terça-feira, janeiro 31, 2006

A SOLIDÃO E A CIDADE

Uma das pequenas pérolas indie de 2005, "Uma Rapariga Cheia de Sonhos" (Shopgirl) baseia-se num livro de Steve Martin, que para além de adaptar o argumento assume ainda o papel de produtor e actor deste filme de Arnand Tucker.

Se pela tradução portuguesa do título esta película pode ser confundida com mais uma comédia romântica de usar e deitar fora, este rótulo revela-se enganador, já que "Uma Rapariga Cheia de Sonhos" avança por outros domínios. Há alguma comédia, sim, mas mais amargurada do que açucarada, assim como há romance, que contudo não se enquadra dentro dos formatos dos típicos chick flicks.

O filme agarra-se ao percurso de três habitantes de Los Angeles, que apesar de muito diferentes encontram-se interligados pela solidão, elemento que desencadeia as suas relações.
Mirabelle (Claire Danes) é uma jovem balconista de uma loja de artigos de luxo, que testemunha um quotidiano rotineiro, pouco auspicioso e sem grandes perspectivas, mas ao travar dois novos conhecimentos descobre que ainda pode haver espaço para alguma dose de surpresa no seu dia-a-dia.

Pouco depois de iniciar uma repentina relação com Jeremy (Jason Schwartzman), um jovem tímido, espirituoso e atrapalhado, a protagonista envolve-se com Ray (Steve Martin), um bem-sucedido homem de meia idade, relacionamento que se sobrepõe ao primeiro e que dá início a uma complexa viagem emocional, onde a entrega e o egoísmo se entrelaçam, deixando dúvidas quanto à possibilidade de consumação do amor.

Contemplativo e atmosférico, pontuado por um realismo etéreo próximo dos ambientes de Sofia Coppola (em particular dos de "Lost in Translation - O Amor é um Lugar Estranho"), "Uma Rapariga Cheia de Sonhos" contém um olhar adulto sobre as contrariedades das relações humanas (onde entram a carência emocional ou a falta de comunicação), aqui abordadas com um filtro agridoce, com tanto de idealista como de desencantado.

Tucker apresenta um polido trabalho atrás das câmaras, concedendo ao filme uma aura urbana e poética e edificando uma Los Angeles que raramente terá sido tão melancólica.
A direcção de actores não é tão conseguida, pois se Claire Danes está magnética e brilhante, confirmando-se como uma das actrizes mais expressivas e versáteis de hoje, Steve Martin abusa da pose distante e fria, tornando a sua personagem num esboço, e Jason Schwartzman repete o tipo de figura offbeat que o tem demarcado, encarnando um Jeremy que, apesar de gerar empatia, é demasiado caricatural.

O filme também é algo debilitado por se tornar um pouco monótono em certos momentos e pela banda-sonora muitas vezes intrusiva, mas globalmente é uma obra que irradia inteligência e sensibilidade, não merecendo por isso passar despercebida. Uma boa surpresa.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

O ABORRECIDO MUNDO DE VICTOR

2005 não foi um ano muito feliz para o cinema de animação, marcado pela mediania de obras desapontantes como “Madagáscar” ou “O Castelo Andante”, por exemplo, e nem mesmo Tim Burton, cineasta frequentemente inventivo, foi capaz de inverter essa tendência, como “A Noiva Cadáver” (Corpse Bride) evidencia.

Se o realizador proporcionou, com “Charlie e a Fábrica de Chocolate”, uma das suas melhores obras em muitos anos, o seu projecto sucessor não se revela tão estimulante, pois embora até apresente pontuais boas ideias estas são mal aproveitadas e nunca originam um golpe de asa assinalável.

Inspirado numa lenda russa, o filme é uma fábula – de contornos góticos, como não poderia deixar de ser – que foca a relação entre o universo dos vivos e o dos mortos, seguindo as atribulações de um jovem tímido, Victor, que devido a um acordo entre os seus pais e um casal nobre é praticamente obrigado a casar com a filha destes últimos, Victoria. Todavia, uma sequência de episódios conturbados leva a que o protagonista faça com que uma jovem noiva ressuscite, estabelecendo com ela uma peculiar relação que coloca em causa os planos para o seu matrimónio.

Experiência em domínios da animação stop-motion – já trabalhados por Burton em “O Estranho Mundo de Jack” -, “A Noiva Cadáver” é quase um catálogo de muitos dos traços que marcam a maior parte da filmografia do cineasta, contendo protagonistas relutantes e incompreendidos, algumas doses de humor negro, um gosto singular pela bizarria e excentricidade, uma cuidada vertente visual, uma banda-sonora delirante e um olhar sobre as relações amorosas e familiares, tudo contaminado por equilibradas cargas de irreverência, negrume, fantástico e romantismo.
O problema é que a combinação de todos estes elementos, que em algumas películas anteriores resultou bem, surge aqui numa versão demasiado pasteurizada, como se Burton se limitasse a recorrer a um template já por demais utilizado, não se preocupando em acrescentar nada de único ao filme.

