sábado, dezembro 31, 2005

2005: O FIM

Mais um ano a chegar ao fim. Desta vez estou predisposto para a festa daqui a umas horas, mais intimista do que frenética, mas que vai, espero, ser suficientemente memorável.

Como a celebração do reveillon vai inaugurar também a minha casa, os preparativos têm-me ocupado q.b., o que explica porque é que este blog tem estado em stand by, não só isso mas também parte da recolha e organização de material para o mais recente projecto @work, que já foi finalizado há uns dias (e que, curiosamente, também tem a ver com o final do ano).

Prometidas para breve ficam as obrigatórias listas de melhores de 2005 na música (apesar de muita me ter passado ao lado) e no cinema (que consumi avidamente). Até lá, bom final de ano e melhor entrada em 2006 para todos...

sexta-feira, dezembro 30, 2005

FOTOGRAMAS DE 2005: 8

"Elisabethtown", de Cameron Crowe

UMA AVENTURA EM NARNIA

Adaptação do primeiro livro de uma série de sete que marcaram a literatura infanto-juvenil do século XX, “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa: As Crónicas de Nárnia” (The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe) recupera a clássica obra de C.S. Lewis e transfere-a para o grande ecrã, apresentando uma história marcada pela fantasia, heroísmo, traição e a eterna luta do Bem contra o Mal, indispensável em qualquer conto de fadas.

Andrew Adamson, que aqui se estreia na realização a solo, foi um dos criadores de Shrek, mas se na emblemática saga do ogre verde os modelos das fábulas eram desconstruídos e satirizados, “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa: As Crónicas de Nárnia” aposta em domínios mais convencionais, seguindo de perto o registo do livro em que se baseia.

Esta proposta, que pretende atingir um público dos 7 aos 77, era um dos blockbusters mais aguardados de 2005, muito por culpa de rumores que o apontavam como um título capaz de superar a adaptação de “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien, realizada por Peter Jackson. As proximidades entre as duas sagas são evidentes, não só porque os seus autores eram amigos mas também porque geraram obras que remetem para um imaginário semelhante, edificando mundos paralelos povoados por criaturas míticas, consideráveis doses de aventura e escapismo e uma fértil criatividade.

Os contos que decorrem no universo de Narnia são, não raras vezes, acusados de maior simplismo, mas esse factor não impede que o filme de Andrew Adamson seja uma muito conseguida proposta plena de entusiasmo, consistência e vibração, que embora siga uma narrativa linear e um formato clássico combina de forma eficaz a inovação tecnológica (não ostensiva) dos efeitos especiais com a densidade emocional necessária para que as doses de magia e encanto sejam envolventes.

Começando com as peripécias e quatro irmãos britânicos que viajam para uma casa no campo de forma a escapar a uma tumultuosa Londres durante a Segunda Guerra Mundial, o filme acompanha depois a entrada destes no reino de Narnia, possibilitando através de um portal que se encontra num dos guarda-fatos da velha mansão.
Aos poucos, o jovem quarteto adapta-se a esse mundo recém-descoberto e vê-se envolvido numa outra guerra, esta contra a hegemonia da impiedosa Bruxa Branca, cuja tirania impede o bem-estar da maioria dos habitantes de Narnia.

“O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa: As Crónicas de Nárnia” poderia ter sido mais um subproduto ancorado apenas nos prodígios dos efeitos especiais e em imponentes cenas de batalha, mas Adamson evidencia cuidado com muitos outros elementos, desde a direcção de actores até ao ritmo necessário para que a acção decorra de forma credível e ponderada.

Os quatro protagonistas, quase todos interpretados por actores estreantes, conseguem ser cativantes e espontâneos, encarnando personagens que, apesar de jovens, não são tratadas com displicência e apresentam personalidades bem vincadas e distintas (bem longe, portanto, das insuportáveis figuras de uns “Spy Kids” e afins).
A actriz mais jovem, Georgie Henley, é especialmente encantadora, irradiando frescura e inocência e destacando-se como uma das grandes revelações de 2005. A veterana Tilda Swinton oferece uma composição não menos impressionante no papel da implacável, gélida e calculista Bruxa Branca, gerando uma das melhores vilãs dos últimos tempos.

Para além das personagens humanas, outro dos trunfos do filme são as animadas por CGI, provas de uma surpreendente mestria técnica. Desde o austero leão Aslan ao irresistível e espirituoso casal de castores, todas são convincentes, assim como os belíssimos cenários, muitos criados através do recurso ao ecrã azul, que já se vai tornando habitual (usado também, por exemplo, em “Sky Captain e o Mundo de Amanhã”, cujos primeiros minutos até são semelhantes aos de “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa: As Crónicas de Nárnia”).

