exercício de revitalização do género em "Homem-Aranha" e comprova, com o muito aguardado segundo episódio da saga, que foi uma escolha apropriada e credível para o cargo de realizador. Contrariamente às múltiplas sequelas desinspiradas, repetitivas e monótonas que proliferam no panorama cinematográfico actual, "Homem-Aranha 2" mantém as fortes doses de entusiasmo, criatividade e componente lúdica que se manifestaram na primeira aventura.
O trio de jovens actores constituído por Tobey Maguire (novamente irrepreensível como Peter Parker), Kirsten Dunst (que compõe uma Mary Jane Watson mais independente e decidida) e James Franco (num competente Harry Osborn, apesar da sua personagem ser pouco trabalhada) persiste, juntamente com as presenças dos veteranos Rosemary Harris (apropriadamente enternecedora como May Parker) e J.K. Simmons (que interpreta um J.J. Jameson perfeito e muito divertido, fiel à matriz da BD). A única personagem nuclear inédita nesta segunda aventura é o vilão Doctor Octopus, interpretado por Alfred Molina, um antagonista mais ambíguo e tridimensional do que o pouco conseguido Duende Verde do filme anterior.
WHAT`S UP, DOC?
A segunda edição do doclisboa, o Festival Internacional de Cinema Documental de Lisboa, começou dia 24 e decorrerá até dia 31 na Culturgest. Em foco, novos olhares de cinema através de um género que tem verificado um crescimento assinalável.
Com a contínua diversidade de festivais de cinema que têm surgido em Portugal (e sobretudo em Lisboa), impunha-se que houvesse um que destacasse um género tão peculiar como o documentário. O doclisboa dá continuidade aos Encontros Internacionais de Cinema Documental na Malaposta (realizados entre 1989 e 2001), apostando num tipo de cinema que ainda não é muito divulgado entre nós.
Nos últimos tempos, documentários de Michael Moore (os polémicos "Bowling For Columbine" e "Fahrenheit 9/11"), Agnès Varda ("Os Respigadores e a Respigadora") e Morgan Spurlock (o recente "Super Size Me - 30 Dias de Fast-Food") conseguiram algum destaque nos media e considerável adesão do público, mas ainda assim há múltiplas (e não menos relevantes) obras do género documental que não fizeram parte do circuito de cinema comercial português. O doclisboa pretende contrariar esta tendência, e para isso apresenta uma programação diversificada com obras inéditas (a maioria premiadas internacionalmente), múltiplos debates e a presença de alguns realizadores.
Esta edição do festival divide-se em cinco secções: "Competição Internacional", "Para onde vai o documentário português?", "Como entender o Médio Oriente?", "Foco sobre Espanha" e "Sessões Especiais" (de onde se destaca a "master class" de Nicolas Philibert, o realizador de um dos documentários mais premiados dos últimos anos, "Ser e Ter", que apresentará também a sua nova obra, o inédito "La Voix de son Maître").
A sessão de abertura decorreu no passado domingo pelas 18h com a exibição do muito concorrido (lotação ultra-esgotada, vi-me envolto numa autêntica saga para conseguir bilhete, mesmo tendo acreditação...) "The Revolution Will Not Be Televised", dos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O`Briaian, um olhar sobre o recente contexto político venezuelano, particularmente a relação de Hugo Chavez com as massas populares. Pelas 21h foi apresentado "Checkpoint", de Yoav Shamir, um retrato acerca das relações entre os soldados israelitas e os civis palestinianos. A noite terminou com a nova obra da francesa Agnès Varda, "Ydessa, les Ours et etc...", projectada a partir das 23h, que segue uma coleccionadora, comissária e negociante de uma exposição de fotografia.
Propondo seis sessões por dia (11h, 14h30m, 16h30m, 18h30m, 21h e 23h, apesar de não haver sessão das 11h no dia 31) que decorrem no Pequeno e no Grande Auditório da Culturgest, o doclisboa oferece um cartaz versátil com um considerável espectro de temas, abordagens, linguagens e perspectivas, expondo as diferentes vertentes do documentário contemporâneo. A 2 de Novembro serão exibidos os filmes premiados do festival, às 18h30m e às 21h no Grande Auditório.
segunda-feira, outubro 25, 2004
ESPERO IR...