“A Noiva Cadáver” assemelha-se assim a uma refeição que, apesar de bons ingredientes, utiliza uma receita que apenas oferece mais do mesmo, tornando-se num desagradável prato requentado.
As personagens também não ajudam (mesmo com boas vozes), já que Victor é estereotipado e desinteressante, sem qualquer carisma ou força de vontade, Victoria limita-se a ser doce, e os secundários não têm qualquer alma, sobretudo os pais do casal, banalíssimas caricaturas que reaproveitam estafados clichés. A Noiva Cadáver é a única que tem alguma vibração emocional, mas não consegue compensar o simplismo das restantes.
O argumento é igualmente pobre, enveredando por uma linearidade e esquematismo nada surpreendentes, e apenas a componente estética do filme gera momentos de algum fulgor, que ainda assim só a espaços se eleva acima da competência (e de Burton seria legítimo esperar mais).

Cansativo, apesar de curto (76 minutos), “A Noiva Cadáver” é uma desilusão, com personagens que não passam mesmo de bonecos (bem conseguidos visualmente, mas sem espessura dramática), incapaz de funcionar como entretenimento (o humor é escasso e geralmente pouco exigente) e muito menos enquanto fonte de reflexão. Não chega a ser um cadáver, mas é bastante mortiço.
E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL

domingo, janeiro 29, 2006

PATANISCAS FRESCAS

Parece que esta ideia pegou e que é para repetir, por isso nada como criar um blog para futuras efemérides. Aceitam-se sugestões gastronómicas e musicais aqui. Bloggers, unite!!!

A HISTÓRIA ESQUECIDA

À partida, um filme sobre a operação de resgate de mais de 500 soldados americanos aprisionados num campo de concentração japonês, em Cabanatuan, nas Fipinas, durante o final da II Guerra Mundial, poderia fazer de “O Resgate dos ‘Soldados Fantasma’” (The Great Raid) mais um concentrado de nacionalismo exacerbado e com enjoativas doses de maniqueísmo, elementos que vitimam alguns filmes de guerra made in USA (o exemplo mais gritante dos últimos tempos talvez seja o incontornável “Pearl Harbour”, de Michael Bay).

É com agrado que se verifica, no entanto, que a mais recente película de John Dahl não segue um caminho assim tão óbvio e simplista, pois embora seja uma homenagem aos soldados americanos que viveram esta missão – tanto os da 6ª Armada como os que foram por estes libertados – nunca cai em golpes dramáticos ou ideológicos fáceis nem tenta ilibar responsabilidades aos EUA, proporcionando um retrato sério que não tenta manipular o espectador.
Há algumas limitações no desenvolvimento das personagens japonesas, mais caricaturais do que as norte-americanas, mas esse ponto fraco acaba por não debilitar muito o filme, uma vez que a perspectiva em que Dahl se centra é a dos “soldados fantasma” (assim denominados uma vez que esta operação, apesar de verídica, é desconhecida por muitos).

“O Resgate dos ‘Soldados Fantasma’” segue os acontecimentos de três experiências distintas: a do Tenente Mucci (Benjamin Bratt) e do Capitão Prince (James Franco), que lideram a missão de salvamento; a do Major Gibson (Joseph Fiennes) e dos outros prisioneiros; e a da amante deste, Margaret Utinsky (Connie Nielsen), uma enfermeira norte-americana que, juntamente com alguns aliados da resistência filipina, fornece medicamentos aos soldados em cativeiro.

Dahl compensa em consistência aquilo que não oferece em originalidade, apresentando uma obra escorreita e segura, protagonizada por um elenco que, não sendo excepcional, é suficientemente sólido e empenhado e consegue fazer com que as personagens ganhem alma.
Particularmente interessante é a relação amorosa do par Fiennes/Nielsen, misto de distância e obstinação, assente num romantismo “à moda antiga” e cujo rumo permanece uma incógnita até ao final.

Embora ultrapasse as duas horas de duração, “O Resgate dos ‘Soldados Fantasma’” raramente aposta em cenas dispensáveis e coordena com eficácia as três linhas narrativas que acabam por se interligar num explosivo desenlace carregado de suspense e adrenalina (contrastando com a maioria dos momentos anteriores, mais sóbrios e pausados).

John Dahl não acrescenta muito ao género – como também não acrescentava à série B on the road no anterior “Não Brinques com Estranhos”, um dos melhores filmes de terror dos últimos anos - mas gera uma película honesta e pertinente, que cumpre com distinção aquilo a que se propõe e que mesmo marcada por algum academismo resulta numa obra entusiasmante e acima da média.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

BLINKS & LINKS

sábado, janeiro 28, 2006

LUMIÉRE: OS VENCEDORES

30 blogs participaram na 2ª edição dos Prémios Lumiére - incluindo este - e os resultados das votações já foram apurados. O excelente "O Despertar da Mente", de Michel Gondry, foi considerado o Melhor Filme da edição anterior, referente às estreias de 2004, e desta vez a escolha recaiu sobre "Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos", de Clint Eastwood, considerado pelo júri o Melhor Filme de 2005. Enfim, não é um dos meus preferidos, mas também não o foram os vencedores da maioria das restantes categorias. Aqui fica a lista:

Melhor Filme: "Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos"


Melhor Realizador: Clint Eastwood ("Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos")

Melhor Actor: Javier Bardem ("Mar Adentro")

Melhor Actriz: Hilary Swank ("Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos")

Melhor Actor Secundário: Morgan Freeman ("Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos")

Melhor Actriz Secundária: Natalie Portman ("Perto Demais")

Melhor Argumento: "Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos"

Melhor Montagem: "O Aviador"

Melhor Fotografia: "Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos"

