sexta-feira, dezembro 31, 2004

(MUITO) BOM 2005

Esperemos que o próximo ano seja melhor do que este, por isso nada como tentar começar 2005 da melhor maneira...
Divirtam-se logo à noite, que eu também vou tentar fazê-lo ;)
Entretanto, era suposto ter postado a lista de melhores filmes e discos de 2004, mas como ainda não me decidi completamente o melhor é colocá-las daqui a uns dias (não muitos, espero...)

LAÇOS DE FAMÍLIA

Centrado nas relações dos quatro elementos de uma família de classe média norte-americana, "Equal Affections" desenrola-se ao longo das últimas décadas do século XX e expõe algumas das mutações sociais que marcaram a vida urbana contemporânea, partindo de uma teia de complexas ligações familiares.

Louise Cooper, a matriarca, ultrapassa uma fase de solidão, amargura e frustração, geradas não só pelo cancro que ameaça o seu estado de saúde mas também pela tensão conjugal. Nat, o seu marido, recatado e distante, torna-se progressivamente menos paciente e tolerante, não suportando as constantes crises e oscilações emocionais de Louise. April, a filha do casal, vive uma próspera carreira de cantora rock através da qual dissemina os seus ideais feministas e Danny, o seu irmão, é um jovem advogado que tenta construir uma relação estável com o seu companheiro Walter.

Através de uma bem-conseguida narrativa não-linear, David Leavitt apresenta as atmosferas que marcam o âmago da família Cooper, estabelecendo portas de entrada para questões como a infidelidade, o companheirismo, a alienação, a confiança, a instabilidade conjugal, o surgimento da morte ou a ambivalência sexual.

Louise é a instigadora de grande parte do desencadear da acção e a personagem mais desenvolvida e intrigante do romance. Recorrendo a flashbacks, Leavitt explora o conflito interior da ousada e inquieta jovem que viria a tornar-se numa insegura esposa e mãe. A vida de Louise adquire tonalidades trágicas ao atingir a meia idade, e esses elementos geram situações de união familiar mas também de assinalável crispação entre as perspectivas de algumas personagens.

Embora possua protagonistas com potencial, esta obra de Leavitt não se debruça, contudo, num turbilhão emocional tão absorvente quanto os primeiros capítulos sugerem. A famíla Cooper tem tanto de disfuncional como de realista e é fácil sentir empatia com estas personagens, mas nem todas são igualmente surpreendentes. Nat carece de maior tensão interior, uma vez que a sua evolução ao longo da acção é diminuta, e April parece funcionar mais como um porta-estandarte de uma ideologia do que como uma personagem.
A relação de Danny e Walter também não chega a ter tempo de antena suficiente para alacançar grandes momentos de intensidade, tornando-se pouco aprofundada e memorável.

"Equal Affections" possui, no entanto, uma sólida interligação de ambientes dramáticos e melancólicos com episódios mais esperançosos e reconfortantes, oferecendo um subtil e credível retrato de família.
Ainda que possua atractivos suficientes - como a pequena surpresa no desenlace agridoce -, esta obra de David Leavitt não chega a arrebatar (contrariamente a "Enquanto a Inglaterra Dorme", por exemplo, um dos seus melhores livros), mas proporciona momentos de afeição q.b. que tornam a sua leitura mais do que justificável.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

quarta-feira, dezembro 29, 2004

WTF????????

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Power Rangers Movie!


What movie Do you Belong in?(many different outcomes!)
brought to you by Quizilla
Com tantos, tantos bons filmes por aí, tinha mesmo que me calhar este????? Ok, confesso que não o vi, e até gosto de filmes de super-heróis, mas os Power Rangers????? Se cada um tem mesmo aquilo que merece, devo ser muito má pessoa...
A propósito de filmes, esta semana estreiam alguns com potencial:
- "À Procura da Terra do Nunca" (Finding Neverland), de Marc Foster
- "A Porta no Chão" (The Door in the Floor), de Tod Williams
- "5x2", de François Ozon, que já vi e acho que vale a pena, mesmo não sendo genial

BLINKS E LINKS

Agradeço aos responsáveis pelos blogs Som Activo e Delight in Disorder por me terem blinkado...
Continuem assim...

sexta-feira, dezembro 24, 2004

BOM NATAL

Eu já devia saber que não é boa ideia tentar enviar sms pela net no dia 24 de Dezembro...Enfim, vai ter de ser mesmo à moda antiga, e ainda assim o tráfego deve estar intenso. De qualquer forma, bom Natal para todos os que visitam este blog (que nem são muitos LOL, mas para o ano será melhor - yeah, right...).

quinta-feira, dezembro 23, 2004

RESPONDAM E PERGUNTEM...

A: First, recommend to me:

1. a movie

2. a book

3. a musical artist, song, or album

4. a personality / thinker / artist / achiever / talent / remarkable creature

B: I want everyone who reads this to ask me three questions, no more, no less. Ask me anything you want

C: Then I want you to go to your journal, copy and paste this allowing your friends to ask you anything

Estas foram as minhas respostas e perguntas ao davidlynch:

A.

1. "Estranhos Prazeres" (Strange Days), de Katryn Bigelow

2. "Alta Fidelidade", de Nick Hornby

3. Porque não as 3 opções? Elliot Smith; "Be There" dos Unkle; "Garbage" dos Garbage

4. A equipa do Gato Fedorento

B.

Britney ou Aguilera?

"Sete Palmos de Terra" ou "Os Sopranos"?

Blur ou Oasis?

C. Vá, façam o mesmo, não custa muito ;)

quarta-feira, dezembro 22, 2004

ANTI-PAI NATAL?

