Uma das muitas bandas que editou um álbum e não manifestou indícios de actividade desde então, os Furslide lançaram o primeiro - e único - disco de originais em 1998, propondo uma interessante pop de perfil mainstream com contaminações que vão da electrónica ao rock alternativo.
"Adventure", o registo de estreia, não desbrava novos territórios nem contém uma carga inventiva especialmente marcante - não se aventura tanto como o título poderá sugerir - mas consegue apresentar um resultado suficientemente sólido e coeso que o tornam num trabalho merecedor de atenção.
Produzido por Nellee Hooper - o que é logo um ponto que gera alguma curiosidade, dado que a lista de colaborações do produtor inclui Massive Attack, Madonna ou U2 -, o álbum oferece uma pop-rock relativamente versátil, que tanto envereda por ambientes indie como exibe traços electrónicos, não evitando também influências folk.
A espaços quase lo-fi, servindo-se da simplicidade acústica, noutros momentos mais atmosférico e etéreo, recorrendo a uma electrónica discreta e subtil, "Adventure" consegue abordar vários domínios com eficácia e sofisticação.
A vocalista Jennifer Turner ajuda a tornar o resultado convincente, transbordando elegância e carisma tanto num registo mais enérgico como em cenários de maior placidez e serenidade.
Embora a maioria das canções sejam entusiasmantes, raramente há, contudo, rasgos de inspiração superior, mas temas como o absorvente e sedutor "Love Song" (um belo single trip-pop de contornos góticos), o hipnótico "Skinny Girl" (com um fabuloso clímax de guitarras e electrónica) ou os delicados e harmoniosos "Hawaii" e "Faith" (duas baladas cristalinas) mostram que a banda é capaz do melhor. Noutros momentos, as cargas de criatividade não são tão elevadas, expondo episódios mais derivativos - o espectro vai de Fiona Apple a Garbage, passando pelas Breeders, Ani di Franco ou mesmo Sheryl Crow - e formatados.
No geral, o balanço não deixa de ser positivo, tornando "Adventure" num disco que, apesar de recomendável, foi praticamente ignorado. A (re)descoberta, essa, é sempre possível, e é uma aventura que vale a pena.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
8 comentários:
Admito que os Furslide me passaram ao lado, porque nunca lhes achei muita piada. No entanto, tenho uma promo deles, do teme Love Song. Não sei se coleccionas música, mas e estiveres, diz qualquer coisa, que a mim pouco me interessa este single.
Obrigado :) Se realmente não te interessa, não me importava de ficar com ele, mas como posso adquiri-lo?
Dos Furslide apenas me lembro dum vídeo com muito vento, e do facto de terem estreado a etiqueta discográfica do Howie B.
Sim, era o vídeo do "Over My Head", e a etiqueta era, julgo, a meanwhile...
Em relação ao single. Vender não, mas se tiveres alguma coisa do mesmo género para troca assim o faremos. Deixo-te aqui o meu mail, se continuares interessado. sergiorebelo@netcabo.pt
OK, vou ver o que tenho...
Comprei este álbum na altura em que saiu, pois sendo produzido por Nellee Hooper merece toda a atenção... gostei no entanto falhou, como dizes, o espírito de aventura...
Sim, não é assim tão surpreendente quanto isso, mas ainda é um disco que mantém o interesse do princípio ao fim...
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