Melhor Banda Sonora: "A Noiva Cadáver"

Melhor Filme de Animação: "A Noiva Cadáver"

Revelação Masculina 2006: Zach Braff ("Garden State")

Revelação Feminina 2006: Rachel McAdams ("Red Eye")

sexta-feira, janeiro 27, 2006

QUANDO OS BOÉMIOS PERDEM A GRAÇA

Os Dandy Warhols são daquelas bandas que não se percebe se querem ser levadas a sério, assumindo frequentemente uma atitude supostamente cool, descomplexada e irreverente, mas por vezes também demasiado arty e inconsequente, postura que apresentaram ao longo de quatro discos recomendáveis (um deles, “Thirteen Tales From Urban Bohemia”, era até muito bom, e catapultou-os para um sucesso momentâneo através do mediático single "Bohemian Like You") e evidenciada no interessante documentário “DiG!”, de Ondi Timoner.

Agora, com o seu quinto álbum de originais, “Odditorium or Warlords From Mars”, é mais difícil do que nunca levar a banda a sério, pois é o seu trabalho mais desinspirado e coloca em causa uma discografia que, embora algo irregular, nunca tinha deixado de ser estimulante.
Se nos registos anteriores os Dandy Warhols já apostavam ocasionalmente em canções demasiado longas e/ ou repetitivas, aqui esses momentos não são a excepção mas o cenário habitual, tornando-se cansativos e testando a paciência dos ouvidos mais tolerantes.

Na faixa de abertura, “Colder Than the Cold Winter Was Cold”, anuncia-se, em pouco mais de um minuto e com algum sentido de humor, que este disco é um “pedaço da História”, contudo o aviso logo se revela como uma piada de mau gosto quando a primeira canção, “Love is the New Feel Awful”, envereda por territórios de um rock alternativo algo genérico que se torna enfadonho e redundante ao fim de cinco minutos, mas que infelizmente dura quase dez.

Pior, no entanto, é o último tema do disco, “A Loan Tonight”, ainda mais longo e fastidioso, que prova que o experimentalismo nem sempre gera bons resultados e é sério candidato a pior composição de sempre do grupo.
Durante o resto do álbum, o nível qualitativo não chega a descer tanto, mas se já seria desapontante enquanto conjunto de lados-b é-o ainda mais por se tratar de material inédito.
“Smoke It”, o primeiro single, é provavelmente a canção mais tipicamente Dandy Warhols, mas fica muito abaixo de singles anteriores e tão contagiantes como “Get Off”, “Everyday Should Be a Holiday” ou “The Last High”.
“The New Country” e “All the Money or the Simple Life Honey” proporcionam uma estafada mistura de country e indie rock, “Did You Make a Song With Otis” é um interlúdio dispensável e “Easy” e “There is Only This Time” são curiosos esboços de canções que não deveriam ter passado das sessões de gravação.

“Odditorium or Warlords From Mars” não chega a ser um desastre total porque os Dandy Warhols ainda oferecem aqui alguns bons momentos, casos de “Holding Me Up” e “There is Only This Time”, caracterizados por traços de psicadelismo e melodias cativantes que os aproximam dos temas de “The Dandy Warhols Come Down”; ou “Everyone is Totally Insane”, um apelativo episódio pop de tempero new wave que não destoaria no disco anterior, “Welcome to the Monkey House”.
Lamenta-se o passo em falso e desejam-se as melhoras, porque não é com álbuns deste calibre que vão ficar para a História.
E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL

quinta-feira, janeiro 26, 2006

ESTREIA DA SEMANA: "CHUPA NO DEDO"

Não, não é um filme sobre essa célebre canção da Micaela (rapariga de quem ainda não falei no blog, mas que já merecia um post, não??), é a primeira longa-metragem de Mike Mills, realizador com experiência na área dos videoclips que apresenta aqui as bizarras (ou nem tanto) peripécias de um adolescente que, aos 17 anos, ainda chucha no dedo.
Este é o ponto de partida para "Chupa no Dedo" (Thumbsucker), uma dramedy passada nos subúrbios norte-americanos, interpretada por nomes como Tilda Swinton, Vincent D`Onofrio, Vince Vaughn ou... errr... Keanu Reeves. Tive pena de não o ter visto durante o IndieLisboa 2005, mas desta vez não tenciono deixá-lo passar.
Outras estreias:

"Gabrielle", de Patrice Chéreau
"Lavado em Lágrimas", de Rosa Coutinho Cabral
"Memórias de uma Gueixa", de Rob Marshall
"O Libertino", de Laurece Dunmore

quarta-feira, janeiro 25, 2006

O TÉDIO

Apesar de contar já com uma carreira longa, Bill Murray tornou-se decididamente numa figura de culto ao ser um dos protagonistas de “Lost in Translation - O Amor é um Lugar Estranho”, de Sofia Coppola, assumindo-se como um dos ícones do cinema independente actual, posição reforçada pela regular presença nos filmes de Wes Anderson.

Outro nome incontornável do cinema independente – e, de resto, um dos seus fundadores -, Jim Jarmusch, apresenta em “Broken Flowers – Flores Partidas” um filme à medida do actor, no sentido em que a sua obra mais recente é mais um veículo para Murray sedimentar o tipo de papel pelo qual se tem demarcado nos últimos projectos, para o melhor e (sobretudo) para o pior.