A julgar pelo número de compras de Natal que (não) fiz, é isso que devo ser...Mas acho que vou ter de ceder um pouco à lógica consumista, até porque este mês recebi finalmente o meu primeiro ordenado :D e, por isso, não tenho desculpas para não me deixar envolver pelo "espírito natalício"...
O título deste post foi "roubado" a um dos filmes mais prometedores que chegará ainda este ano a salas de cinema nacionais (mas não garanto, porque já foi adiado pelo menos uma vez), a par de "À Procura da Terra do Nunca" e "A Porta no Chão".
"Bad Santa - O Anti-Pai Natal", com Billy Bob Thornton, é a mais recente obra de Terry Zwigoff, o realizador de "Ghost World - Mundo Fantasma". Como ainda não vi o novo filme do cineasta, recordo o antecessor no post abaixo. E, enquanto não faço a lista de melhores filmes de 2004, sugiro que (re)descubram esse, que foi um dos meus favoritos de 2002...

OS INADAPTADOS

Um daqueles filmes que passou injustamente despercebido em 2002, "Ghost World - Mundo Fantasma" destacou-se, contudo, como um dos mais surpreendentes desse ano, tornando-se instantaneamente numa obra de culto. Embora seja um filme norte-americano sobre adolescentes, não cai no caminho mais óbvio e convencional das piadas fáceis e referências a sexo de 2 em 2 minutos, recusando igualmente personagens baseadas em estafados clichés.

Adaptando para a sétima arte a obra de banda-desenhada homónima de Daniel Clowes - um dos mais estimáveis autores underground norte-americanos -, Terry Zwigoff apresenta um filme que diverge em tudo da lógica dos tradicionais comics de super-heróis que têm marcado grande parte da produção cinematográfica recente made in USA. Aqui não há efeitos especiais impressionantes nem intrépidos protagonistas, mas um universo minimalista povoado por gente normal que vive um quotidiano melancólico e pouco reluzente. Assim, foca-se aqui a alienação, o consumismo ou as (sub)culturas urbanas vistas pela óptica de duas adolescentes desalinhadas.

Enid (Thora Birch, de “Beleza Americana”) é uma jovem inteligente e criativa que, ao terminar o liceu, questiona quais as perspectivas para o seu futuro e os rumos a seguir numa nova fase da sua vida. Acompanhada pela sua melhor (e única?) amiga Rebecca (Scarlett Johansson, antes do boom de "Lost in Translation - O Amor é um Lugar Estranho"), Enid vive um tenso processo de crescimento onde a chegada da idade adulta está cada vez mais próxima, trazendo uma carga de responsabilidades e escolhas que devem ser feitas. As duas amigas, quase sempre afastadas dos colegas, nunca estiveram muito interessadas em integrar-se, mas pela primeira vez apercebem-se de que talvez devam - ou terão de - fazê-lo. Valerá a pena? E qual o preço a pagar pela integração?

Terry Zwigoff combina eficazmente drama e comédia, tornando "Ghost World - Mundo Fantasma" numa obra que segue a melhor tradição das dramedies características de domínios do cinema "indie". Irónico e sarcástico sem deixar de ser genuíno e emotivo, o filme é um intenso retrato da realidade mundana e monótona dos subúrbios, onde jovens outcasts isolados lidam com o desencanto de ambientes vincados pela inércia. A espaços, surge por aqui o humor ácido próximo da série de animação "Daria", da MTV, embora a película de Zwigoff seja mais profunda e intimista.

O ritmo da narrativa é, por vezes, demasiado lento e arrastado, mas acompanha bem os cenários de monotonia e tédio que envolvem as personagens, dotando o filme de um realismo simultaneamente envolvente e claustrofóbico. "Ghost World - Mundo Fantasma" é um incomum olhar sobre os nerds e os falhados que, apesar do seu potencial, acabam por ser sempre ignorados ou desprezados e, por isso, são quase invisíveis, como fantasmas. Com uma vida social quase nula, tornam-se gradualmente incapazes de estabelecer laços e relações com os que os rodeiam, habitando áridas esferas de solidão. Enid, mais do que Rebecca, incorpora esses elementos, e quando tenta aproximar-se de alguém apercebe-se de que é usada e magoada.

Um dos mais entusiasmantes e memoráveis filmes norte-americanos recentes, "Ghost World - Mundo Fantasma" é uma discreta pérola que expõe com sensibilidade e alguma crueza a vertente angustiante, dolorosa e solitária do processo de crescimento, juntando-se a títulos igualmente recomendáveis como "Donnie Darko" de Richard Kelly, "L.I.E." de Michael Cuesta, "Elephant" de Gus Van Sant ou "SubUrbia", de Richard Linklater.

E O VEREDICTO É: 4/5 - MUITO BOM

segunda-feira, dezembro 20, 2004

O MÚSICO QUE VEIO DO FRIO

Conquistando alguns admiradores com os álbuns "Whiskey" (1996) e "Tatoo" (1998) e alargando o leque de fãs com "Poison" (2000) e "Antenna" (2002), o sueco Jay Jay Johanson apresentou algumas das suas canções mais emblemáticas no passado dia 17 ao público da Aula Magna, em Lisboa.

Promovendo o seu lançamento mais recente, a compilação "Prologue", o músico fez uma revisão da sua carreira num concerto que mesclou referências do trip-hop, electro, pop ou jazz, sonoridades incontornáveis na sua discografia. Iniciando a noite com um dos seus temas mais carismáticos, "So Tell the Girls That I Am Back in Town", Jay Jay Johanson ofereceu um cardápio musical que oscilou entre a postura introspectiva e discreta característica dos seus primeiros álbuns e a vertente mais dinâmica, com consideráveis cargas electro, dos seus registos mais recentes ("Antenna", sobretudo).