É certo que a película chega a ser previsível a espaços, e que tratando-se de um conto de fadas o desenlace está praticamente definido à partida e os bons valores acabam por superar tudo, contudo a não-infantilização do argumento e das personagens não deixa de ser meritória, tornando “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa: As Crónicas de Nárnia” numa bela, emotiva e divertida homenagem ao poder da imaginação, à confiança e à amizade, feita de forma genuína e com algumas das cenas mais bonitas do ano. Para ver sem preconceitos.

E O VEREDICTO É: 4/5 - MUITO BOM

quinta-feira, dezembro 29, 2005

OS PRÉMIOS LUMIÉRE ESTÃO A CHEGAR...

O gonn1000 foi um dos trinta blogs escolhidos para participar na segunda edição dos prémios Lumiére, uma iniciativa coordenada pelo Miguel Lourenço Pereira cujo objectivo o "de continuar a premiar o que de melhor se faz de cinema a nivel mundial (...). Longe de estar restringido ao leque dos membros da ABCine, a nova edição dos Lumiére conta com trinta membros do júri.
E esses trinta nomes, não são apenas nomes. Da politica ao jornalismo, da música ao cinema, passando pela sociedade civil, são trinta personalidades altamente apreciadas e respeitadas na blogosfera nacional. Porque os Lumiére agora são mais do que simples prémios de cinema. São também uma forma de aproximar a grande família dos blogs portugueses, que teima em não viver como uma comunidade.
Este primeiro passo pode ser pequeno, mas é feito com determinação e vontade de aproximar pessoas (e blogs), que aparentemente, pouco teriam a ver uns com os outros."


O Miguel acrescneta ainda que "cada blog - cada membro do jÚri - apresenta um top5, por ordem de preferência, em cada uma das treze categorias escolhidas. Ao primeiro de cada lista serão atribuídos cinco pontos, quatro ao segundo, três ao terceiro, dois ao quarto e um ao quinto e último nome. Os vencedores serão os que tiverem mais pontos, sob o ponto de terem sido, pelo menos uma vez, a primeira escolha de um dos membros.
(...) O dia 15 de Janeiro será o último dia de votação. Os vencedores serão anunciados simultaneamente em cada um destes trinta espaços no dia 28 de Janeiro de 2006."

As categorias sujeitas a votação são as de Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor, Melhor Actriz, Melhor Actor Secundário, Melhor Actriz Secundária, Melhor Argumento, Jovem Promessa Masculina, Jovem Promessa Feminina, Melhor Filme Animado, Melhor Banda Sonora, Melhor Fotografia e Melhor Montagem. Let the games begin...

FOTOGRAMAS DE 2005: 7

"Cruel" (Ondskan), de Mikael Håfström

sábado, dezembro 24, 2005

FELIZ NATAL/ MERRY X-MAS!

E pronto, chegou finalmente o Natal, e hoje à noite lá se vai cumprir o ritual habitual com a família, prendas e perú ou bacalhau (voto no primeiro!). Boas festas para todos!
Nota: O Lockeed, a Kitty Pride, o Hank McCoy e a Rachel Summers, na imagem acima, também desejam bom Natal :)

quinta-feira, dezembro 22, 2005

FOTOGRAMAS DE 2005: 6

"Salto Mortal" (Somersault), de Cate Shortland

QUERIDA, ESCONDI OS MIÚDOS

Um dos filmes mais aguardados de 2005, Guerra dos Mundos” (War of the Worlds) é a adaptação cinematográfica do emblemático e influente livro homónimo de H.G. Wells, uma das obras literárias que mais contribuiu para criar os arquétipos de uma já paradigmática vertente da ficção científica: o contacto entre a raça humana e seres alienígenas.

Curiosamente, essa nova perspectiva sobre a obra de Wells foi elaborada por um nome que criou já marcantes títulos cinematográficos que se inserem dentro desse género, Steven Spielberg, por isso estavam reunidos, à partida, os condimentos certos para o filme resultar.

Ora, se não chega a ser uma obra-prima, “Guerra dos Mundos” é, ainda assim, uma das mais estimulantes propostas de ficção científica do novo milénio, revelando um realizador que, apesar de irregular, possui um inegável savoir-faire e sabe como fazer um blockbuster que, embora recorra aos obrigatórios efeitos especiais (fenomenais, diga-se) e contenha múltiplas cenas de acção acelerada, não se limita a seguir os automatismos que orientam muitos tarefeiros dos dias de hoje e que apenas se preocupam em gastar as maiores quantias em explosões megalómanas, desconsiderando tudo o resto.

É certo que a temática das invasões extraterrestres está longe de ser algo novo, e mesmo que Wells tenha sido um percursor uma adaptação da sua obra corria o risco de trazer um sabor a requentado. Spielberg, porém, consegue que o filme não seja um déjà vu e proporciona um intrigante olhar sobre o contacto com o outro, a relação com o medo, a insegurança, o apocalipse e, claro, a família, referência indispensável nos seus trabalhos.