Lacónica e minimalista, a película alicerça-se em Don Johnston, um “Don Juan” cinquentão e solitário que, apesar da riqueza monetária, parece ser refém de uma apatia que invade o seu dia-a-dia, mantendo uma postura distante perante os outros, incluindo a sua namorada Sherry (Julie Delpy, num cameo logo ao início), que o abandona.
Contudo, a chegada de uma carta de uma suposta ex-namorada revela que Don tem um filho de 19 anos que desconhece, o que o leva a revisitar o seu passado, em particular algumas das mulheres que marcaram a sua vida e que lhe poderão ter enviado essa revelação.

Entre o drama (insípido) e o humor (com pretensões de subtileza mas quase sempre nulo), “Broken Flowers – Flores Partidas” segue a bocejante viagem do seu protagonista em busca de respostas e apresenta o seu reencontro com quatro ex-amantes, que embora sejam bastante diferentes têm em comum um contacto próximo com a solidão e um certo desencanto.

Jarmusch poderia ter feito aqui uma interessante obra sobre o confronto com o passado, a paternidade, o envelhecimento ou a procura do amor, mas deita tudo a perder ao carregar de tiques a personagem de Bill Murray que, de forma nada surpreendente, se limita a fazer de si próprio, ou seja, manter uma expressão blasé e debitar frases monocórdicas, o que alguns consideram underacting magistral mas que já começa a tornar-se francamente entediante.

Se o protagonista não gera qualquer empatia, os secundários não são muito mais interessantes, já que Sharon Stone, Frances Conroy, Jessica Lange e Tilda Swinton desperdiçam o seu talento na interpretação de quatro figuras sem substância, tornando o filme num penoso concentrado de personagens apáticas que apenas despertam indiferença.

Com uma estrutura episódica e planos longos, “Broken Flowers – Flores Partidas” é uma experiência redundante que nada traz de novo, pelo contrário, repisa território gasto do cinema independente e evidencia os seus piores lugares-comuns, oferecendo momentos contemplativos mas ocos, confundindo simplicidade com escassez de ideias e com um argumento anémico. Salvam-se da mediocridade alguns bons planos e escassos diálogos inspirados, sobra um road movie quase sempre banalíssimo.

E O VEREDICTO É: 1,5/5 - DISPENSÁVEL

O FANTASMA APAIXONADO

Quando, em 2000, “O Fantasma” chegou às salas de cinema, deu a conhecer um universo com tanto de particular como de controverso de um dos novos realizadores portugueses, João Pedro Rodrigues.

Alvo de apaixonados elogios e, simultaneamente, de acesos repúdios por parte da crítica, foi capaz de projectar o nome do cineasta a nível internacional e gerar expectativa para o seu trabalho futuro, que se revela agora em “Odete”, a sua segunda e aguardada longa-metragem.

Novamente ambientado em cenários urbanos, o filme é um visceral retrato da solidão e da obsessão, partindo de um quotidiano aparentemente reconhecível mas que se vai transfigurando aos poucos, desenvolvendo atmosferas contaminadas por um realismo cortante onde se vai evidenciando, também, uma considerável bizarria e estranheza.

A morte de um jovem, Pedro, potencia a aproximação do seu ex-namorado, Rui, e de Odete, uma empregada de um supermercado.
Se Rui se deixa envolver numa espiral descendente, não sabendo como reagir à abrupta perda e adoptando um comportamento desregrado, Odete também não fica imune à morte do seu vizinho e revela que está grávida deste, vendo assim satisfeito o seu desejo de ter um filho, o único que alicerça a sua existência.

Arriscado e inquietante, “Odete” mergulha nos domínios mais extremos e inóspitos do âmago humano, centrando-se em duas personagens alienadas e à beira do abismo que testam os seus próprios limites.
Tal como em “O Fantasma”, percorre-se aqui uma parte de Lisboa que raramente é focada no cinema nacional, uma vez que João Pedro Rodrigues foca a melancolia e obscuridade de alguns domínios nocturnos, evidenciando sobretudo retratos relacionados com a cultura gay ou locais de culto, que acolhem e perpetuam a solidão e inadaptação dos protagonistas.

O filme envereda por terreno ardiloso mas consegue manter uma difícil coerência e nunca chega a cair no ridículo, pois embora o sugira a espaços o rumo das personagens é plausível, ainda que desconcertante e insólito.
Os desempenhos dos actores ajudam, já que Ana Cristina de Oliveira não poderia estar mais afastada da imagem de modelo que a celebrizou, encarnando uma Odete simultaneamente letárgica e obstinada, e Nuno Gil, apesar de um pouco menos convincente em alguns diálogos, cumpre no papel de um jovem amargurado que se refugia nos resquícios de um desejo e hedonismo lúgubres.

À semelhança do seu antecessor, “Odete” é uma obra que dificilmente deixará alguém indiferente e que não gerará consensos, mas confirma João Pedro Rodrigues como um nome a seguir e é o melhor filme português desde “Noite Escura”, de João Canijo, apontando novos caminhos para o cinema nacional. Venham mais…
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

domingo, janeiro 22, 2006

BRIT GOTH

Com um recomendável disco de estreia, "These Things Can't Hurt You Now, So Throw Them in the Fire", editado no final de 2005, o trio britânico Colt pisa atmosferas próximas das dos Curve, Cranes, Whale e 12 Rounds e mostra a grupinhos de aviário recentes (olá Evanescence!) como fazer boas canções vincadas por um rock negro, electrónico e gótico, injectando-lhes ainda traços trip-hop e ambient.