Para além da componente sonora, o espectáculo contou ainda com um cuidado trabalho visual onde se evidenciou um interessante trabalho de iluminação e as curiosas imagens que eram exibidas no ecrã do palco (com destaque para as fotos marcantes de David Bowie, Daft Punk, Kiss ou Aphex Twin, entre muitas outras figuras da cultura pop).

Embora tenha sido prejudicado por problemas de som a espaços, o concerto foi competente e profissional, ainda que um pouco frio e distante. Não é que o cantor não tenha sido afável com o público, mas algumas canções não contaram com grandes doses de alma e entrega, tornando a actuação correcta e funcional mas incapaz de gerar grande empatia. Terá sido culpa da considerável carga electrónica que revestiu a maioria dos temas, como um espectador sugeriu? Talvez, já que certas canções mais antigas do músico não precisavam de operações de reactualização digital para sobreviverem (o tema que encerrou o concerto, "I`m Older Now", passava bem sem as manobras de cosmética electropop que o revestiram).


Contudo, a maior parte do público da Aula Magna aderiu às canções do cantor e da sua banda e aplaudiu entusiasticamente canções como a sóbria "Believe in Us" (um dos melhores momentos de "Poison"), "She`s Mine But I`m Not Hers" (acompanhada por um vídeo baseado no jogo "Scrabble"), a enérgica "On the Radio" (um dos temas mais populares de "Antenna") ou uma versão mais dançável de "Automatic Lover", a cargo do DJ, que não destoaria numa rave.

Para além da revisão de episódios fulcrais da sua discografia, Jay Jay Johanson apresentou ainda composições inéditas, como as bem-recebidas "Rush" ou "Tomorrow", carregadas de atmosferas melancólicas e incluídas no próximo álbum do cantor, que deverá ser editado em 2005. "Suddenly", mais um inédito, foi outro grande momento, não muito distante dos ambientes hipnóticos de "Two Fingers", a excelente canção que o cantor gravou com o projecto Bang Bang mas que, infelizmente, não constou no alinhamento da noite.

No final de quase duas horas de concerto, o crooner voltou ao palco, não para interpretar mais um ou dois temas, mas para agradecer ao público e prometer o regresso em breve, finalizando um espectáculo por vezes morno mas globalmente eficaz e sofisticado.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

domingo, dezembro 19, 2004

ENTRE A REALIDADE E A FICÇÃO

Depois da intensidade de "Tudo Sobre a Minha Mãe" e "Fala com Ela", Pedro Almodóvar aumenta as doses de negrume e obscuridade em "Má Educação" (La Mála Educación), distanciando-se da vertente calorosa e emotiva dessas elogiadas obras antecessoras.
Apostando em tons mais sinistros, o mais recente filme debruça-se sobre temas polémicos como a pedofilia, a prostituição ou a homossexualidade. É certo estas temáticas não são inéditas na obra do cineasta, mas raramente foram abordadas de forma tão soturna e arrepiante como em "Má Educação".

Herdando referências do film noir, do policial ou do melodrama, a película centra-se na relação de dois amigos de infância, colegas de um colégio interno católico, que se reencontram mais tarde, na idade adulta, no início dos anos 80. Enrique é agora realizador de cinema e Ignacio um actor principiante à procura de uma oportunidade para brilhar. Quando os dois jovens se reencontram, estão lançadas as pistas para uma intrincada história marcada pela mentira, traição, morte, amor e vingança, onde o presente e o passado mantêm uma interligação incontornável.

Almodóvar proporciona um denso olhar sobre os podres da Igreja Católica, nomeadamente sobre as assombrosas atmosferas dos colégios internos e das ambivalentes relações entre os padres e as crianças. É sabido que o cineasta passou a infância nestas instituições, mas desconhece-se até que ponto o argumento de "Má Educação" é auto-biográfico.


Através de flashbacks, o filme apresenta uma perspectiva sobre os laços de confiança dos dois amigos na infância, expondo também a descoberta da paixão de ambos pelo cinema e os primeiros contactos com o despertar da sexualidade.
Com uma estrutura narrativa complexa e criativa, "Má Educação" funde as esferas da realidade e da ficção, tornando-se num desafio constante para o espectador e obrigando-o a reavaliar e questionar os acontecimentos decorridos.

Ao contrário de grande parte dos filmes de Almodóvar, aqui não se efectua um mergulho no universo feminino, antes se expõem as tensões e antagonismos de um conjunto de personagens masculinas. O carácter trágico e a densidade dramática, no entanto, mantêm-se, através de uma teia de intrigas vincada pelo desejo, ambição, pecado e obsessão. As atmosferas são, por isso, carregadas de negrume, e raramente há espaço para o despontar do amor num filme que aborda a perversidade humana. A espaços, verificam-se alguns momentos de humor, mas "Má Educação" privilegia a melancolia e o desencanto.

Para além da espessura dramática, a película impressiona também pelo rigor técnico e formal, onde a realização e banda-sonora voltam a marcar pontos e a reconstituição de Madrid dos anos 80 exibe competência. A direcção de actores é igualmente profícua, da qual se destaca a credibilidade do duo protagonista constituído por Fele Martínez (Enrique) e, sobretudo, Gael Garcia Bernal (Ignacio). Bernal, um dos mais promissores actores latinos de hoje - como "Amor Cão", "E a Tua Mãe Também" ou "Diários de Che Guevara" podem atestar - , oferece aqui os seus melhores desempenhos e confirma a sua versatilidade (a femme - ou homme? - fatale que compõe é uma das mais impressionantes interpretações do ano).

