Dando continuidade a um conjunto de seis peças encenadas há dois anos por Tiago Rodrigues no Teatro Maria Matos, "Urgências 2006" está novamente em cena no mesmo espaço mas conta agora com onze pequena histórias, como se se tratasse de uma selecção de curtas-metragens para teatro, todas inspiradas pela questão "O que tens de urgente para me dizer?".
Escritas por Filipe Homem Fonseca, João Quadros, Luís Filipe Borges, Nelson Guerreiro, Nuno Artur Silva, Nuno Costa Santos, Patrícia Portela, Pedro Mexia, Pedro Rosa Mendes, Susana Romana e Tiago Rodrigues (que acumula os cargos de encenador e actor), as peças oferecem fugazes retratos do quotidiano contemporâneo, não raras vezes de situações-limite onde cada minuto pode ser decisivo para alterar radicalmente o destino das personagens.
Escritas por Filipe Homem Fonseca, João Quadros, Luís Filipe Borges, Nelson Guerreiro, Nuno Artur Silva, Nuno Costa Santos, Patrícia Portela, Pedro Mexia, Pedro Rosa Mendes, Susana Romana e Tiago Rodrigues (que acumula os cargos de encenador e actor), as peças oferecem fugazes retratos do quotidiano contemporâneo, não raras vezes de situações-limite onde cada minuto pode ser decisivo para alterar radicalmente o destino das personagens.
Estas são interpretadas por um elenco coeso e versátil, onde constam Cláudia Gaiolas, Iolanda Laranjeiro, Joaquim Horta, Luís Mestre, Margarida Cardeal, Sofia Grillo, Tónan Quito e Tiago Rodrigues, todos eles convincentes e capazes de reforçar a intensidade dos textos.
"Urgências 2006" é uma peça arriscada, que a espaços deixa o espectador descoordenado no meio dos contrastes e mudanças de tom, sobretudo nos momentos iniciais, os mais marcados pelo acelerado caleidoscópio sons e acções, com um palco quase despido onde os actores se deslocam num intrigante alvoroço.
Contudo, no meio destes jogos do acaso, vincados pela efemeridade das relações humanas, por encontros e desencontros onde a solidão parece ser o denominador comum, há retratos a reter e admirar.
É o caso de "Coro dos amantes a caminho do hospital", um dos mais belos e comoventes, onde a sensibilidade da escrita de Tiago Rodrigues e as superlativas interpretações de Cláudia Gaiolas e Tónan Quito se fundem para originar um desencantado olhar sobre as armadilhas da vida e a união conjugal.
Não menos intenso é "O lado bom", de Filipe Homem Fonseca, com um arrebatador monólogo de Margarida Cardeal ancorado num duelo entre o cansaço (ou ódio) do dia-a-dia e a chegada da maternidade indesejada.
A actriz apresenta-se noutro registo em "Última chamada", de Luís Filipe Borges, onde contracena com Tónan Quito numa conversa de aeroporto que adquire contornos larger than life, misto de comédia romântica com diálogos afiados e um travo de "Antes do Amanhecer", de Richard Linklater.
Também interessantes são "I tuning", de Nuno Artur Silva (frenética reflexão sobre a cultura digital); "Bolas de neve", de Susana Romana (centrado na culpa e no poder do acaso); "1963", de Pedro Mexia (que explora fantasmas sexuais); e "Trabalhador independente", de Nuno Costa Santos (com a precaridade laboral em jogo), mas as outras peças expõem mais limitações, originando um todo desigual, o que não é propriamente inesperado num projecto com a participação de diversos autores e perspectivas.
Contudo, no meio destes jogos do acaso, vincados pela efemeridade das relações humanas, por encontros e desencontros onde a solidão parece ser o denominador comum, há retratos a reter e admirar.
É o caso de "Coro dos amantes a caminho do hospital", um dos mais belos e comoventes, onde a sensibilidade da escrita de Tiago Rodrigues e as superlativas interpretações de Cláudia Gaiolas e Tónan Quito se fundem para originar um desencantado olhar sobre as armadilhas da vida e a união conjugal.
Não menos intenso é "O lado bom", de Filipe Homem Fonseca, com um arrebatador monólogo de Margarida Cardeal ancorado num duelo entre o cansaço (ou ódio) do dia-a-dia e a chegada da maternidade indesejada.
A actriz apresenta-se noutro registo em "Última chamada", de Luís Filipe Borges, onde contracena com Tónan Quito numa conversa de aeroporto que adquire contornos larger than life, misto de comédia romântica com diálogos afiados e um travo de "Antes do Amanhecer", de Richard Linklater.
Também interessantes são "I tuning", de Nuno Artur Silva (frenética reflexão sobre a cultura digital); "Bolas de neve", de Susana Romana (centrado na culpa e no poder do acaso); "1963", de Pedro Mexia (que explora fantasmas sexuais); e "Trabalhador independente", de Nuno Costa Santos (com a precaridade laboral em jogo), mas as outras peças expõem mais limitações, originando um todo desigual, o que não é propriamente inesperado num projecto com a participação de diversos autores e perspectivas.
Não obstante o nível desigual das suas curtas, o balanço de "Urgências 2006" acaba por ser positivo, e por isso esta experiência, apesar de não ser urgente (pelo menos nem sempre), merece ser descoberta e partilhada.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
2 comentários:
AAAHHHH
Será desta peça a publicidade que tenho visto e me tem chamado à atenção, com uns slogans interessantes como "É urgente misturar" ou qq coisa assim do género?
Hum, não me lembro disso, mas é capaz.
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