"Demon in the Wheels", "Bodybag", "Death and Sequins" e "Static", quatro dos temas da banda dominados pela intrigante voz de Andrea Kerr e ambientes não menos absorventes, podem ser ouvidos aqui. Um nome a acompanhar, pelo menos começa bem...

GRANDES ESPERANÇAS, RESULTADOS MEDIANOS

Adaptada já várias vezes para cinema – e não só -, “Oliver Twist” é um dos livros mais emblemáticos e intemporais de Charles Dickens, contendo um apelo que atravessou épocas e gerações e que continua a ser fonte de inspiração para novas obras.

Roman Polanski é o nome mais recente a adaptar o clássico do escritor britânico para domínios da sétima arte, mas o resultado fica aquém das expectativas, tendo em conta que provém de um cineasta que gerou títulos seminais como “Chinatown” ou “A Repulsa”.

Embora esteja longe de ser um mau filme, este “Oliver Twist” também não possui atributos que o tornem especialmente marcante, limitando-se a oferecer uma mera ilustração do livro e raramente incorporando uma visão pessoal do realizador.

Polanski proporciona uma película competente, é certo, com uma credível reconstituição de época (tanto nos cenários como no guarda-roupa) e fotografia apelativa que ajuda a consolidar atmosferas cruas e realistas, contudo a narrativa, demasiado convencional e linear, vai perdendo o fôlego e não é capaz de assegurar que o filme se desenvolva com fluidez e consistência.

Durante a maior parte da sua duração, “Oliver Twist” assemelha-se mais às correctas e polidas mini-séries da BBC dedicadas a obras de época do que a um filme que se esperaria de Roman Polanski, exceptuando “O Pianista”, que sendo meritório evidenciava as mesmas limitações (embora ambos sejam francamente mais interessantes do que “A Nona Porta”, esse sim um filme banal e desinspirado).

Barney Clark, que interpreta o pequeno protagonista, é uma segura revelação e consegue fazer com que haja alguns momentos genuínos e comoventes, mas infelizmente estes são escassos e surgem entre cenas demasiado demonstrativas e esquemáticas, que tanto poderiam ser concebidas por Polanski ou por um realizador eficaz mas sem universo próprio.
Leanne Rowe apresenta também um desempenho envolvente na pele da relutante Nancy, assim como o veterano Ben Kingsley que encarna um intrigante Fagin, no entanto nem estas boas contribuições conseguem fazer com que o filme ultrapasse a mediania.

“Oliver Twist” é simpático e sóbrio, mas exigia-se melhor devido ao material-base e ao responsável pela adaptação. O resultado é um filme de que apetece gostar, contudo vale mais por aquilo que pretende transmitir do que pelo que consegue ser, o que é uma pena.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

sexta-feira, janeiro 20, 2006

VIVER E MORRER EM LOS ANGELES (E LAS VEGAS)

Embora tenha gerado blockbusters competentes – “Identidade Desconhecida” e “Mr. e Mrs. Smith” -, Doug Liman é um dos novos realizadores norte-americanos cujo percurso inicial parecia destacá-lo como mais do que um mero tarefeiro, devido a filmes como o curioso “Swingers”, de 1996, e, sobretudo, “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” (Go), de 1999.

Este último, que teve o infortúnio de passar algo despercebido na data da estreia, distingue-se no entanto de muitos dos filmes da mesma origem geográfica sobre adolescentes que surgiram em finais de anos 90, enquadrando-se num registo cómico de gosto duvidoso.

A película de Liman, no entanto, aproxima-se mais de “Pulp Fiction”, de Quentin Tarantino, do que de “American Pie – A Primeira Vez”, de Paul Weitz, não só pela estrutura narrativa, que apresenta três histórias diferentes com algumas personagens em comum, mas também pelo conjunto de situações inesperadas, offbeat e surpreendentes que contém.

Seguindo o quotidiano de vários jovens ao longo de 24 horas, “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” desdobra-se entre Los Angeles e Las Vegas e visita uma série de espaços diurnos e nocturnos, focando tanto a banalidade bocejante de um supermercado como – e principalmente – a adrenalina palpitante dos meandros das raves, locais decisivos para o rumo da acção.

Cruzando drama, humor e thriller, o filme possui uma vibrante energia, fruto da sólida combinação de imagem e som, originando um ritmo muito próprio e repleto de pequenas reviravoltas que, embora pareçam insignificantes para uma personagem, acabam por afectar as peripécias de outras, uma vez que Liman coordena com eficácia as interligações entre as três histórias.

Avesso a moralismos que facilmente poderiam fazer desperdiçar a sua criativa vertente formal, “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” respeita as ambivalências humanas das suas personagens e não se torna num panfleto sobre o consumo e tráfico de droga ou a homossexualidade, elementos presentes na narrativa mas que felizmente Liman não pretende tornar num “tema”.

Recorrendo a rewinds, focando assim o mesmo acontecimento sob pontos de vista diferentes, o filme utiliza-os de forma pertinente, não tendo como fim um mero exercício de estilo mas complementando-os com o jogo de acasos e acidentes que marcam as peripécias dos jovens em causa. “As Regras da Atracção”, de Roger Avary, recorreria também a este modelo três anos depois, alargando ainda mais o experimentalismo visual com raízes nos videoclips e apostando em atmosferas mais niilistas.

