quinta-feira, julho 26, 2007

NOITE DE ESTREIA

A estreia em palcos portugueses já era aguardada pelos que conheciam os seus discos a solo ou mesmo antes disso, com a banda 'Til Tuesday, embora muitos dos que a acolheram ontem no Coliseu de Lisboa provavelmente só a tenham descoberto com a banda-sonora do filme "Magnolia", de Paul Thomas Anderson, que a tornou mais mediática em 1999.
O acréscimo de popularidade não parece ter comprometido, contudo, o percurso criativo de Aimee Mann, cantora e compositora que demonstrou ao vivo a sobriedade, modéstia e consistência evidente nos álbuns.

Acompanhada por outros músicos, que iam trocando de instrumentos - piano, baixo, guitarra, bateria e sintetizadores -, a autora de discos aplaudidos como "Bachelor No. 2" ou "Lost in Space" proporcionou uma interessante revisão de carreira, alternando temas óbvios com outros menos esperados e trazendo na bagagem algumas surpresas, como composições inéditas do seu novo trabalho a editar este ano. Foi o caso de "31 Today", que apesar de desconhecida pelo público não deixou de ser bem acolhida, como aliás o foram todos os temas do alinhamento.

Tendencialmente plácido e contemplativo, o concerto ancorou-se em canções onde as palavras contam, ou não fosse Mann uma contadora de histórias por excelência, e o Coliseu foi um cenário apropriado para que estas ganhassem ressonância perante um público que, apesar de vasto (a sala não esgotou, mas estava bem preenchida), permaneceu atento e dedicado, contribuindo para que se fosse edificando uma atmosfera intimista e acolhedora. A protagonista também fez por isso, convencendo pela brilhante e seguríssima forma vocal e pela postura afável, trocando algumas palavras com os fãs, muitas destas de agradecimento.

Entre a folk, a indie pop e mesmo o alternative country, o espectáculo decorreu de forma sempre competente, ainda que por vezes se tenha aproximado da monotonia, dadas as fortes semelhanças de algumas canções e do tom agridoce que domina a maioria destas. Curiosamente, foi a partir de uma falha em "Momentum" (nunca tocado antes ao vivo), a meio do concerto, que o ambiente se tornou mais dinâmico e que o alinhamento abraçou domínios de maior eclectismo.
De qualquer forma, um espectáculo com temas como "You Do" ou "Save Me" interpretados de forma sentida dificilmente correria mal, e nos dois encores registaram-se os melhores momentos, tanto com a discreta e belíssima "Red Vines" ou a igualmente recomendável "Humpty Dumpty", como com a inevitável "Wise Up" (talvez a mais aguardada) e, por fim, "Deathly", que fechou em alta um concerto algo desigual mas que ainda assim se arriscou a deixar saudades.

Antes de Aimee Mann, o Coliseu recebeu os Sean Riley & The Slowriders, banda de Coimbra cujas canções entre a folk e o rock alternativo foram bem recebidas pela considerável faixa de espectadores já presente durante a sua actuação.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM


Aimee Mann - "Calling It Quits"

2 comentários:

olarques disse...

Antes de mais espero que estejas bem. Há muito que não falamos nem nos vemos. Temos de combinar algo.
Vi uma crítica no Público que não foi nada simpática, relativamente a este concerto... Não posso comprovar porque não estive presente.

gonn1000 disse...

Olá, é verdade, já lá vai algum tempo, espero que esteja tudo bem por aí também...
Também li esse artigo, e embora ache que o concerto foi melhor do que o descrito aí até concordei em alguns aspectos.