Alvo de algum culto por onde tem passado, a que não será alheio o facto do seu argumento e banda-sonora serem da autoria de Nick Cave, “Escolha Mortal” (The Proposition) recupera alguns dos cânones do western, género quase esquecido nos dias de hoje, para contar uma história amarga história de vingança, traição e dor ambientada na Austrália de finais do século XIX.
Centrado no dilema de um criminoso que, para conseguir que o seu irmão mais novo escape à pena de morte, terá de matar o mais velho, um assassino cruel e impiedoso, o filme segue em paralelo a relação do capitão local e da sua esposa, estas as duas únicas figuras que conseguem gerar alguma empatia.
É precisamente pela falta de empatia que a maioria das suas personagens despoleta que “Escolha Mortal” resulta numa obra desequilibrada, pois o desenrolar das peripécias que envolvem os irmãos Burns, além de ser algo previsível, não emana grande carga emocional, arriscando-se a que o destino destes se torne indiferente para o espectador.
Centrado no dilema de um criminoso que, para conseguir que o seu irmão mais novo escape à pena de morte, terá de matar o mais velho, um assassino cruel e impiedoso, o filme segue em paralelo a relação do capitão local e da sua esposa, estas as duas únicas figuras que conseguem gerar alguma empatia.
É precisamente pela falta de empatia que a maioria das suas personagens despoleta que “Escolha Mortal” resulta numa obra desequilibrada, pois o desenrolar das peripécias que envolvem os irmãos Burns, além de ser algo previsível, não emana grande carga emocional, arriscando-se a que o destino destes se torne indiferente para o espectador.
As interpretações também nem sempre ajudam, já que Guy Pearce apresenta um registo apático e inexpressivo, compondo uma personagem determinante mas de escassa espessura, Richard Wilson limita-se a ser histérico e a fazer pose de coitadinho no papel de irmão mais novo e apenas Danny Huston, que encarna o implacável líder do gang de assassinos, é o único do trio a estar à altura do que lhe é pedido.
Ray Winstone e Emily Watson oferecem desempenhos mais convincentes, mas infelizmente as suas personagens, apesar de serem interessantes, carecem de maior desenvolvimento.
É pena que o argumento e a construção de personagens sejam pouco mais do que esquemáticos, porque nos outros aspectos “Escolha Mortal” é bastante conseguido. A realização segura de John Hillcoat proporciona uma atmosfera claustrofóbica e hostil, apropriada à amoralidade e inquietação que caracteriza a maioria das figuras do filme. A impressionante fotografia de Benoît Delhomme é fulcral para a consolidação dos ambientes tórridos e áridos, assim como a reconstrução de época, minuciosa e verosímil. Já a banda-sonora de Nick Cave, não sendo um assombro, é suficientemente intrigante e adequada às atmosferas do filme, entre o brutal e o poético.
Contudo, como esta intensidade visual e sonora raramente tem contraponto em sequências com uma carga dramática ao mesmo nível, “Escolha Mortal” não ultrapassa a fasquia do filme curioso, o que é especialmente lamentável tendo em conta que, com alguns acertos no argumento e no ritmo da narrativa, poderia ter ascendido a um patamar bem superior.
Ray Winstone e Emily Watson oferecem desempenhos mais convincentes, mas infelizmente as suas personagens, apesar de serem interessantes, carecem de maior desenvolvimento.
É pena que o argumento e a construção de personagens sejam pouco mais do que esquemáticos, porque nos outros aspectos “Escolha Mortal” é bastante conseguido. A realização segura de John Hillcoat proporciona uma atmosfera claustrofóbica e hostil, apropriada à amoralidade e inquietação que caracteriza a maioria das figuras do filme. A impressionante fotografia de Benoît Delhomme é fulcral para a consolidação dos ambientes tórridos e áridos, assim como a reconstrução de época, minuciosa e verosímil. Já a banda-sonora de Nick Cave, não sendo um assombro, é suficientemente intrigante e adequada às atmosferas do filme, entre o brutal e o poético.
Contudo, como esta intensidade visual e sonora raramente tem contraponto em sequências com uma carga dramática ao mesmo nível, “Escolha Mortal” não ultrapassa a fasquia do filme curioso, o que é especialmente lamentável tendo em conta que, com alguns acertos no argumento e no ritmo da narrativa, poderia ter ascendido a um patamar bem superior.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
7 comentários:
me deu vontade de ver este filme só por conta da trilha-sonora com Nick Cave! ;-)
A banda-sonora é interessante, mas longe de essencial. Ainda assim, o filme não desmerece uma espreitadela.
O filme não merece uma espreitadela... merece contemplação!
Algumas sequências sim, mas no geral não me parece :P
"Contudo, como esta intensidade visual e sonora raramente tem contraponto em sequências com uma carga dramática ao mesmo nível (...)"
Não concordo, mas respeito a tua opinião. Para mim é simplesmente um dos melhores filmes do ano!
Abraço e continuação de 1 bom trabalho :)
Pois, já reparei que o elegeste como um dos favoritos há uns meses. Gostos... :)
Decididamente, não sentimos este da mesma maneira, mas percebo que encontres aqui mais méritos do que eu.
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