A banda de Oren Bloedow e Jennifer Charles apresentará um concerto no próximo sábado no café-teatro Santiago Alquimista, em Lisboa, depois da passagem pel`O Meu Mercedes É Maior que o Teu, no Porto, dia 29.
Gerados no início da década de 90, os Elysian Fields têm mantido um discreto, mas elogiado, percurso musical, construindo uma sonoridade hipnótica e encantatória.
Reconhecido como um projecto entusiasmante logo na altura do E.P. homónimo e do disco de estreia "Bleed Your Cedar", o grupo tornou-se distinto de muitos outros da cena indie norte-americana devido à intrigante voz de Jennifer Charles e às densas e soturnas atmosferas sonoras que as suas canções contêm.
Início dos Concertos: 23h00m
Bilhetes:
Lisboa:
Pré-venda: 12€
No Próprio dia: 15€, podendo ser reservados até à véspera dia 29 no Santiago Alquimista, pelo telefone 21 8820259
Porto:
O Meu Mercedes É Maior que o Teu - 22 2082151
Pré-Venda: 10€
No Próprio Dia: 12 €
Depois dos Magnetic Fields na semana pessada, mais um concerto a que espero ir...E depois aos de Tim Booth, Rammstein e Rufus Wainwright... =P
DANÇAS BEM MAS...
Dando forma a um projecto idealizado pela actriz Neve Campbell (bailarina experiente, que interpreta a personagem central do filme), Robert Altman aborda em "A Companhia" (The Company) as tensões, rotinas e ambientes inerentes a uma companhia de bailado. O realizador evita aqui uma narrativa desprovida de excessos melodramáticos e enredos complexos, desviando-se das atmosferas marcadas por "plumas e lantejoulas" que costumam caracterizar muitos filmes acerca deste tema. Altman pretende assim oferecer uma perspectiva realista, credível e fidedigna, proporcionando uma obra de consideráveis tons sóbrios e intimistas.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
domingo, outubro 24, 2004
PEDAÇOS DE UMA DISCOGRAFIA
Os Magnetic Fields regressaram a palcos nacionais na passada quarta-feira e apresentaram não só temas inéditos do recente álbum "i", mas também canções mais antigas. A Aula Magna foi o centro dos acontecimentos.
Merecedores do respeito e aplauso da crítica especializada devido, sobretudo, ao incensado "69 Love Songs", de 1999, os Magnetic Fields já editaram entretanto um novo disco, "i", no início de 2004. A banda de Stephin Merrit (o carismático vocalista/compositor que, também criou, recentemente, a banda-sonora do filme "Pedaços de Uma Vida - Pieces of April") proporcionou um concerto que, ao contrário do que talvez muitos esperassem, não se baseou tanto no álbum mais recente mas antes aproveitou para recuperar algumas canções quase esquecidas.
Contrariamente às influências electro/synth-pop que dominam alguns dos discos da banda, o concerto não contou com a influência digital, decorrendo de forma simples, sóbria e com sonoridades acústicas. Já no recente disco "i" se manifestava uma considerável presença do piano e do violoncelo, e o concerto confirmou essa tendência. Ainda assim, a fusão folk/pop/country e a combinação das vozes de Stephin Merrit e Claudia Gonson conseguiram gerar momentos contagiantes como a subtil "I Don`t Believe You", a carismática "All My Little Words" (um dos temas mais emblemáticos de "69 Love Songs"), a cativante "If You Don`t Cry" e, sobretudo, a irresistível pérola "I Thought You Were My Boyfriend" (uma das melhores composições de "i").
Confirmando o talento para a criação de canções que oscilam entre ambientes de dor amorosa, algum desespero, doses q.b. de ironia e paisagens melancólicas (mas não depressivas), os Magnetic Fields proporcionaram uma noite de atmosfera agridoce, alternando entre episódios apelativos (com destaque para o afável e bem-disposto contacto com o público) e aspectos não tão bem conseguidos (competente e profissional, a actuação raramente ofereceu, no entanto, momentos arrebatadores).
