sexta-feira, março 11, 2005

UMA AVENTURA COM OS FURSLIDE

Uma das muitas bandas que editou um álbum e não manifestou indícios de actividade desde então, os Furslide lançaram o primeiro - e único - disco de originais em 1998, propondo uma interessante pop de perfil mainstream com contaminações que vão da electrónica ao rock alternativo.

"Adventure", o registo de estreia, não desbrava novos territórios nem contém uma carga inventiva especialmente marcante - não se aventura tanto como o título poderá sugerir - mas consegue apresentar um resultado suficientemente sólido e coeso que o tornam num trabalho merecedor de atenção.

Produzido por Nellee Hooper - o que é logo um ponto que gera alguma curiosidade, dado que a lista de colaborações do produtor inclui Massive Attack, Madonna ou U2 -, o álbum oferece uma pop-rock relativamente versátil, que tanto envereda por ambientes indie como exibe traços electrónicos, não evitando também influências folk.
A espaços quase lo-fi, servindo-se da simplicidade acústica, noutros momentos mais atmosférico e etéreo, recorrendo a uma electrónica discreta e subtil, "Adventure" consegue abordar vários domínios com eficácia e sofisticação.

A vocalista Jennifer Turner ajuda a tornar o resultado convincente, transbordando elegância e carisma tanto num registo mais enérgico como em cenários de maior placidez e serenidade.
Embora a maioria das canções sejam entusiasmantes, raramente há, contudo, rasgos de inspiração superior, mas temas como o absorvente e sedutor "Love Song" (um belo single trip-pop de contornos góticos), o hipnótico "Skinny Girl" (com um fabuloso clímax de guitarras e electrónica) ou os delicados e harmoniosos "Hawaii" e "Faith" (duas baladas cristalinas) mostram que a banda é capaz do melhor. Noutros momentos, as cargas de criatividade não são tão elevadas, expondo episódios mais derivativos - o espectro vai de Fiona Apple a Garbage, passando pelas Breeders, Ani di Franco ou mesmo Sheryl Crow - e formatados.
No geral, o balanço não deixa de ser positivo, tornando "Adventure" num disco que, apesar de recomendável, foi praticamente ignorado. A (re)descoberta, essa, é sempre possível, e é uma aventura que vale a pena.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

8 comentários:

serebelo disse...

Admito que os Furslide me passaram ao lado, porque nunca lhes achei muita piada. No entanto, tenho uma promo deles, do teme Love Song. Não sei se coleccionas música, mas e estiveres, diz qualquer coisa, que a mim pouco me interessa este single.

gonn1000 disse...

Obrigado :) Se realmente não te interessa, não me importava de ficar com ele, mas como posso adquiri-lo?

O Puto disse...

Dos Furslide apenas me lembro dum vídeo com muito vento, e do facto de terem estreado a etiqueta discográfica do Howie B.

gonn1000 disse...

Sim, era o vídeo do "Over My Head", e a etiqueta era, julgo, a meanwhile...

serebelo disse...

Em relação ao single. Vender não, mas se tiveres alguma coisa do mesmo género para troca assim o faremos. Deixo-te aqui o meu mail, se continuares interessado. sergiorebelo@netcabo.pt

gonn1000 disse...

OK, vou ver o que tenho...

Gil Cunha disse...

Comprei este álbum na altura em que saiu, pois sendo produzido por Nellee Hooper merece toda a atenção... gostei no entanto falhou, como dizes, o espírito de aventura...

gonn1000 disse...

Sim, não é assim tão surpreendente quanto isso, mas ainda é um disco que mantém o interesse do princípio ao fim...