sexta-feira, julho 14, 2006

MR. E MRS. HUNT

Depois das adaptações para cinema a cargo de Brian DePalma e John Woo, o realizador escolhido para "Missão: Impossível 3" (Mission: Impossible III), terceiro filme inspirado na mítica série televisiva, foi alguém que iniciou precisamente o percurso no pequeno ecrã e que testa agora terittórios da sétima arte, J. J. Abrams.
Responsável por dois duas das mais aclamadas produções televisivas do momento - as séries "A Vingadora" e, sobretudo, "Perdidos" -, Abrams trouxe nova vida a narrativas vincadas pelo suspense, espionagem e acção, o que à partida fazia dele uma opção promissora para se ocupar de um filme destes.

Contudo, por vezes até no melhor pano cai a nódoa, e a estreia do realizador nas longas-metragens está longe de ser tão auspiciosa como a sua experiência televisiva. Não que "Missão: Impossível 3" seja desastroso, apenas não acrescenta nada de novo nem ao cinema nem à série, limitando-se a seguir, com competência mas sem chama, um formato por demais visto em tantas outras películas de acção.

Há tentativas de mudança, é certo, entre as quais o esforço numa maior humanização do protagonista Ethan Hunt ou a inclusão dos seus colegas de equipa (embora a série televisiva se centrasse num grupo, os dois filmes anteriores ignoraram esse facto).

Estas alterações são, no entanto, muito ténues, uma vez que a personagem principal se mantém tão genérica como antes, já que o facto de ter uma relação amorosa que lhe concede automaticamente maior densidade emocional. Quanto aos elementos da equipa, são ainda menos desenvolvidos, pois Abrams usa-os como meros gadgets do argumento.

O que se aproveita são mesmo as quase sempre eficazes e pontualmente emocionantes sequências de acção, onde o realizador mostra que no departamento de explosões, riscos e perseguições consegue gerar momentos de efervescente energia cinética sem enveredar por irritantes exercícios de pirotecnia balofa nem enjoativos tremeliques da câmara.

Se isso bastar, então "Missão: Impossível 3" nem funciona enquanto má proposta de entretenimento pipoqueiro e livre de pretensões, mas não deixa de ser uma pena vê-lo desperdiçar actores como Laurence Fishburne e Jonathan Rhys-Meyers (aqui transformados em bonecos sem alma) ou Philip Seymour Hoffman (que compõe um vilão interessante mas com escasso tempo de antena).

O protagonismo volta a ser dado a um Tom Cruise igual a si próprio, exemplar nas cenas de maior dinamismo mas que, para além disso, se limita a viver uma básica e forçada história de amor com uma indistinta Michelle Monaghan.

Enfim, tendo em conta a baixa fasquia da maioria da concorrência dentro do género, o filme cumpre, mas a julgar pelos nomes envolvidos esperava-se mais do que uma mediania bem oleada porém pouco substancial.

E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

6 comentários:

brain-mixer disse...

Nesta concordo contigo. Ethan Hunt está-se a tornar num emproeirado de primeira, juntamente com um tal Bond... Não basta apenas juntar emoção à personagem, tem de se inovar nas cenas de acção em ritmo e originalidade.

gonn1000 disse...

A acção achei satisfatória, agora a emotividade da personagem é que me pareceu pouco desenvolvida e sem grande ousadia. Mas enfim, dentro dos filmes fast-food até é dos melhores que aí anda.

gonn1000 disse...

Não foi mesmo uma grande estreia no cinema, pode ser que da próxima se saia melhor.

Anónimo disse...

Hum...eu cá gostei. É verdade que não é perfeito, mas como mero entretenimento acho que estamos perante um filme bastante eficaz :).

Abraço

gonn1000 disse...

Eficaz, sim, mas fica-se por aí. Abraço.

Anónimo disse...

podiam me dixer km foi o realizador desse filme?