Colocando o espectador como testemunha das peripécias de um pai divorciado e dos seus dois filhos (uma criança e um adolescente) que, para além da sua problemática relação, são obrigados a reagir às repentinas investidas de letais invasores, “Guerra dos Mundos” interliga domínios do drama e da ficção científica, temperados com vitais doses de acção e terror.
Esta mistura, se por um lado revela que a película tenta fazer com que as personagens não sejam meras figuras que percorrem uma série de etapas – algo que debilita muitos blockbusters -, também leva a que os dilemas gerados pelos laços familiares dos protagonistas nem sempre sejam desenvolvidos da forma mais conseguida, uma vez que, apesar dos esforços, as personagens não chegam a ser tão tridimensionais como se esperaria.

Tom Cruise, no papel de um pai cujo temperamento algo difícil não o impede de lutar para proteger sempre a sua família, apresenta um desempenho competente, assim como Justin Chatwin e a pequena Dakota Fanning, que encarnam dois jovens credíveis, contudo estes protagonistas são mais estereotipados do que refrescantes.
A personagem de Chatwin, em especial, carece de maior desenvolvimento, limitando-se a servir as conveniências do argumento e não tanto a definir um espaço singular na acção.

Esta limitação, assim como o desenlace anti-climático e pouco satisfatório, torna “Guerra dos Mundos” num filme irregular, característica que o impede de atingir a excelência que outros dos seus elementos sugerem. Não deixa por isso de ser um grande filme, já que Spielberg oferece um ritmo absorvente, com múltiplos momentos de prodigioso suspense vincado por um criativo trabalho de realização.
Há por aqui vários momentos de antologia, desde a cena em que Dakota Fanning se depara com os cadáveres no rio até ao arrepiante comboio em chamas, não esquecendo, claro, os tensos momentos em que a personagem de Cruise viaja com os filhos no automóvel.

Carregado de uma claustrofobia a que dificilmente se fica indiferente, “Guerra dos Mundos” é uma película arrojada e visceral (excepto no já referido final), que não tem medo de expor o melhor e o pior da humanidade, apresentando as atitudes que emergem quando a própria vida está em risco e todas as acções são orientadas em função disso, para o bem e para o mal.

Possuindo algumas das sequências mais asfixiantes vistas no grande ecrã em 2005, alicerçadas numa exímia gestão de cliffhangers e numa imbatível energia visual, o filme afirma-se como o melhor de Spielberg desde o brilhante “Relatório Minoritário” (este sim, provavelmente o melhor dos melhores), superando sem dificuldades a convencional mediania de “Apanha-me se Puderes” e “Terminal de Aeroporto”.
Não chega a ser o mais impressionante filme do ano, mas dizima todos os outros blockbusters com um profissionalismo à prova de bala (ou, no caso, de alienígenas).
E O VEREDICTO É: 4/5 - MUITO BOM

terça-feira, dezembro 20, 2005

Uma das bandas mais coesas e marcantes do panorama musical português recente, os Da Weasel assinalaram, com o emblemático "Re-Definições", o seu pico de popularidade (até agora), mas para além de consistente em disco a banda de Pac Man é ainda mais recomendável nas prestações ao vivo. Diz quem foi que os concertos nos Coliseus de Lisboa e do Porto não foram excepção, e quem não foi (como eu), pode comprovar alguma dessa energia aqui.

A NORA PRÓDIGA COM UM EX-SOGRO DO PIOR

Conhecido sobretudo pelos seus filmes mais académicos e politicamente correctos, como o pouco estimulante “As Regras da Casa” ou o francamente dispensável “Chocolate”, que mais não são do que (sub)produtos saídos da linha de montagem de (suposto) prestígio da Miramax, o sueco Lasse Hallström ameaçava, à custa dessas obras mais recentes, atirar o sua cinematografia para uma absoluta indistinção, limitando-se a seguir lugares-comuns e a apostar em sentimentalismos fáceis.

Contudo, em alguns títulos da fase inicial da sua carreira, o realizador chegou a oferecer motivos que o tornassem num nome a seguir, de que é exemplo o discreto e comovente drama “Gilbert Grape”, onde uns principiantes Johnny Depp e Juliette Lewis encarnavam personagens tridimensionais e um surpreendente Leonardo DiCaprio apresentava uma dos seus desempenhos mais conseguidos (e, curiosamente, um dos menos mediáticos).

“Uma Vida Inacabada” (An Unfinished Life), a sua nova proposta, recupera alguma da genuína e envolvente vibração emocional desse filme, contando uma história simples, mas consistente, assentando em personagens bem esculpidas, situações credíveis e numa subtil reflexão acerca dos laços familiares e da solidão, vincada por conflitos interiores, memórias amargas e tentativas de redenção.

