Filmes sobre jovens prodígios têm surgido sempre com alguma regularidade, e em alguns casos são material abraçado pelos Óscares e demais premiações, como o comprovam "Uma Mente Brilhante", de Ron Howard; "O Bom Rebelde", de Gus Van Sants; ou "Shine", de Scott Hicks. Muitas vezes, investem num melodrama duvidoso de tons demasiado agridoces e edificantes, onde as capacidades dos protagonistas os tornam mais em mártires do que iluminados, daí que "Vitus", do suíço Fredi M. Murer, surja como uma aparente lufada de ar fresco ao resistir a alguns lugares-comuns.
Retrato de uma criança com um talento inato para o piano, o filme investe na forma como a sua família vai descobrindo e reagindo aos seus dons, e se os pais o pressionam para que continue a aprimorá-los o avô é menos incisivo, deixando-o à vontade na sua oficina onde pode agir como um rapaz normal.
"Vitus" consegue, ao longo da primeira hora, trabalhar de forma contundente e tridimensional as inquietações que vão dominando o seu protagonista, pois à medida que este evolui no desenvolvimento intelectual (as suas capacidades acima da média vão muito para além da habilidade para o piano) vai sendo cada vez mais ostracizado pelos colegas, sendo incapaz de estabeler elos de ligação com alguém da sua idade.
Para os seus progenitores, contudo, o pequeno Vitus é um concentrado de potencialidades, incorporando o triplo da genialidade que o seu pai, inventor, sempre sentiu possuir mas que não conseguiu aproveitar como ambicionava. O problema é que, embora o protagonista possua capacidades cognitivas apuradas, emocionalmente não difere muito das outras crianças, e esse desfasamento que os pais parecem ignorar acaba por colocá-lo à beira de um abismo sem soluções em vista.
"Vitus" consegue, ao longo da primeira hora, trabalhar de forma contundente e tridimensional as inquietações que vão dominando o seu protagonista, pois à medida que este evolui no desenvolvimento intelectual (as suas capacidades acima da média vão muito para além da habilidade para o piano) vai sendo cada vez mais ostracizado pelos colegas, sendo incapaz de estabeler elos de ligação com alguém da sua idade.
Para os seus progenitores, contudo, o pequeno Vitus é um concentrado de potencialidades, incorporando o triplo da genialidade que o seu pai, inventor, sempre sentiu possuir mas que não conseguiu aproveitar como ambicionava. O problema é que, embora o protagonista possua capacidades cognitivas apuradas, emocionalmente não difere muito das outras crianças, e esse desfasamento que os pais parecem ignorar acaba por colocá-lo à beira de um abismo sem soluções em vista.
Até aqui, Murer desenvolve o filme aliando uma consistente densidade dramática a um argumento razoavelmente surpreendente, que não desbrava novos territórios mas também não cai em clichés. O pior é o último terço, que contraria a boa impressão até então sedimentada e desfaz quaisquer traços de negrume, oferecendo soluções fáceis, e sobretudo implausíveis às personagens e implementando uma aura feelgood que combina mal com a perspicácia e verosimilhança que havia sustentado o argumento.
Os tons realistas do arranque do filme são francamente mais convincentes do que a forçada atmosfera de fábula que domina os momentos finais, e é pena que Murer não se decida em relação ao que pretende fazer em "Vitus", pois tanto o aproxima de uma séria e inteligente experiência cinematográfica como de uma fantasia pronta-a-agradar cuja subtileza não é maior do que a de uma vulgar fita hollywoodesca.
O elenco, que inclui o veterano Bruno Ganz, defende bem as suas personagens e a realização não compromete, mas este impasse narrativo leva a que o filme passe de intrigante a desapontante. Interessante, ainda assim, embora menos do que se esperaria.
Os tons realistas do arranque do filme são francamente mais convincentes do que a forçada atmosfera de fábula que domina os momentos finais, e é pena que Murer não se decida em relação ao que pretende fazer em "Vitus", pois tanto o aproxima de uma séria e inteligente experiência cinematográfica como de uma fantasia pronta-a-agradar cuja subtileza não é maior do que a de uma vulgar fita hollywoodesca.
O elenco, que inclui o veterano Bruno Ganz, defende bem as suas personagens e a realização não compromete, mas este impasse narrativo leva a que o filme passe de intrigante a desapontante. Interessante, ainda assim, embora menos do que se esperaria.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
4 comentários:
A maneira como começaste o post, levava a pensar uma nota melhor. Não é o meu tipo de filme! Um abraço
Pois, é um pouco como o filme, quando começou também pensei que fosse melhor. Fica bem :)
Não acho que haja desequilíbrio (falas num final demasiado cor-de-rosa), antes um louvável equilíbrio. Uma história bem contada, por vezes sem marcar a distância do telefilme, mas no conjunto bastante agradável. Não é nenhum título obrigatório, mas certamente não se dá o tempo por mal empregue ao vê-lo em sala...
Não é um desperdício de tempo, mas achei que lá para o final se tornou pouco plausível, algo que até aí não se verificou. É competente, pouco mais.
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