Mesmo sem a presença de algumas temas "obrigatórios" (como "I Think I Need A New Heart"), contando com uma atmosfera demasiado apaziguada (apesar de agradável) e terminando com um "encore" que soube a pouco, os Magnetic Fiels apresentaram hora e meia de boas canções numa Aula Magna consideravelmente preenchida.
Para registar, ficam memórias de um sóbrio concerto que poderia ter ido mais longe e que não possuiu a carga de ousadia de um título como "69 Love Songs".
CINEMA ASIÁTICO
Após uma programação recente marcada pelo Indie LX e pela 5ª Festa do Cinema Francês, o Cinema S. Jorge é agora o centro do 1º Festival de Cinema Asiático, que decorre entre 22 e 24 de Outubro.
O evento apresenta alguns dos títulos mais marcantes do cinema oriental recente, exibindo obras de origem chinesa, coreana, indiana, indonésia e tailandesa.
Apesar desta primeira edição ser relativamente curta, os organizadores do evento revelaram, durante a cerimónia de inauguração, a vontade em realizar futuras edições que decorressem durante mais tempo e que possibilitassem a divulgação de um maior número de filmes. As duas obras que iniciaram a programação do Festival foram "Gandhi", o emblemático drama épico de Richard Attenborought (uma co-produção entre a Índia e o Reino-Unido), e "Ditto", de Kim Jeon-kwon (de origem coreana).
sexta-feira, outubro 22, 2004
COMEÇA HOJE...
Dedicado ao tema "As 100 BDs do Século XX", a edição deste ano do FIBDA (Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora) decorrerá na nave comercial da Estação do Metro da Falagueira (Amadora-Este) entre 22 de Outubro e 7 de Novembro.
Para além de ocupar esse local, o FIBDA apresentará também exposições no CNBDI, na Galeria Municipal Artur Bual e na Casa Roque Gameiro. Entre os atractivos do evento, destacam-se a Feira do Livro de BD, debates com autores nacionais e estrangeiros, sessões de autógrafos ou o lançamento de novos livros.
Um dos elementos mais fortes das muitas edições do Festival tem sido os concursos de BD e Cartoon, que procuram anualmente novos valores dentro da área, incentivando o surgimento de novos desenhadores, a criação de trabalhos a concurso e a sua apresentação pública. Este ano, o tema dos concursos é a "Mobilidade Urbana", o ponto de partida para descobrir talentos desconhecidos e potenciais prodígios da nona arte.
Pronto, mais um sítio que terei de visitar em breve, apesar de não ter participado no concurso este ano...
quinta-feira, outubro 21, 2004
ESTREIAS DA SEMANA - 21 A 27 DE OUTUBRO
Entre as propostas cinematográficas que chegam a salas nacionais esta semana encontram-se exemplos da comédia romântica, drama realista, musical, terror e até mesmo documentário.
"Noite Escura", o novo filme de João Canijo ("Sapatos Pretos", "Ganhar a Vida"), retrata as aventuras de uma família que gere uma casa de alterne numa pequena aldeia portuguesa. Esta mistura de drama realista e crime, centrada nas tensas relações entre um pai, uma mãe e duas filhas, baseia-se na peça "Ifigénia em Aulis" de Eurípides e foi apresentada (e muito elogiada) na Selecção Oficial do Festival de Cannes de 2004. Entre os nomes do elenco destacam-se Beatriz Batarda, Rita Blanco, Cleia Almeida e Fernando Luís.
"Super Size Me: 30 Dias de Fast Food" é um documentário acerca da obesidade e uma análise dos malefícios da "fast-food" (em particular da McDonald`s). O realizador Morgan Spurlock alimentou-se exclusivamente de "fast-food" durante 30 dias com o fim de constatar os efeitos deste tipo de alimentação e efectuou ainda uma série de entrevistas na tentativa de descobrir os motivos de um índice de obesidade tão elevado nos EUA. O documentário foi distinguido no Festival de Sundance de 2004 (Prémio de Melhor Realizador) e esteve presente no Indie Lisboa (onde encerrou o festival).