A película segue os novos rumos de Jean, que após ter sido alvo de violência doméstica por parte do seu namorado decide partir com a sua filha para uma pequena localidade rural no Wyoming, pedindo alojamento temporário ao seu ex-sogro, Einar.
Todavia, se por um lado Jean evita, pelo menos durante algum tempo, alguns dos seus problemas, logo que se apercebe que, ao chegar à sua nova casa, terá de lidar com muitos outros, que de resto se encontravam acumulados há já vários anos.

Hallström debruça-se aqui, mais uma vez, sobre as contrariedades e ambivalências das relações humanas, mas ao contrário do que ocorreu em nos seus últimos trabalhos consegue um resultado equilibrado e sensato, e embora algumas questões sejam abordadas e resolvidas de forma algo leve “Uma Vida Inacabada” possui uma série de momentos com uma forte carga dramática, mergulhando no âmago das suas personagens e gerando conflitos emocionais interessantes.

É certo que formalmente o filme não traz nada de novo, apostando numa narrativa convencional e num trabalho de câmara correcto e sóbrio, mas sem grande criatividade.
Hallström revela-se mais convincente através da inatacável direcção de actores, pois as interpretações de Morgan Freeman e, sobretudo, de Robert Redford (uma das melhores do ano) fazem com que “Uma Vida Inacabada” seja quase sempre estimulante, possuindo personagens de carne e osso, bem escritas e melhor encarnadas.
Até Jennifer Lopez, cujos méritos como actriz são algo duvidosos, é capaz de atingir um nível competente, e a pequena Becca Gardner é mais uma jovem promessa a confirmar. Saliente-se ainda a solidez dos secundários, onde constam presenças seguras como Josh Lucas (que já merecia um papel de maior escala) ou Camryn Manheim.

Sereno e contemplativo, “Uma Vida Inacabada” não é uma obra de génio mas também não é essa a sua pretensão, e se não torna Hallström num realizador especialmente inspirado é suficiente para o colocar entre os nomes a ter em conta no futuro, uma vez que este é um belo olhar sobre personagens desencantadas e entregues a si mesmas que, aos poucos, constroem a família possível (as plácidas paisagens do interior norte-americano, que não chegam muito ao outro lado do oceano, também ajudam).
“Duas Vidas e Um Rio”, do próprio Redford, ou “Uma Canção de Amor”, de Shainee Gabel (outro dos filmes mais injustamente ignorados de 2005), são referências próximas, mas não impedem “Uma Vida Inacabada” de ocupar um espaço singular que vale a pena descobrir e partilhar.
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM

BLINKS & LINKS

Obrigado aos responsáveis pelos blogs 1 Minuto e Som de Garagem por me blinkarem ;)

domingo, dezembro 18, 2005

FOTOGRAMAS DE 2005: 5

"Mar Adentro", de Alejandro Amenábar

SATURDAY NIGHT

Radiohead, Massive Attack, Moby, Cowboy Junkies, Placebo, Portishead, ... @ Incógnito
VS...

"I'm amnesiac... Who's that girl??"

... Madonna, Duran Duran, Táxi, Depeche Mode, Heróis do Mar, INXS, ... @ Plateau
E pronto, já dancei o "Hung Up" :) Afinal até gostas de Radiohead, hein, Dré? Vá, eu admito que também gosto de algumas coisas de Duran Duran (o "Planet Earth" resultou bem)...

sexta-feira, dezembro 16, 2005

FOTOGRAMAS DE 2005: 4

"Os Edukadores" (The Edukators), de Hans Weingartner

CAIXA DE MÚSICA DIGITAL

Um site obrigatório para qualquer melómano, o Pandora oferece a oportunidade de criar uma rádio pessoal (ou mais), possibilitando a selecção de artistas e canções e sugerindo outros que se encontrem em territórios musicais próximos, sugestões essas que podem ser rejeitadas pelo utilizador.
É verdadeiramente viciante, e tem a vantagem de não conter só singles e canções emblemáticas mas também muitos lados-b e raridades, o que o torna num espaço a (re)descobrir com frequência, sobretudo tendo em conta o estado muito pouco saudável da maioria das rádios actuais, onde a novidade é encarada com suspeita e receio.


