Conquistando alguns admiradores com os álbuns "Whiskey" (1996) e "Tatoo" (1998) e alargando o leque de fãs com "Poison" (2000) e "Antenna" (2002), o sueco Jay Jay Johanson apresentou algumas das suas canções mais emblemáticas no passado dia 17 ao público da Aula Magna, em Lisboa.
Promovendo o seu lançamento mais recente, a compilação "Prologue", o músico fez uma revisão da sua carreira num concerto que mesclou referências do trip-hop, electro, pop ou jazz, sonoridades incontornáveis na sua discografia. Iniciando a noite com um dos seus temas mais carismáticos, "So Tell the Girls That I Am Back in Town", Jay Jay Johanson ofereceu um cardápio musical que oscilou entre a postura introspectiva e discreta característica dos seus primeiros álbuns e a vertente mais dinâmica, com consideráveis cargas electro, dos seus registos mais recentes ("Antenna", sobretudo).
Para além da componente sonora, o espectáculo contou ainda com um cuidado trabalho visual onde se evidenciou um interessante trabalho de iluminação e as curiosas imagens que eram exibidas no ecrã do palco (com destaque para as fotos marcantes de David Bowie, Daft Punk, Kiss ou Aphex Twin, entre muitas outras figuras da cultura pop).
Embora tenha sido prejudicado por problemas de som a espaços, o concerto foi competente e profissional, ainda que um pouco frio e distante. Não é que o cantor não tenha sido afável com o público, mas algumas canções não contaram com grandes doses de alma e entrega, tornando a actuação correcta e funcional mas incapaz de gerar grande empatia. Terá sido culpa da considerável carga electrónica que revestiu a maioria dos temas, como um espectador sugeriu? Talvez, já que certas canções mais antigas do músico não precisavam de operações de reactualização digital para sobreviverem (o tema que encerrou o concerto, "I`m Older Now", passava bem sem as manobras de cosmética electropop que o revestiram).
Contudo, a maior parte do público da Aula Magna aderiu às canções do cantor e da sua banda e aplaudiu entusiasticamente canções como a sóbria "Believe in Us" (um dos melhores momentos de "Poison"), "She`s Mine But I`m Not Hers" (acompanhada por um vídeo baseado no jogo "Scrabble"), a enérgica "On the Radio" (um dos temas mais populares de "Antenna") ou uma versão mais dançável de "Automatic Lover", a cargo do DJ, que não destoaria numa rave.
Para além da revisão de episódios fulcrais da sua discografia, Jay Jay Johanson apresentou ainda composições inéditas, como as bem-recebidas "Rush" ou "Tomorrow", carregadas de atmosferas melancólicas e incluídas no próximo álbum do cantor, que deverá ser editado em 2005. "Suddenly", mais um inédito, foi outro grande momento, não muito distante dos ambientes hipnóticos de "Two Fingers", a excelente canção que o cantor gravou com o projecto Bang Bang mas que, infelizmente, não constou no alinhamento da noite.
No final de quase duas horas de concerto, o crooner voltou ao palco, não para interpretar mais um ou dois temas, mas para agradecer ao público e prometer o regresso em breve, finalizando um espectáculo por vezes morno mas globalmente eficaz e sofisticado.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
3 comentários:
Acho que não tiveste no mesmo concerto que eu... Aquilo que vimos sexta-feira na aula magna foi uma vergonha, digna de uma banda de liceu. 0 de entrega, 0 de profissionalismo, 0 de humildade, 0 de tudo... Quem viu Thievery Corporation neste mesmo palco sabe do que estou a falar...
Não foi um espectáculo brilhante, mas também não foi miserável. Enfim, gostos...
http://maquete.blogspot.com/2004/12/chuva.html
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