"De-Lovely" aborda a vida do músico Cole Porter, particularmente a fase do envelhecimento e a conturbada relação com a sua mulher. Combinando características do drama e do musical, o novo filme de Irwin Winkler inclui Kevin Kline, Ashley Judd e Jonathan Pryce entre os nomes do elenco e conta ainda com colaborações de Robbie Williams, Alanis Morissette, Sheryl Crow, Elvis Costello, Diana Krall e Natalie Cole, que interpretam alguns dos temas mais emblemáticos de Porter.
"Wimbledon - Encontro Perfeito" é a mais recente comédia romântica que se estreia em salas nacionais e foca a relação de dois tenistas profissionais. Paul Bettany e Kirsten Dunst são a dupla de protagonistas e a realização está a cargo de Richard Loncraine.
Ainda no campo da comédia, "Inveja" ("Envy") regista o regresso do cineasta Barry Levinson ("Sleepers - Sentimento de Revolta", "Rain Man - Encontro de Irmãos"). O filme apresenta o declínio da relação de dois amigos e colegas de trabalho devido ao sucesso repentino de um deles e à crescente inveja do outro. Ben Stiller e Jack Black são os cómicos de serviço.
terça-feira, outubro 19, 2004
SANGUE, SUOR E ADOLESCENTES
Um dos títulos fulcrais do Festival de Toronto de 2002 e do Fantasporto de 2004, "A Cabana do Medo" (Cabin Fever) combina elementos de suspense, terror, gore e comédia negra para proporcionar hora e meia de bem-conseguidos sustos e arrepios.
O ponto de partida não é muito original, uma vez que não passa de mais uma variação sobre um grupo de jovens pré-universitários que passam alguns dias de férias numa cabana algures no interior dos EUA. A agradável atmosfera inicial da aventura altera-se quando um dos elementos do grupo é contagiado por uma misteriosa bactéria que lhe começa a apodrecer o corpo. A partir do momento em que surge esse elemento de tensão, o ambiente altera-se drasticamente e os cinco adolescentes vêem-se imersos numa teia de medo, suspeita, paranóia e desespero, gerando uma sucessão de conflitos, atritos e episódios macabros.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
segunda-feira, outubro 18, 2004
THE FRENCH CONNECTION
No passado fim-de-semana, o Cinema S. Jorge exibiu os últimos filmes da programação da 5a Festa do Cinema Francês, terminando um ciclo que teve início dia 7. Entre as últimas propostas constaram "Blueberry" de Jan Kounen, "Le Chien, le Général et les Oiseaux" de Francis Nielsen, "Les Choristes" de Christophe Barratier e "2046" de Wong Kar Wai (no sábado) e "Le Roi et l'Oiseau" de Paul Grimault, "5X2" de François Ozon e "29 Palms" de Bruno Dumont (domingo).
"2046", apesar de não ser um filme francês, foi um dos filmes mais concorridos do fim-de-semana, aguardado por muitos com alguma expectativa. Exímio em termos formais (excelente fotografia, iluminação, cenários, movimentos de câmara, banda-sonora,...), a mais recente obra de Wong Kar Wai ("Disponível Para Amar", "Chungking Express") debruça-se sobre a (im)possibilidade do amor e proporciona um peculiar olhar sobre as relações amorosas. Hipnótica poesia visual para uns, filme arty pretensioso para outros (eu fiquei algures no meio, talvez um revisionamento desfaça as dúvidas...), "2046" foi, no entanto, o “filme-sensação” de sábado.