Uma das minhas redescobertas foram os Bis (na foto), uma banda que já não ouvia há uns tempos. Valeu a pena reencontrar a muito catchy e dinâmica mistura de new wave, trip-hop e electropop deste trio britânico criativo e irreverente (algures entre os Blur, Le Tigre, Human League, B52's e Luscious Jackson). O destaque principal vai para a irresistível "The End Starts Today", um dos seus melhores singles e uma canção que não tenho parado de ouvir.
Enjoy ;)

quinta-feira, dezembro 15, 2005

FOTOGRAMAS DE 2005: 3

"Colisão" (Crash), de Paul Haggis

QUASE FALHADOS

Chegando a salas nacionais depois de ter sido quase unanimemente arrasado pela crítica norte-americana, “Elizabethtown”, o mais recente filme de Cameron Crowe, é, como o são a maioria das obras do realizador, mais um relato do quotidiano de pessoas aparentemente simples e palpáveis, que recorre a um ponto de partida que de refrescante não terá muito, propondo mais uma variação sobre o modelo boy meets girl.

Contudo, apesar de recorrente no cinema (e não só), esse é também o modelo que está na base de todas as grandes histórias já contadas e que aqui é trabalhado com especial engenho e sensibilidade, para o qual contribui, sobretudo, um cuidado tratamento do argumento, que embora parta de premissas pouco originais apresenta um desenvolvimento inesperado e cativante.

“Elizabethtown” é, em poucas linhas, um olhar sobre a experiência do falhanço de Drew, um jovem designer de uma grande empresa de calçado desportivo cujo projecto se revela um abismal insucesso, colocando em causa não só a sua carreira mas também a reputação dos seus colegas e patrões.
Face a esta abrupta desilusão, o suicídio surge como uma tentadora hipótese a considerar, mas não chega a ser consumado pois entretanto Drew depara-se com a notícia da morte do pai, sendo solicitado pela mãe e irmã para tratar do funeral na cidade-natal deste, Elizabethtown, para onde se desloca. As surpresas, no entanto, não acabam aqui, pois durante a viagem de avião Drew trava conhecimento com Claire, uma luminosa e desconcertante hospedeira que será uma figura determinante no seu percurso a partir daí.

Nas mãos de um qualquer tarefeiro de Hollywood, esta poderia ser a base para um filme igual a tantos outros e facilmente esquecível, mas Cameron Crowe, mesmo com uma filmografia irregular, já provou que é mais do que isso, e “Elizabethtown” é provavelmente o melhor exemplo para o confirmar.

Intimista e pessoal, é uma película que se aventura por vários territórios mas não chega a decidir-se por nenhum, combinando traços do drama familiar, comédia romântica e road movie e gerando uma mistura que, apesar de desigual, é estranhamente envolvente e irresistível.
Sim, o desenlace poderá ser previsível e o filme não é propriamente um prodígio de inventividade, mas tem uma assinalável capacidade para reciclar perspectivas sobre temas já por demais focados – o surgimento do amor, a morte, o conflito interior, o regresso às origens, a relação com a figura paterna, o crescimento, a singularidade da América profunda ou (a falta de) comunicação -, impondo-se como uma obra subtil e inteligente, mas também acessível e emotiva.

Baralhando os limites entre a comédia e o drama, alternando sequências de grande carga dramática com momentos espirituosos e reluzentes, recorrendo a personagens offbeat que não deixam de ser verosímeis (e sempre tratadas com um óbvio carinho e respeito) e a situações à partida desconcertantes mas que se revelam depois essenciais, “Elizabethtown” conta ainda com uma marca idealista que já é habitual nos trabalhos de Crowe, e que se apresenta bem mais equilibrada do que em alguns dos seus projectos anteriores (se o desequilibrado e algo meloso “Jerry Maguire” era um teste à paciência dos mais cínicos, aqui os riscos de enjoo são mais reduzidos).

Igualmente decisiva em todas as películas do cineasta é a banda-sonora, e “Elizabethtown” não é excepção, proporcionando um recomendável cardápio de canções clássicas e recentes, onde U2, Ryan Adams, Wheat ou Tom Petty convivem sem dificuldades e são perfeitas para as atmosferas do Kentucky, atingindo o pico de intensidade no inebriante epílogo.
Não se limitando a funcionar enquanto mero papel de parede com som, é evidente que, para Crowe, a música pode dar um contributo essencial para a expressão e definição de estados emocionais, ideia que, de resto, o par protagonista também partilha (atente-se ao presente que Claire oferece a Drew), tornando o intimismo do filme ainda mais conseguido.

Inevitável é, também, a referência ao contributo dos actores, em especial ao de Susan Sarandon, responsável por um dos momentos mais intensos (e obtusos) do filme, e aos do duo principal. Kristen Dunst já se distinguiu há muito de tantas outras meninas bonitas de Hollywood, voltando a oferecer um desempenho sem falhas e uma personagem atípica mas com a qual é difícil não sentir empatia, já Orlando Bloom é uma agradável surpresa, conseguindo uma composição segura e empenhada, apostando num underacting que o favorece e afastando-se dos limitados desempenhos que vincaram o seu percurso até aqui.
Hábil director de actores, Crowe congrega aqui dois protagonistas que possuem uma química visível e uma dedicação entusiasmante, o que faz com que a história de amor funcione e se eleve a uma das mais belas que se desenrolaram no grande ecrã em 2005. Em suma, quem procurar um filme delicioso não pode passar ao lado deste “Elizabethtown”.
E O VEREDICTO É: 4/5 - MUITO BOM