Mesmo com um argumento coeso e realização à altura, “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” não seria muito convincente caso os actores não correspondessem, mas o elenco é bastante sólido e inclui alguns nomes em ascensão como Sarah Polley, Katie Holmes ou Scott Wolf (da série “Adultos à Força”), que são capazes de conceder densidade às suas personagens. A banda sonora é igualmente bem escolhida, composta por canções dos Massive Attack, Leftfield, Air, No Doubt, Esthero ou Fatboy Slim.

Nem todas as histórias têm o mesmo nível de interesse – a segunda, decorrida em Las Vegas, é demasiado esgrouviada e menos imprevisível do que as restantes –, há algumas personagens que poderiam ter mais espessura e o desenlace não congrega a carga dramática presente noutros momentos (como os do “final” da primeira história), mas “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” sobrevive bem a esses entraves, proporcionando uma recomendável experiência cinematográfica com um irresistível carácter lúdico.
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM
Ah, quem quiser (re)ver o filme fique atento ao canal Hollywood, que tem andado a exibi-lo ;)

quinta-feira, janeiro 19, 2006

ESTREIA DA SEMANA: "MATCH POINT"

Incansável, Woody Allen lá continua a tendência de fazer um filme quase todos os anos, mas em "Match Point" o cenário é Londres e não Manhattan e o tom leve da maioria das suas obras recentes dá aqui lugar a uma película de contornos mais densos e negros (pelo menos é o que se diz por aí, que eu ainda não o vi). Promete ser melhor do que o anterior - e pouco estimulante - "Melinda e Melinda", veremos se cumpre... E sim, uma das protagonistas é a nova coqueluche de Hollywood, Scarlett Johansson (o que é que a Johansson tem??).
Outras estreias:
"Onde Está a Verdade?", de Atom Egoyan
"Primer", de Shane Carruth
"Saw II - A Experiência do Medo", de Darren Lynn Bousman, a sequela de "Saw - Enigma Mortal"

QUERIDA FAMÍLIA

“A Jóia da Família” (The Family Stone), de Thomas Bezucha, chama desde logo a atenção pelos nomes carismáticos e talentosos que integram o seu elenco - como Sarah Jessica Parker, Diane Keaton, Claire Danes ou Luke Wilson -, e o facto de se tratar de uma comédia dramática e algo negra sobre as relações familiares desperta alguma curiosidade, uma vez que o tema, apesar de já muito explorado, é sempre material para retratos com potencial.

Infelizmente, após o visionamento do filme o que se constata é que este vale mesmo quase só pelos actores, uma vez que o argumento desaproveita uma premissa com algum interesse.

Sarah Jessica Parker interpreta Meredith, uma mulher cosmopolita e bem-sucedida que vai finalmente ser apresentada aos seus futuros sogros durante o jantar de Natal da família Stone, mas ao chegar a casa destes apercebe-se que as reacções à sua presença se tornam cada vez mais hostis e indelicadas, aumentando o seu já considerável nervosismo e tornando este primeiro contacto num concentrado de episódios embaraçosos.

“A Jóia da Família” aparenta, ao início, ser um filme suficientemente entusiasmante, mas aos poucos vai perdendo o fôlego por apresentar personagens que nunca chegam a convencer, situações forçadas e inverosímeis, uma mistura pouco coesa de drama e comédia e, sobretudo, cenas de um gritante moralismo, que levam a que a película se espalhe ao comprido quando tenta abordar assuntos polémicos e mediáticos como a homossexualidade (que dificilmente poderia ser tratada de uma forma mais politicamente correcta e manipuladora).

As supostas cenas de humor pisam demasiadas vezes o ridículo – embora haja alguns gags bem conseguidos - e enquanto drama o filme é bastante light e superficial, ancorando-se em personagens sem grande densidade.

Como os desempenhos dos actores são globalmente seguros e o ritmo da narrativa, assim como a realização, são geridos com competência, “A Jóia da Família” não se torna numa obra desagradável, mas no final a sensação que fica é sobretudo um misto de indiferença (por não se encontrar aqui nada de novo ou memorável), incredulidade (devido às abruptas reviravoltas amorosas, que só acontecem mesmo nos filmes) e alguma simpatia (pelas cenas entre Sarah Jessica Parker e Luke Wilson, ou por Rachel McAdams voltar a evidenciar, depois de "Red Eye" ou "Os Fura-Casamentos", que é uma das jovens actrizes mais luminosas de Hollywood).
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

terça-feira, janeiro 17, 2006

POUCO SANGUE NOVO

Depois de atingirem o pico da aclamação do público e da crítica com o soberbo “Version 2.0”, em 1998, os Garbage viveram um período menos próspero com o disco sucessor, “beautifulgarbage”, de 2001, que combinou o rock e a electrónica com elementos R&B e reforçou a carga pop mas não conseguiu nem maior mediatismo nem fez com que a criatividade da banda lhe fosse reconhecida (antes pelo contrário).

Álbum-maldito no percurso do grupo e que quase gerou a sua dissolução nesse período, não estava à altura dos seus trabalhos anteriores mas foi, ainda assim, uma meritória tentativa de alargar o espectro sonoro de um projecto que havia surpreendido pelo eclectismo e ousadia.