Talvez menos acessível e imediata do que algumas das suas obras anteriores, "Má Educação" é uma experiência cinematográfica que volta a demonstrar a vitalidade criativa de Almodóvar e um estilo que - goste-se ou não - é singular, característico e pessoal.

E O VEREDICTO É: 4/5 - MUITO BOM

sábado, dezembro 18, 2004

PERSEGUIDO PELO PASSADO

Um ano depois...
Jantar de turma da faculdade hoje...Long time no see...
Este blog tem andado um bocado desgovernado ultimamente, mas vou tentar recuperá-lo.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

VAI UM QUIZ?

Aura Color:

orange aura
Your aura shines Orange!


What Color Is Your Aura?
brought to you by Quizilla

EXCITING

Andava eu inocentemente a passear nesse oásis cultural - a FNAC - quando fui alvo de fortes tentativas de sedução impossíveis de ignorar. Tive de sair de lá com uma nova companhia irrecusável...Não é que leve qualquer uma para casa, mas desta vez não consegui mesmo evitar.

Refiro-me, claro, ao mais recente lançamento de uma das minhas bandas preferidas:

O álbum de remisturas dos Depeche Mode começou a rodar recentemente por aqui. E 3 CDs ao preço de um não é todos os dias. Como não cheguei a oferecer prenda de aniversário a mim mesmo, pareceu-me boa altura...

quarta-feira, dezembro 15, 2004

O OUTRO LADO EXISTE

Como "A Última Hora" (25th Hour), de Spike Lee, ou "Fahrenheit 9/11", de Michael Moore, podem comprovar, os trágicos eventos do 11 de Setembro inspiraram novas perspectivas cinematográficas sobre a América contemporânea. Num período algo tenso e imprevisível, também Wim Wenders proporciona um olhar sobre a nação do Tio Sam com "Terra da Abundância" (Land of Plenty), focando atmosferas onde se movimentam os párias e "outcasts", figuras de um lado pouco visitado e divulgado.


O realizador de "Paris, Texas" ou "Buena Vista Social Club" aborda a relação de Lana (Michelle Williams), uma jovem idealista missionária e Paul (John Diehl), veterano do Vietname assombrado por alguma paranóia. Regressada de uma missão em África e no Médio Oriente, Lana chega a Los Angeles para auxiliar os sem-abrigo e procurar o seu tio. A aproximação dos dois protagonistas evidenciará os contrates entre a busca de esperança ou a espiral descendente gerada pela obsessão e desconfiança exacerbada.

Dividido entre a harmonia etérea e a tensão claustrofóbica, o filme combina traços do road movie e drama familiar, apresentando um estilo realista, contemplativo e próximo do documentário. Ao contrário da vertente polémica e sensacionalista de um "Fahrenheit 9/11", "Terra da Abundância" adopta tons mais poéticos e apaziguados, ainda que pontuados por doses consideráveis de melancolia e desespero.
Também não paira por aqui um americanismo exagerado e saloio, presente em tantos filmes americanos que exaltam as ilimitadas qualidades da nação (talvez porque esta obra é produto de uma perspectiva de um europeu). Pelo contrário, a película exibe momentos de desencanto e amargura a par de ambientes mais reluzentes a espaços, debruçando-se sobre as múltiplas culturas que constituem o tecido humano americano. A realidade que Wenders expõe nem sempre é aprazível e fácil de contemplar, evidenciando a vertente mais escondida e negra do "sonho americano".

Apesar do retrato que o cineasta alemão oferece ter os seus momentos de relevo, o filme é prejudicado por um ritmo demasiado lento e arrastado, e a partir de certo ponto nada mais há para mostrar do que a repetição de ideias e questões. O que começa como uma obra promissora torna-se num filme desequilibrado, inconstante, excessivamente longo e, por isso, acaba por proporcionar mais doses de monotonia do que de desafio. O argumento, demasiado esquemático, não chega a entusiasmar, e os conflitos dos protagonistas aproximam-se de modelos estereotipados.
Embora Wenders gere algumas cenas de envolvente sobriedade - complementadas pela interessante banda sonora, que inclui Leonard Cohen, David Bowie ou o quase desconhecido Thom -, esses ocasionais momentos de inspiração não são suficientes para sustentar um filme que se torna insípido e pouco estimulante. Ainda que seja mais consistente do que a maioria dos esforços recentes do cineasta, "Terra da Abundância" possui uma boa premissa para a qual faltou, infelizmente, uma execução à altura.

E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL

segunda-feira, dezembro 13, 2004

MAIS UM...

Jay Jay Johanson, o cantor que começou por se destacar como crooner nos discos "Tattoo" e "Whiskey" para se dedicar depois à pop electrónica em "Poison" e, sobretudo, "Antenna", actua em palcos nacionais nos próximos dias 17 - Aula Magna, em Lisboa - e 18 de Dezembro - Teatro Sá da Bandeira, no Porto, pelas 21h30m.

Para além da recuperação das canções do recente "Prologue - Best of the Early Years 1996-2002", há ainda a probabilidade do músico sueco apresentar alguns temas inéditos do seu novo álbum em preparação.
Espera-se uma noite sofisticada e a passagem por momentos como "Keep It a Secret", "So Tell the Girls That I Am Back In Town", "On the Radio", "Colder (I Want You No More)" ou "Quel Dommage".

Mais um concerto a considerar, para além do de Josh Rouse...