segunda-feira, dezembro 12, 2005

FOTOGRAMAS DE 2005: 2

(SUB)CULTURAS DE RUA

Num período em que o hip-hop se tornou num género musical em franca expansão, não se limitando às esferas marginais onde surgiu e ocupando cada vez mais espaço em meios mainstream, o cinema exibe algumas ressonâncias desse fenómeno, tanto através de interessantes exercícios dramáticos "8 Mile", de Curtis Hanson, onde Eminem se estreou como actor), produtos indistintos para consumo adolescente (“Honey”, de Bille Woodruf, ou “Ao Ritmo do Hip-Hop”, de Thomas Carter) e, também, de olhares documentais, de que é exemplo “Rize”, a estreia na realização de David LaChapelle, fotógrafo que já trabalhou com estrelas como Madonna, Pamela Anderson ou Christina Aguilera.

Contrariamente ao seu percurso percurso até agora, LaChapelle debruça-se aqui não em ícones do star system mas nos habitantes de bairros pobres dos subúrbios de Los Angeles, abordando a sua cultura a partir de novos tipos de dança nascidos nesses ambientes: o clowning e o krumping, vincados por movimentos ágeis, ultradinâmicos e rebuscados, unindo a destreza e a sensualidade.

Uma das poucas, e em alguns casos mesmo a única, alternativas viáveis aos constantes e quase inescapáveis apelos dos gangs, estas formas de dança proporcionam aos elementos mais novos um escape para o seu quotidiano precário e inquietante, servindo como meio que lhes permite expurgar a sua raiva e frustrações de um modo mais construtivo do que os habituais actos criminosos praticados por vários jovens revoltados.

Apresentando a evolução desta nova e espontânea expressão artística, “Rize” acompanha relatos dos primeiros dias, centrando-se em Tommy the Clown, o criador do clowning, assim como os diversos grupos de dançarinos rivais praticantes do krumping que se encontram propagados por vários bairros hoje em dia.
Para além da dança e da música, o documentário assenta em depoimentos de figuras locais e traça um credível retrato dos modos de vida deste microuniverso, geograficamente próximo de Hollywood mas com códigos bem distantes (e igualmente avessos à identidade postiça de muito do hip-hop com maior visibilidade).

Visualmente estimulante, embora não tanto quanto alguns trabalhos fotográficos de LaChapelle poderiam sugerir (cujo potencial só é atingido no vibrante genérico final), “Rize” vale não só por essa vertente mas também pela energia humana que contém, factores que compensam a redundância de algumas cenas (como as da competição, demasiado longas e cansativas) e pontuais impasses da narrativa e fazem desta uma boa primeira obra e mais uma prova do crescimento do género documental, que tem sido evidente nos últimos anos.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

domingo, dezembro 11, 2005

BLINKS & LINKS

Mais alguns novos e a descobrir: BrainTicket, O Terceiro Homem e r.b.S..

FOTOGRAMAS DE 2005

sábado, dezembro 10, 2005

NOITE DE ESTREIA

Atenção: Hoje, sábado, à meia-noite, "Noite Escura" tem a sua estreia na televisão, na RTP1. Mesmo quem tenha resistências ao cinema português deve colocar os preconceitos de lado e dar uma oportunidade a este filme, que foi uma das melhores surpresas de 2004, apresentando um realismo, trabalho de actores, argumento, atmosfera e realização muito conseguidos. Mais detalhes aqui.

Mesmo não considerando a mais recente obra de João Canijo uma obra-prima, acho que os comentários da crítica foram justos:

"(...) o melhor filme de João Canijo e que devia ser estudado em qualquer escola de cinema (...) Notável, tal como os actores."
- António Cabrita (Expresso)

"Nem sociológico nem abjeccionista, sem «denúncia» nem lição de moral, NOITE ESCURA é o melhor filme de Canijo até agora"
- Eurico de Barros (Diário de Notícias)

"Dizer que NOITE ESCURA é um dos melhores filmes da história do cinema português não é um elogio - é uma evidência. O realizador João Canijo superou-se"
- José Miguel Tavares (Premiere)

Mas não há nada como julgarem por vocês próprios mais logo...

quarta-feira, dezembro 07, 2005

TEEN POP(ZINHA)

Há cinco anos “Overload”, o single de estreia de uma nova girls band, tomou de assalto as playlists da maioria das rádios, disseminando uma melodia contagiante e com mais risco do que grande parte das canções de outros projectos teen pop.
O videoclip, com alta rotação na MTV, beneficiou também do aspecto saudável, digamos assim, das três jovens cantoras, denominadas Sugababes, cujo álbum “One Touch”, produzido por Cameron McVey (colaborador e marido de Neneh Cherry), proporcionou mais dois ou três temas com a mesma frescura e vivacidade.