"29 Palms" fechou o ciclo de cinema francês no S. Jorge e distinguiu-se como um dos objectos mais inclassificáveis que por lá passou. Misto de road movie, drama erótico e filme-choque, "29 Palms" segue a viagem de automóvel de um jovem casal pelo deserto da Califórnia. Semelhante, a espaços, a "Gerry" de Gus Van Sant ou "The Brown Bunny" de Vincent Gallo, esta obra de Bruno Dumont alterna entre a monotonia anestesiante, banais cenas de sexo e violência gratuita, conseguindo ser simultaneamente surpreendente e entediante (de resto, foi um dos poucos filmes que não recebeu aplausos no final da sessão, despoletando a apatia de grande parte do público). Confesso que quase adormeci, mas ao contrário de muitos não saí a meio...
Além destes vi "Blueberry", inspirado na BD franco-belga, que não me convenceu (western shamã com cansativos, e fracos, efeitos especiais, personagens de papelão e argumento pouco estimulante) e "Les Choristes", uma espécie de "Escola de Rock" (mas sem rock...)francesa, com alguma piada e muita previsibilidade.
A 5a Festa do Cinema Francês decorrerá até ao fim de Outubro em Lisboa, no Institut Franco-Portugais (dias 18 e 25) e na Cinemateca Portuguesa (entre os dias 18-29); no Cinema Avenida em Coimbra (dias 18-21); no Teatro Sá da Bandeira em Santarém (dias 29-31) e nos SBC Cinemas em Faro (dias 21-24). Mais informações aqui.
BLINKS E LINKS
CAMPOS MAGNÉTICOS EM LISBOA
Os norte-americanos Magnetic Fields apresentarão, na próxima quarta-feira na Aula Magna, o seu mais recente disco de originais, "i". A banda de Stephen Merrit (compositor/produtor/vocalista), Davol (violoncelo), Claudia Gonson (piano/bateria) e John Woo (guitarra/banjo) passará por Portugal na sequência da sua digressão europeia.
CÃES DANADOS
Um dos filmes que passou na nossa TV no último fim-de-semana (embora às três da manhã, mas enfim...é melhor do que nada...) "Amor Cão" (Amores Perros) foi uma das obras cinematográficas mexicanas mais elogiadas dos últimos anos (juntamente com "E a Tua Mãe também", de Alfonso Cuarón) e assinala a estreia do cineasta Alejandro Gonzalez Iñarritu (que entretanto já realizou também "21 Gramas", em 2004).
sábado, outubro 16, 2004
SIAMESE DREAM
Conhecido por marcantes trabalhos cinematográficos como "O Último Tango em Paris" ou "O Último Imperador", Bernardo Bertolucci volta a gerar impacto e polémica. Proporcionando um retrato da conturbada situação parisiense durante as manifestações do Maio de 68, "Os Sonhadores" (The Dreamers) centra-se na relação de três adolescentes para caracterizar o idealismo e revolta de uma geração.
Matthew (interpretado por Michael Pitt), um jovem norte-americano que vai estudar para França, trava conhecimento com os gémeos Theo (Louis Garrel) e Isabelle (Eva Green), encetando uma repentina e inesperada amizade. A relação dos jovens torna-se mais próxima e densa quando Matthew passa um mês no apartamento dos seus dois novos amigos, situação que gera imprevisíveis e intensos acontecimentos. Bertolucci cria uma ousada e enérgica experiência cinematográfica que não teme explorar os limites e tensões das personagens, ilustrando a complexa teia de relações que se desenvolve entre os três adolescentes.
I AM MILK...
You are Milk. Daydream much? Completely dreamy and
creative, you make a great artist.
Which Garbage Song Are You?
brought to you by Quizilla
NAS COSTAS DO DIABO
Ao contrário de super-heróis como o Homem-Aranha, o Incrível Hulk ou os X-Men, Hellboy não é uma das personagens mais reconhecíveis e populares da actual BD norte-americana. Dirigido essencialmente a um restrito grupo de fiéis e dedicados seguidores, este anti-herói criado por Mike Mignola tem ocupado um espaço de culto, um nicho específico dentro da vasta e diversificada área dos comics de fantasia e ficção científica.
Gerado no início da década de 90, o universo de Hellboy surpreendeu pela curiosa combinação de intrigas sobrenaturais, humor negro, teorias da conspiração e um bizarro conjunto de personagens (acrescente-se ainda o incomum e intrigante traço de Mike Mignola).