Aula Magna - Alameda da Universidade de Lisboa
Telefone: 21 7967624

Teatro Sá da Bandeira - R. Sá da Bandeira, 108, Porto
Telefone: 22 2003595

O DIA EM QUE O PAÍS TREMEU

Sim, todos sabemos que já anda muito tremido há uns tempos, mas não literalmente...Hoje às duas e pouco pensei estar com problemas informáticos quando o computador começou a tremer, mas quando a mesa adoptou os mesmos movimentos vi que afinal não era bem isso...E no momento em que um colega de trabalho gritou "Está a haver um sismo" desfizeram-se as dúvidas. E pronto, arranjou-se assunto de conversa para o resto da tarde...

A VERDADE DA MENTIRA

Adaptada de uma peça teatral, "Duras Verdades" (Home Truths) é uma das obras menos mediáticas de David Lodge, autor de "Soldados à Força", "O Museu Britânico Ainda Vem Abaixo" ou "A Troca", entre outros títulos. O livro centra-se na relação de amizade entre dois apaixonados pelo mundo da escrita, Adrian Ludlow (escritor praticamente retirado) e Sam Sharp (que se distingue sobretudo pelos argumentos que cria para séries televisivas). Os dois velhos amigos voltam a aproximar-se quando Sam é entrevistado por uma astuta jornalista, Fanny Tarrant, que o humilha e ridiculariza num artigo de um reputado jornal. Magoado pelo golpe da sua entrevistadora, Sam tenta persuadir Adrian a deixar-se entrevistar pela repórter de forma a colocarem em prática um plano de vingança.

Com esta premissa, David Lodge apresenta um romance baseado numa peça teatral exibida pela primeira vez em Birmingham em 1998. O autor procedeu a uma revisão e alterou alguns elementos, tornando a forma da história ligeiramente mais próxima da estrutura do romance. Contudo, o esqueleto teatral ainda é visível, uma vez que a novela tem um número de páginas relativamente curto (não chega às 150), não aposta em descrições minuciosas e exaustivas nem em mergulhos profundos na esfera emocional das personagens. Paralelamente, o número de protagonistas é reduzido, assim como a quantidade de espaços onde se desenrola a acção, e manifesta-se ainda um considerável recurso aos diálogos.

Lodge proporciona uma curiosa e divertida perspectiva sobre a disseminação dos media, o culto das figuras públicas e a perda da privacidade, gerando um interessante olhar sobre o preço da fama e a perda da criatividade num mundo de "ídolos com pés de barro". Pelo meio, há também algumas observações acerca da peculiaridade da entrevista jornalística, segredos conjugais, amizades decadentes e a capacidade de deslumbramento que uma obra de arte pode suscitar.

O autor consegue oferecer uma narrativa com um ritmo acelerado e dinâmico, não se perdendo em longas descrições ou reflexões. Os diálogos são credíveis e bem trabalhados, conseguindo expor as tensões e inquietações das personagens e concentrando as doses certas de inteligência e humor. A acção contém momentos suficientemente surpreendentes e apelativos, conquistando o interesse e afastando-se da previsibilidade e redundância.


"Duras Verdades" é uma obra leve mas pertinente e actual, que só perde por ser tão curta e não chegar a aprofundar muito o universo interior dos seus protagonistas. No entanto, mantém sempre o carácter lúdico e as altas cargas de perspicácia pelos quais David Lodge é internacionalmente reconhecido.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

sábado, dezembro 11, 2004

JOSH ROUSE EM PORTUGAL

Apesar de não ser um artista muito mediático, Josh Rouse conseguiu gerar alguns focos de atenção entre certas franjas do público. Portugal é um dos países onde o jovem cantautor norte-americano tem uma base de admiradores consistente, por isso é um dos destinos a registar o seu regresso após uma passagem pelo festival Paredes de Coura.

"Dressed Up Like Nebraska", "Home", "Under Cold Blue Stars" e "1972" são os quatro álbuns de originais que fornecerão algumas das pistas para os concertos de dia 15 (Fórum Lisboa) e 17 (Alfândega do Porto) de Dezembro, pelas 21h30m, com primeira parte a cargo de Nuno Prata. Já que não consegui ir ao concerto dos Pluto na quinta-feira passada, vou tentar ir a este...Recomendo, sobretudo para quem gosta de folk/indie rock...

Fórum Lisboa - Av. Roma, 14 L, Lisboa
21 8420900

Alfândega do Porto - Centro de Congressos e Exposições - R. Nova da Alfândega, Porto
22 3324049

(IN)DISPONÍVEL PARA AMAR

"Antes do Amanhecer" (Before Sunrise), relativamente discreto na altura da estreia em 1995 conseguiu, no entanto, aglomerar uma considerável legião de fãs que o foi (re)descobrindo ao longo dos anos. Autêntico fenómeno de culto, a mais acarinhada obra de Richard Linklater forneceu um retrato das dúvidas, esperanças, sonhos e inquietações da chamada geração X, expostas através da singular relação de Jesse (Ethan Hawke) e Céline (Julie Delpy), que se conhecem em Viena e passam um dia juntos. A dupla combina encontrar-se meses mais tarde, não colocando de parte a hipótese de dar continuidade à curiosa história de amor da qual foi protagonista, ainda que por pouco tempo.


O reencontro dá-se agora, nove anos depois, onde o duo já não se encontra a viver os últimos dias da adolescência mas a contrastar as ilusões, projectos e expectativas de então com a insípida realidade quotidiana da idade adulta. "Antes do Anoitecer" (Before Sunset) é, então, a apresentação do reencontro do par, desta vez em Paris. Jesse é agora um escritor que promove a sua nova obra na capital francesa e Céline aproveita a ocasião para o rever. O filme é ainda mais minimalista do que o seu antecessor, centrando-se apenas nos diálogos dos protagonistas e seguindo o seu percurso de hora e meia em tempo real, desde os tons formais e algo desconfortáveis do reencontro até ao mergulho no espectro emocional dos dois ex-amantes.