Em 2005, “Bleed Like Me”, o quarto disco da banda, apostou antes numa vertente back to basics, ignorando a evidente – e porventura excessiva - carga pop(py) de “beautifulgarbage” e centrando-se antes em atmosferas condimentadas por um rock musculado e agressivo q.b., remetendo as electrónicas, até então determinantes, a um papel de mero adereço ocasional.

Se, por um lado, as canções do disco não são tão trauteáveis nem catchy como as do anterior, mantêm quase sempre a estrutura linear que originou o seu desequilíbrio, enveredando por caminhos mais óbvios e formatados do que aqueles presentes em “Garbage” e “Version 2.0”.
Os intrigantes contrastes de texturas e ambientes que permitiram ao grupo criar momentos de génio quase nunca se manifestam aqui, dando lugar a um conjunto de temas suficientemente sólidos mas demasiado lineares.

A voz de Shirley Manson continua, no entanto, encantatória, o problema é que, a espaços, parece ser a única mais-valia de alguns episódios, casos de “Why Do You Love Me”, que provavelmente será lembrado como o pior single dos Garbage; ou do dinâmico mas inconsequente “Why Don’t You Come Over”, canções esquemáticas apropriadas para uma banal banda de estádio.

Noutras ocasiões, a receita de rock abrasivo até funciona, como na faixa de abertura “Bad Boyfriend”, onde a intensidade é sentida e partilhada; em “Boys Wanna Fight”, canção que alia de forma escorreita a força das guitarras à explosividade do refrão; e sobretudo em “Run Baby Run”, caracterizada por um sentido de urgência com contraponto ideal na expressiva voz de Manson.

“Happy Home” e “It’s All Over But the Crying”, em regime midtempo, são pontuais pausas entre os momentos de descarga, que embora resultem apenas comprovam que canções como “Milk”, “The Trick is To Keep Breathing” ou “You Look So Fine” são clássicos dificilmente igualáveis, ainda que “Metal Heart”, o melhor momento do disco, se esforce por atingir esse patamar qualitativo ao colocar atmosferas electrónicas ao serviço de uma incisiva e hipnótica pop industrial.

Apesar de ser o álbum menos inspirado dos Garbage, evidenciando algum desgaste e estagnação, “Bleed Like Me” ainda consegue ser convincente, desde que não se coloque a fasquia tão alta como a dos primeiros dois discos.
Fruto de uma fase negra para o grupo, vincada por conflitos internos e problemas pessoais e criativos, arrisca-se a ser o último da banda, que de resto já se dissolveu (ainda que, segundo o afirmaram, apenas temporariamente). Espera-se é que, em vez de um provável (ou inevitável?) best-of, seja antes editada a tal compilação de lados-b, muitos deles 8e há tantos...) mais refrescantes e inventivos do que os últimos álbuns do grupo.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

domingo, janeiro 15, 2006

TOP CINEMA 2005: FILMES

Melhor Filme
“Mar Adentro”, de Alejandro Amenábar
“Maria Cheia de Graça”, de Joshua Marston
“Colisão”, de Paul Haggis
“Elisabethtown”, de Cameron Crowe
“Cruel”, de Mikael Håfström

Melhor Filme Animado
“Team America – Polícia Mundial”, de Trey Parker e Matt Stone
“O Castelo Andante”, de Hayao Miyazaki
“Madagáscar”, de Eric Darnell e Tom McGrath

Melhor Filme Português
“Odete”, de João Pedro Rodrigues
“Alice”, de Marcos Martins
“Adriana”, de Margarida Gil

Melhor Documentário
“Tarnation”, de Jonathan Caouette
“Dentro de Garganta Funda”, de Fenton Bailey e Randy Barbato
“Rize”, de David LaChapelle

Melhor Série Televisiva
“Donas de Casa Desesperadas”, de Marc Cherry e Charles Pratt

TOP CINEMA 2005: ACTORES

Melhor Elenco
“Colisão”
“Mar Adentro”
“Uma Pequena Vingança”
“Perto Demais”
“Batman – O Início”

Melhor Actor
Javier Bardem - “Mar Adentro”
Romain Duris – “De Tanto Bater o Meu Coração Parou”
Ralph Fiennes – “O Fiel Jardineiro”
Andreas Wilson – “Cruel”
Sean Penn – “O Assassínio de Richard Nixon”

Melhor Actriz
Catalina Sandino Moreno – “Maria Cheia de Graça”
Claire Danes – “Uma Rapariga Cheia de Sonhos”
Kirsten Dunst – “Elisabethtown”
Julia Jentsch – “Os Edukadores”, “Sophie Scholl – Os Últimos Dias”
Rachel Weisz – “O Fiel Jardineiro”

Melhor Actor Secundário
Peter Sarsgaard – “Garden State”, “Relatório Kinsey”
Ryan Phillippe – “Colisão”
Cillian Murphy – “Batman – O Início”
Matt Dillon - “Colisão”
Jake Gyllenhaal – “Proof – Entre o Génio e a Loucura”

Melhor Actriz Secundária
Kelly Reilly – “As Bonecas Russas”
Shirley MacLaine – “Na Sua Pele”
Thandie Newton – “Colisão”
Evan Rachel Hood – “O Lado Bom da Fúria”
Hope Davis – “Proof – Entre o Génio e a Loucura”