Com o contínuo sucesso e mediatização de adaptações cinematográficas de super-heróis, sobretudo os da Marvel Comics, chegou a hora da editora Dark Horse (que, ao contrário das poderosas Marvel e DC, se encontra essencialmente ligada a esferas independentes) testar as águas da sétima arte com um dos seus títulos mais peculiares.
quinta-feira, outubro 14, 2004
THE SHOW MUST GO ON...
A primeira aventura na realização do actor francês Guillaume Canet, conhecido de títulos como "A Praia" (The Beach) e "Vidocq", é uma insólita comédia dramática e uma lúcida sátira aos sistemas de poder dos dias de hoje. Num momento em que se manifesta, talvez como nunca antes, a procura da fama, o reconhecimento mediático e a busca de sucesso fácil, Guillaume Canet propõe em "O Meu Ídolo" (Mon Idole) uma pertinente e acutilante reflexão sobre o panorama do showbiz (especialmente o televisivo) actual.
POR FALAR EM "GERAÇÃO X"...
Aproveitando a referência à Geração X a propósito de "Antes do Amanhecer" no post anterior, fui revisitar o livro de Douglas Coupland...
"Subdose Histórica: Viver numa era em que parece não acontecer nada. Entre os principais sintomas conta-se o vício dos jornais, revistas e notíciários de televisão.
Overdose Histórica: Viver numa era em que parecem acontecer demasiadas coisas. Entre os principais sintomas conta-se o vício dos jornais, revistas e noticiários de televisão."
ESTREIAS DA SEMANA - 14 A 20 DE OUTUBRO
Esta semana chega finalmente a salas nacionais um dos filmes-de-culto mais esperados do ano: "Antes do Anoitecer" (Before Sunset), de Richard Linklater. Para além deste, estreiam também exemplos do cinema brasileiro e de acção.
Quase dez anos depois de "Antes do Amanhecer" ("Before Sunrise"), um dos filmes mais emblemáticos da chamada Geração X, o realizador Richard Linklater ("SubUrbia", "Escola de Rock") apresenta a continuação desse peculiar filme onde dois jovens (interpretados por Ethan Hawke e Julie Delpy) se conheceram através de uma viagem de Inter Rail e criaram uma incomum relação. Agora, em "Antes do Anoitecer" (na foto acima), Jesse e Celine reecontram-se por acaso e contrastam as experiências que os marcaram durante os anos em que estiveram separados. Aguardado com grande expectativa por um fiel grupo de seguidores, a nova obra de Richard Linklater é uma das estreias mais fortes do final de 2004.
Outra das estreias da semana é "O Homem que Copiava", de Jorge Furtado. Depois das obras de cineastas como Fernando Meirelles ("Cidade de Deus") ou Walter Salles ("Central do Brasil", "Abril Despedaçado", "Diários de Che Guevara"), o público português tem agora a oportunidade de conhecer mais um nome do novo cinema brasileiro. "O Homem que Copiava" apresenta as experiências de André, um jovem operador de fotocópias que tenta conquistar a atenção de Sílvia e, para tal, decide encontrar uma forma de enriquecer rapidamente através da falsificação de dinheiro. Esta mistura de drama e comédia conta com Lázaro Ramos, Leandra Leal, Luana Piovani e Pedro Cardoso nos principais papéis.
"Resident Evil 2: Apocalypse" (Resident Evil: Apocalypse) dá continuidade às aventuras cinematográficas inspiradas no jogo de computador "Resident Evil", propondo uma mistura de ficção científica, suspense e acção. Alexander Witt ocupa-se da realização e Milla Jovovich, Oded Fehr e Sienna Guillory incorporam as personagens.
"Justiceiro Incorruptível" (Walking Tall) retrata as peripécias de Chris Vaughn (interpretado por The Rock), um ex-soldado que se torna xerife da sua cidade-natal e decide combater o crime e corrupção com as suas próprias mãos. Kevin Bray realiza.