Dois discos depois, o trio composto por Keisha Buchanan, Mutya Buena e Heidi Range (ex-Atomic Kitten que substituiu Siobhan Donaghy) ataca de novo as playlists com “Taller in More Ways”, que mantém a acessibilidade e o apuro da produção dos antecessores, continuando a apostar na mesma combinação de pop, funk e R&B com electrónica q.b., contendo a espaços reminiscências do trip-hop e hip hop.

Despretensiosas e trauteáveis, as canções não seguem vias tão óbvias como muitos nomes do cenário mainstream actual, mas não deixam de ser formatadas, funcionando enquanto um conjunto de temas agradáveis mas que raramente surpreendem, revisitando domínios das TLC, Madonna, Spice Girls, Morcheeba, All Saints ou Destiny’s Child (e aproximando-se também da pop digital de Annie ou dos Goldfrapp).

“Push the Button”, o primeiro single, não destrói as boas memórias de alguns outros de álbuns anteriores, casos dos certeiros “Freak Like Me”, “Round Round” ou “Hole in the Head”, contudo outros momentos de “Taller in More Ways” não conseguem estar à altura deste, sendo eficazes mas insistindo em desaparecer rapidamente da memória.

Ainda assim, os episódios mais dinâmicos são suficientemente apelativos, oferecendo uma competente bubblegum pop, satisfatória enquanto dura e sem grandes aspirações. “Gotta Be You”, “Red Dress” e “It Ain´t Easy” são disso exemplo, destacando-se da banalidade que contamina as restantes, na sua maioria baladas enfadonhas criadas a regra e esquadro para consumo adolescente pouco criterioso. “Ace Reject” e “2 Hearts” são as excepções, contando com soluções melódicas mais interessantes e subtis e uma maior entrega vocal.

Das letras não há muito a dizer, pois servem apenas de acompanhamento inane, no entanto, e ao contrário de muita da produção pop descartável, as Sugababes confirmam que têm vozes suficientemente competentes para cantar, o que não torna “Taller in More Ways” num bom disco mas permite-lhe ser um produto audível e tolerável, que não entusiasma mas também não ofende. É pouco, mas não se pode pedir muito mais a um quase guilty pleasure que, dentro do género, até está acima da média...
E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL

domingo, dezembro 04, 2005

COLISÃO

Apresentado na mais recente edição da Festa do Cinema Francês, "Reis e Rainha", de Arnaud Desplechin, já está em exibição nas salas nacionais.

Não sendo essencial, é um dos bons títulos de um cineasta que tem vindo a afirmar-se no cinema francês actual, que entre quase três horas irregulares mas recomendáveis destrói as fronteiras entre o cómico e o trágico e oferece duas das grandes interpretações do ano (de Emmanuelle Devos e Mathieu Amalric). Não é de fácil digestão, mas é um filme a descobir. Mais detalhes aqui.

THIS IS JUST A TEST

Resultado: 21 pontos

Eu tenho um excelente vocabulário.


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Não tanto como o do Duarte, mas pronto...

POBRE MENINA LOUCA

Embora tenha realizado outras películas, o britânico John Madden destacou-se sobretudo com “A Paixão de Shakespeare”, um filme sobrevalorizadíssimo e vencedor de sete Óscares, em 1998, que assinalou o maior equívoco cometido pela Academia das Artes e Ciências Cinematográficas americana durante a década de 90.
Já o seu filme seguinte, “Capitão Corelli”, de 2001, passou a leste das atenções, e agora o realizador regressa com “Proof – Entre o Génio e a Loucura”, reencontrando-se com Gwyneth Paltrow, a actriz que protagonizou a sua obra mais emblemática e que assume aqui de novo o papel principal.

Paltrow foi também a protagonista da bem sucedida peça de David Auburn em que o filme se inspira, encarnando Catherine, filha de um conceituado matemático recentemente falecido que aparenta ter herdado deste parte da sua genialidade assim como alguma da sua instabilidade emocional.
Para além de ter de superar os difíceis primeiros dias de luto, Catherine terá de voltar a contactar com a sua irmã mais velha, com quem mantém uma relação difícil, e de tentar compreender o que sente por um ex-aluno do seu pai que estuda os muitos apontamentos que este deixou.

Filme de personagens e, principalmente, de actores, “Proof – Entre o Génio e a Loucura” evidencia as suas bases teatrais, tendo em conta que possui poucas cenas de exteriores, centra-se bastante nos diálogos e não apresenta grandes ideias de cinema. Formalmente, Madden é até muito acomodado e académico, proporcionando um trabalho de realização competente mas demasiado previsível, sem nenhum plano com sinais particulares (dando assim continuidade à matriz que já caracterizava os seus filmes anteriores).