"Antes do Anoitecer", não tão reluzente e esperançoso como a obra que o antecedeu, abre espaço para o cinismo e a desilusão, expondo as metas que ficaram por atingir e as previsões que não chegaram a concretizar-se. Quando o par se conheceu, as atmosferas eram marcadas pela ilusão e entusiasmo, mas o novo contacto ocorre num contexto de alguma frustração e amargura (o preço da maturidade?). Apesar de melancólico e nostálgico, "Antes do Anoitecer" continua a ser um filme de Richard Linklater e, por isso, o idealismo ainda consegue superar os ambientes de cinismo desencantado. Há espaço para o amor, portanto, mesmo se as cedências e obrigações da vida adulta parecem indicar o contrário.

Credível e realista, o filme flui naturalmente, oferecendo um intrigante olhar sobre as relações humanas através de excelentes diálogos e das muito convincentes interpretações de Hawke e Delpy. Projecto feito "por amor à camisola", "Antes do Anoitecer" evidencia a entrega e dedicação da equipa que o gerou, tornando-se num dos mais simples e belos dramas de 2004.


A película assinala também o regresso do melhor Linklater, apostando na espontaneidade e sobriedade em detrimento da formatação de registos indistintos (o mediático e pouco surpreendente "Escola de Rock" chegou a colocar algumas dúvidas quanto à criatividade do cineasta). Manifesta-se, então, o regresso aos momentos inspirados da obra do realizador, como "Slacker" (um retrato indie da juventude, que lhe deu reconhecimento no início dos anos 90) ou "SubUrbia" (outra perspectiva sobre a teen angst, apostando num modelo narrativo original: focar as experiências de um grupo de jovens durante uma noite).


Esta atípica sequela/continuação possui, então, aspectos suficientemente singulares para se destacar como uma das pérolas do cinema independente norte-americano de 2004, congregando doses certas de leveza e de elementos despoletadores de reflexão.

E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM

sexta-feira, dezembro 10, 2004

UM PRESENTE DE ALCOBAÇA EM LISBOA

Aguardado por muitos com grande expectativa, o concerto dos The Gift na noite de 6 de Dezembro no Teatro S. Luiz comprovou que o novo álbum da banda passou com distinção no teste inicial, neste que foi um dos primeiros espectáculos da digressão. Depois da surpresa que foi "Vinyl", em 1998, e da confirmação em "Film", de 2001, o grupo de Alcobaça prova que é um dos mais cativantes e engenhosos projectos musicais portugueses.

O recente disco duplo "AM-FM" foi o ponto de partida para uma inspirada actuação que contou com uma sala repleta e expectante, o que indicia que o número de fãs da banda continua a crescer (as vendas do novo disco também apontam para isso). Começando de forma ténue e discreta com o insinuante "I am AM", o tema instrumental que abre o disco, o grupo ofereceu uma prestação cuja intensidade foi aumentando progressivamente.

As primeiras canções da noite, tendencialmente apaziguadas e melancólicas, foram acompanhadas por um sóbrio e meticuloso trabalho de iluminação, gerando sem dificuldade uma acolhedora atmosfera intimista. Esta fase foi essencialmente dedicada às composições de "AM", introspectivas e serenas, como a excelente "Are You Near?", a melódica "Elisa" ou a enleante "Wallpaper". A apresentação das canções foi acompanhada pelas imagens de um ecrã de fundo que se adaptavam aos ritmos e tonalidades dos temas, exibindo uma curiosa interligação entre a vertente visual e sonora.

Apesar de interessantes, os momentos retirados de "AM" retratam uns The Gift demasiado iguais a si mesmos, onde os momentos do passado parecem repercutir-se de forma agradável mas não muito ousada. A explosão da noite deu-se, por isso, quando a banda se concentrou nos episódios de "FM", mais dinâmicos, enérgicos e aglutinadores de influências e territórios sonoros. "Driving You Slow", o primeiro single do novo álbum, resultou melhor ao vivo do que em disco e constituiu uma das ocasiões de maior empatia entre o grupo e o público.

"11.33", repleto de ambientes r&b e soul, deu ainda mais relevo à expressiva e característica voz de Sónia Tavares e congregou sonoridades até então pouco exploradas pelo grupo. A recepção não poderia ter sido mais calorosa, justificando a manobra de relativo risco ao incluir a canção no álbum. As esferas discretas da primeira parte do concerto deram então lugar à euforia e excitação, capitalizadas em momentos como o vibrante e complexo "Cube".

"AM-FM" possibilitou um cardápio de canções minuciosamente trabalhadas, não tão acessíveis como as de "Vinyl" nem tão uniformes e planas como as de "Film", aproximando o grupo de domínios aparentados de Bjork (a produção - sobretudo de "AM" - lembra a de "Vespertine"), dos Múm ou mesmo dos Postal Service (electrónica ultra-detalhada que não destrói, contudo, o formato canção e uma forte vertente emocional e melódica).


Mas como o melhor fica para o fim, revisitou-se um dos temas fundamentais de "Film", o intenso "Front Of". Brilhante canção, despoletadora de uma arrepiante e épica atmosfera, originou mais uma oportunidade para a voz de Sónia Tavares brilhar e contagiar. Depois da overdose de tensão de "Front Of", houve ainda tempo para recordar, nos encores, outro episódio-chave de "Film", a apelativa e festiva "Question of Love", com uma deliciosa energia descaradamente pop. "Red Lights" foi mais um excerto de "FM", mas o grupo regressaria ainda a "Film" com o hipnótico "So Free", a canção em três partes que disseminou uma viciante onda dançável pelo público e destacou-se como outro dos pontos de eleição da noite.


