quarta-feira, julho 12, 2006

A FILHA PRÓDIGA

Ancorado sobretudo nas interpretações seguras de um elenco coeso e na sensibilidade de um argumento que, sem trazer nada de novo, consegue ser envolvente, "Estranhos em Casa" (Winter Passing) é uma interessante primeira-obra que permite adicionar Adam Rapp, oriundo das esferas do cinema independente, ao grupo de realizadores norte-americanos promissores.

Este estudo de personagens narra o percurso de Reese, uma jovem actriz que viaja de Nova Iorque até ao Michigan, a sua terra-natal, de encontro ao seu pai, Don Holden, um escritor aclamado mas cujo frágil estado de saúde o convida ao isolamento e depressão, reforçada pela morte recente da esposa.

Embora inicialmente a deslocação de Reese se deva a uma tentadora proposta de publicação de uma série de cartas trocadas entre os seus pais, guardadas na garagem da sua antiga casa, a estadia reserva-lha algumas surpresas, entre as quais a presença de dois novos inquilinos: Shelly, uma discreta jovem inglesa, ex-aluna de Don, e Corbit, um recatado músico amador.

É na interacção destas quatro personagens que "Estranhos em Casa" se concentra, e se o seu desenvolvimento não é especialmente imprevisível, longe disso - não há grandes inovações nas abordagens das temáticas do regresso a casa, dos laços que se formam entre outcasts ou das dores das relações entre pais e filhos -, tal não compromete que este se destaque enquanto um drama sóbrio e inteligente, de clara escola indie.

Melancólico mas caloroso, marcado por atmosferas outonais, o filme seduz pela realização escorreita de Rapp, pela recomendável banda-sonora (a cargo de nomes como os Kingsbury Manx, Azure Ray, Deadsy, Low ou Smog) e pela equilibrada carga dramática para a qual contribui a valorosa entrega dos actores, desde a protagonista Zooey Deschanel, que compõe a contraditória e impulsiva Reese, até aos não menos determinantes Ed Harris (competente como escritor à beira do colapso), Amelia Warner (soberba na pele da idealista e luminosa Shelly) e Will Ferrell (que finalmente tem a seu cargo uma personagem e prestação suportáveis).

Não pretendendo ser mais do que uma obra sincera e modesta, "Estranhos em Casa" centra-se no essencial: contar uma boa história de forma entusiasmante, e o resultado é francamente positivo. Não apresenta trunfos que o tornem num filme ímpar, mas permite afirmar que Adam Rapp começa bem.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

3 comentários:

gonn1000 disse...

Hum, não faço ideia, mas também não era série que eu acompanhasse. Fica bem ()

gonn1000 disse...

Pena que muitos nem tenham dado por ele, mas já se esperava :(

Anónimo disse...

best regards, nice info
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