Não é, portanto, pela inventividade do realizador que “Proof – Entre o Génio e a Loucura” se torna num filme interessante, mas antes pelo argumento que, mesmo não sendo revolucionário, é suficientemente sólido, assim como o são as interpretações de um elenco bem dirigido.
Paltrow volta a provar que é uma actriz meritória, oferecendo um desempenho convincente e compondo uma protagonista intrigante, mas o elenco de secundários é igualmente forte, contando com interpretações de um Anthony Hopkins pouco empenhado mas ainda assim seguro e de Jake Gyllenhaal, um dos melhores jovens actores norte-americanos que aqui encarna com eficácia mais uma personagem idealista (que, no entanto, o argumento poderia ter explorado mais). A interpretação mais surpreendente, contudo, é a de Hope Davis, num papel nos antípodas daquele que lhe deu alguma visibilidade em “American Splendor”, mas não menos conseguido e credível.

Oscilando entre o drama e a comédia sem cair em facilidades emocionais ou num humor óbvio, “Proof – Entre o Génio e a Loucura” pode não trazer nada de novo ao cinema mas pelo menos conta uma boa história de forma competente, com personagens e situações verosímeis, algo que nem sempre é muito habitual hoje em dia, pelo menos em domínios mais mainstream. Não torna John Madden num realizador especialmente marcante, mas permite que este se redima por ter gerado títulos tão inócuos e facilmente esquecíveis como o famigerado “A Paixão de Shakespeare”.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

sábado, dezembro 03, 2005

O IMPÉRIO DOS SILÊNCIOS

Um dos nomes do cinema coreano actual com alguma visibilidade fora de fronteiras asiáticas, Kim Ki-duk tem consolidado uma filmografia marcada por obras pouco consensuais mas peculiares, como os recentes “O Bordel do Lago” ou “Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera”.

“Ferro 3” (Bin-jip/ 3-Iron), o seu novo filme, é mais um título que dificilmente deixará alguém indiferente, habilitando-se a despertar paixões incondicionais a par de rejeições quase absolutas, tendo em conta a sua atípica estrutura e conteúdo.

Um olhar sobre a solidão, a inadaptação e o amor, a película apresenta o quotidiano de um rapaz que invade casas quando os donos estão ausentes mas que nunca rouba ou danifica nada, limitando-se a habitá-las durante algum tempo e a realizar tarefas prosaicas.
Numa das suas habituais visitas, o protagonista, meticuloso e discreto, é surpreendido quando se apercebe de que esteve a ser observado, durante algumas horas, pela moradora de uma das casas onde se infiltrou, mas esta praticamente não reage à sua presença, trocando apenas olhares que denunciam uma contida mas profunda melancolia.

Conhecendo-se de forma pouco convencional, estes dois jovens iniciam, através desta estranha peripécia, uma forte cumplicidade assente no silêncio e serenidade que caracteriza as posturas de ambos, contudo essa relação tornar-se-á cada vez mais ameaçada à medida que elementos exteriores se intrometem, caso do marido da jovem (que a agride fisicamente com frequência), de habitantes de outras casas ou da polícia.

Nos primeiros minutos do “Ferro 3”, Kim Ki-duk consegue gerar uma aura invulgar e envolvente, proporcionando cenas intrigantes onde a indefinição do filme funciona a seu favor. O problema é que os ambientes de enorme silêncio e contemplação se tornam demasiado recorrentes e cansativos, tornando o filme num objecto excessivamente abstracto e não raras vezes maçador.

Há pontuais momentos inspirados, como a cena do abraço a três, mas encontram-se perdidos numa narrativa debilmente conduzida, vincada por um ritmo letárgico e um esoterismo desnecessário, que na tentativa de tornar a película ambígua faz com que esta descoordene ainda mais o espectador.

“Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera” também apresentava estas limitações, e infelizmente Kim Ki-duk mostra-se incapaz de as resolver agora, enveredando pelo mesmo tipo de ambientes etéreos e poéticos onde a fronteira entre o real e o onírico é difusa e nem mesmo a fugaz aproximação a territórios do thriller ou do fantástico é capaz de inserir alguma carga de surpresa.

Sobram ocasionais estilhaços onde a vibração dos olhares dos protagonistas supera tudo o resto (em especial o do promissor jovem actor Jae Hee) ou onde a energia visual e sonora gera sequências que parecem antecipar um rumo mais sólido para o filme. Rumo esse que, infelizmente, nunca a chega a delinear-se, não deixando “Ferro 3” ser mais do que um filme singular, mas falhado.
E O VEREDICTO É: 1,5/5 - DISPENSÁVEL