O concerto regressou, no segundo encore, à calmaria inicial com "Fácil de Entender", o único tema do novo disco cantado em português (e já agora, está escondido antes da primeira faixa de "AM"). Embora não fosse mal pensado recuperar alguns temas de "Vinyl" - e há muitos que o merecem -, a actuação dos The Gift constituiu um óptimo início de digressão, expondo uma banda que se apoia em canções sólidas, intrigantes e imaginativas não dispensando um irrepreensível trabalho a nível visual e cenográfico. O público não teve escolha senão render-se e apreciar as notáveis duas horas de concerto deste peculiar presente – dádiva, para muitos – oriundo de Alcobaça...

E O VEREDICTO É: 4/5 - MUITO BOM

quarta-feira, dezembro 08, 2004

1000...gonn1000

1000 visitas, um marco importante, por isso obrigado a todos os que visitaram o blog durante estes dois meses de existência (o primeiro post foi colocado a 8 de Outubro). Espero que sejam as primeiras 1000 de muitas, por isso voltem sempre, até porque os convites chegam para todos ;)

terça-feira, dezembro 07, 2004

DIGA "BOM DIA" COM OS PLUTO

Depois de um concerto - e que concerto!!! - dos Gift ontem no S. Luiz, outra (boa) banda lusa passa por Lisboa em breve...

Semi-descendentes de um dos mais saudosos grupos portugueses dos anos 90, os Pluto iniciam a digressão de apresentação do novo - e primeiro - álbum, "Bom Dia", na próxima quinta-feira, pelas 23h, no Santiago Alquimista, em Lisboa. Dia 16 será a vez do Porto, às 22h no Hard Club.

As comparações com os Ornatos Violeta são inevitáveis, embora os Pluto exibam uma vertente mais pesada e agreste, gerando um convincente de disco de rock cantado em português. A intensidade da voz e das letras de Manel Cruz é um dos elementos-chave do projecto, e o carisma da banda poderá ser testado ao vivo em breve. Prevêem-se duas "boas noites", e eu espero estar lá quinta-feira...

domingo, dezembro 05, 2004

SHARK TALE

As comparações a "Tubarão" (Jaws) e "O Projecto Blair Witch" (Blair With Project) deixavam alguma água na boca - passe a expressão - para o muito elogiado filme de Chris Kentis, uma obra de baixo orçamento com um espírito série-B.
"Open Water - Em Águas Profundas" narra a viagem de um jovem casal norte-americano rumo a um destino paradisíaco e foca a inusitada situação com que este se depara quando é abandonado, por acidente, a 20 milhas da costa. Entregues aos tubarões - e não só, há outras ameaças dignas de registo - Susan (Blanchard Ryan) e Daniel (Daniel Travis) tentam encontrar uma solução para este problema enquanto se esforçam por sobreviver. Em termos de argumento, "Open Water - Em Águas Profundas" não é muito mais do que isto, mas esta premissa é suficientemente curiosa para gerar um filme de suspense e terror psicológico.

Este projecto de Chris Kentis originou algum burburinho devido à não utilização de duplos ou efeitos especiais, colocando os actores à mercê dos tubarões que os circundavam.
Infelizmente, o filme é um dos casos onde a fama é superior ao proveito, pois a tensão e dose de assombro são bem menores do que o que havia sido anunciado.

Nota-se que esta é uma produção de escassos recursos, uma vez que os aspectos técnicos são minimalistas e apenas funcionais, elemento que se mantém nas interpretações competentes, mas sem grande carisma, da dupla protagonista. O ritmo nem sempre é eficaz, e a primeira meia-hora deste thriller arrasta-se sem proporcionar nenhum momento de considerável interesse. Embora a acção melhore na segunda metade do filme, raras são as sequências que conseguem criar uma atmosfera de tensão e pânico, tornando a narrativa enfadonha e pouco surpreendente.

O tom realista, cru e quase documental da película é uma lufada de ar fresco face à concorrência, que cada vez mais recorre a efeitos especiais e a perigos exagerados, mas os resultados que gera ficam aquém das expectativas (a interessante cena da tempestade nocturna, uma das poucas ocasiões intensas e intrigantes, é demasiado fugaz e mal aproveitada).

Baseado em factos verídicos, "Open Water - Em Águas Profundas" é uma obra escorreita que tem o mérito de tentar introduzir algo de novo no estafado género do thriller, mas as boas intenções não bastam e o filme mete mais água - literalmente - do que deveria, desperdiçando o seu potencial. Ainda assim, os fãs do género poderão encontrar aqui alguns motivos de interesse, sobretudo se as expectativas forem modestas.

E O VEREDICTO É: 1,5/5 - DISPENSÁVEL

MAIS BLINKS E LINKS

Era suposto ter escrito este post antes, mas como já não tenho tanto tempo para o blog vai só mesmo agora...Obrigado aos responsáveis pelos seguintes blogs/fotolog por me blinkarem:

Já agora, aproveito para agradecer também aos membros do Fórum Cinetuga que me escolheram como "Crítico do Mês" de Novembro. Vamos ver se mantenho a posição...:D

MARIDOS E MULHERES

Baseado em dois contos de Andre Dubus (We Don`t Live Here Anymore e Adultery), a segunda longa-metragem de John Curran aborda o quotidiano das relações conjugais, debruçando-se sobre a temática da traição e da infidelidade. Vencedor do Prémio Waldo Salt - Melhor Argumento no Festival de Sundance de 2004, "We Don`t Live Here Anymore - Desencontros" é mais um dos bons exemplos do cinema independente norte-americano que vai chegando, de forma mais ou menos discreta, a salas portuguesas.

Se outros méritos não tivesse, a película destaca-se de imediato pela carga de talento dos seus protagonistas, Mark Ruffalo, Laura Dern, Peter Krause (da série "Sete Palmos de Terra") e Naomi Watts, quatro nomes em ascensão no universo cinematográfico actual. Embora a obra não apresente nada realmente novo ou de superlativa criatividade - é mais uma perspectiva das dificuldades das relações humanas e da crise de afecto entre dois casais - consegue cativar e envolver devido à considerável química dos actores e à forma credível com que estes interpretam as suas personagens.

O argumento, sóbrio e suficientemente denso, capta as subtilezas do quotidiano e permite entrar no âmago da conturbada esfera emocional dos dois casais, expondo uma complexa teia de comportamentos onde a amizade, o amor e o companheirismo se misturam e confundem. Os apaziguados ambientes rurais do filme escondem uma atmosfera que contém um intenso turbilhão emocional, onde os limites das personagens são testados e a confiança se encontra não muito distante da traição.

Nem sempre é fácil compreender as motivações ou criar empatia com os dois casais, uma vez que o realizador coloca a nú as suas fragilidades e imperfeições, tornando-os, para o bem e para o mal, dolorosamente humanos e verosímeis. De resto, este é um dos pontos fortes do cinema independente norte-americano, que consegue surpreender devido aos soberbos estudos de personagem que frequentemente proporciona. Não é por acaso que alguns momentos de "We Don`t Live Here Anymore - Desencontros" demonstram paralelismos com os recentes "XX/XY", de Austin Chick, ou "Antes do Anoitecer" (Before Sunset), de Richard Linklater, outras meritórias incursões pelo espectro emocional de jovens adultos em crise.

Seco e absorvente, o filme desenrola-se a um ritmo lento, mas não entediante, uma vez que Curran guarda revelações suficientes para manter o interesse e fornece uma intocável direcção de actores (o par Ruffalo/Dern é particularmente excepcional). "We Don`t Live Here Anymore - Desencontros" não efectua o golpe de aza que lhe permita juntar-se às obras geniais, mas também não deixa de ser uma das mais refrescantes estreias do final de 2004, apresentando personagens de carne e osso. Um drama melancólico e consistente, sem excessos melodramáticos nem manobras de sedução fácil.

E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM

sexta-feira, dezembro 03, 2004

UM PRESENTE DE ALCOBAÇA EM LISBOA

Com um novo disco editado há dias, os The Gift actuarão no Teatro Municipal S. Luiz, em Lisboa, na próxima segunda-feira, numa boa oportunidade para conhecer "AM/FM" ao vivo.

Um dos projectos musicais portugueses mais ousados e criativos, os The Gift encontram-se a promover o seu novo álbum duplo por todo o país.
Dia 6 de Dezembro, "AM/FM" será apresentado em Lisboa, no Teatro Municipal S. Luiz, pelas 21h. Sucessor dos bem-sucedidos "Vinyl" e "Film", o mais recente registo de originais do grupo aposta em múltiplos territórios sonoros, expondo uma mistura de pop, electrónica, rock e até algumas inéditas experiências por domínios r n`b.
Explorando formatos de índole clássica a par de composições mais experimentais, nuns momentos tendencialmente apaziguado e noutros dinâmico, "AM/FM" volta a exibir a vitalidade da banda de Alcobaça e o resultado poderá ser conferido ao vivo na próxima segunda-feira. E eu estou a contar ir :D

Teatro Municipal S. Luiz:
Rua António Maria Cardoso, 38
1200-027 Lisboa
Telefone: 213 257 650

quinta-feira, dezembro 02, 2004

ESTREIAS DA SEMANA - 2 A 8 DE DEZEMBRO

O épico "Alexandre, o Grande", o thriller "Ligação de Alto Risco" e o documentário "Autografia" são os novos filmes em salas nacionais esta semana.

Uma das obras cinematográficas mais aguardadas do final de 2004, "Alexandre, o Grande" (Alexander) marca o regresso de Oliver Stone à realização. Para além do nome do cineasta, o filme tem sido alvo de expectativa devido aos pesos-pesados do elenco, que inclui Colin Farrell (como protagonista), Angelina Jolie, Val Kilmer, Rosario Dawson e Anthony Hopkins. Centrado no percurso de um dos maiores conquistadores da História, "Alexandre, o Grande" possui potencial para se tornar num épico marcante, embora a recepção internacional não tenha sido a mais calorosa. O resultado pode ser avaliado a partir de hoje.

"Ligação de Alto Risco" (Cellular) foca as peripécias de um jovem que recebe uma inesperada chamada telefónica de uma mulher que desconhece e constata que é o único que pode salvar a sua vida. Dirigido por David R. Ellis, este thriller é protagonizado por Chris Evans, Kim Basinger e William H. Macy.

"Autografia", de Miguel Gonçalves Mendes, foi distinguido na última edição do doclisboa com o prémio de Melhor Documentário Português. Centrado na vida e obra do poeta e pintor Mario Cesariny, o filme dá continuidade à tendência de colocar os documentários no circuito comercial cinematográfico. Juntamente com a película, é exibida a curta-metragem "Momentos na Vida de um Poeta", de Carlos Calvé, com Mario Cesariny.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

SOU??? ENTÃO ESTÁ BEM...





You Are a Snarky Blogger!



You've got a razor sharp wit that bloggers are secretly scared of.
And that's why they read your posts as often as they can!


Bem, como hoje não escrevi nada recorri a um post pré-fabricado (via Me, Myself and I)...E os feriados são para descansar, até porque amanhã será o meu primeiro dia de "trabalho a sério". Um daqueles dias que ficará marcado no meu calendário, portanto (pela positiva, espero)...