Jovem Promessa Masculina
Andreas Wilson – “Cruel”
Gabriel Macht – “Uma História de Amor”
Freddie Highmore – “Charlie e a Fábrica de Chocolate”
Topher Grace – “P.S. Amo-te”, “Uma Boa Companhia”
Barney Clark – “Oliver Twist”

Jovem Promessa Feminina
Catalina Sandino Moreno – “Maria Cheia de Graça”
Georgie Henley – “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa:
As Crónicas de Nárnia”
Carly Schroeder – “Uma Pequena Vingança”
Abbie Cornish – “Salto Mortal”
Natalie Press – “Amor de Verão”

TOP CINEMA 2005: CATEGORIAS TÉCNICAS

Melhor Realizador
Fernando Meirelles, "O Fiel Jardineiro"
Cate Shortland, "Salto Mortal"
Neil Marshall, "A Descida"
Steven Spielberg, "Guerra dos Mundos"
Spike Lee, "Ela Odeia-me"

Melhor Argumento
“Colisão”
“Elisabethtown”
“Mar Adentro”
“Maria Cheia de Graça”
“Cruel”

Melhor Fotografia
“Salto Mortal”
“Um Longo Domingo de Noivado!”
“Águas Passadas”

Melhor Montagem
“O Fiel Jardineiro”
“Sin City – A Cidade do Pecado”
“Tarnation”

Melhor Banda Sonora
“Salto Mortal”
“A Marcha dos Pinguins”
“9 Canções”

Melhor Guarda-Roupa
“O Aviador”
“Um Longo Domingo de Noivado”
“King Kong”

Melhores Efeitos Visuais
“Guerra dos Mundos”
“King Kong”
“O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa: As Crónicas de Narnia”

quarta-feira, janeiro 11, 2006

CINEMA - TOP 10 2005: OS MELHORES

Num ano em que provavelmente vi mais filmes no cinema do que em qualquer outro – se os meus cálculos não me enganam, terão sido 132 (não incluindo aqueles apenas disponíveis em festivais) -, o resultado foram muitas surpresas e desilusões, mas os 10 títulos indicados abaixo destacam-se como os que mais me convenceram e aqueles cujo (re)visionamento considero indispensável, particularmente os primeiros cinco, que poderiam partilhar a primeira posição ex-aequo:

1- «Mar Adentro» - amar-te-ei até te matar
Alejandro Amenábar já tinha revelado ser um realizador com algum interesse, mas nunca tinha atingido o brilhantismo de uma obra ímpar como “Mar Adentro”. Mais do que um mero panfleto sobre a eutanásia, é um filme que mergulha no âmago das relações humanas para criar uma visceral experiência cinematográfica, cujo maior prodígio é a exemplar interpretação de Javier Bardem, que compõe aqui uma das melhores e mais complexas personagens dos últimos anos.

2- «Maria Cheia de Graça» - nossa senhora dos traficantes
Formalmente simples e discreto, “Maria Cheia de Graça” condensa no entanto uma carga dramática a que dificilmente se fica indiferente. A “culpa” é do realizador Joshua Marston e da actriz principal Catalina Sandino Moreno, ambos estreantes mas conseguindo condimentar o filme com grandes doses de inteligência, subtileza e vibração emocional.

3- «Colisão» - o stress e a cidade
Ambicioso e bem sucedido filme-mosaico sobre a intolerância, xenofobia e mau-estar existencial do quotidiano urbano, a primeira longa-metragem de Paul Haggis catapultou-o automaticamente – e depois de um pouco auspicioso percurso televisivo - para a lista de realizadores mais promissores do momento. Desde a direcção de actores à realização ou à construção de atmosferas, quase tudo resulta nesta estreia memorável.

4- «Elizabethtown» - quase falhados
Apesar da filmografia irregular, Cameron Crowe cedo mostrou ser um dos novos cineastas norte-americanos com um universo peculiar e reconhecível. “Elizabethtown”, provavelmente o seu filme mais pessoal (a par de “Quase Famosos”) e intimista, é uma belíssima desconstrução do modelo boy meets girl, assim como uma emotiva viagem pela parte menos óbvia dos EUA e pelas tensões das relações humanas.

5- «Cruel» - clube de combate
Num ano rico em bons filmes centrados na adolescência, esta obra do sueco Mikael Håfström foi uma das mais pungentes e portentosas. Ambientada nos meandros de colégios internos, é uma película dura e amargurada, mas também tocante, orientada pelo olhar do jovem actor Andreas Wilson que, não raras vezes, parece concentrar toda a tristeza e revolta do mundo à medida que sofre as consequências de questionar o sistema em que se insere.

6- «Os Edukadores» - pequenos crimes entre amigos
Um dos títulos fortes do novo cinema alemão, esta perspectiva de Hans Weingartner sobre uma juventude em crise conquista pela espontaneidade de um dos mais refrescantes trios de actores do ano e oferece uma equilibrada combinação de drama, road movie e thriller que alicerçam as bases para uma reflexão acerca dos rumos das sociedades ocidentais contemporâneas.

7- «Salto Mortal» - sensibilidade e bom senso
Revelando uma realizadora e uma actriz com enorme potencial – Cate Shortland e Abbie Cornish, respectivamente -, “Salto Mortal” é um poético e sensível olhar sobre a solidão de uma jovem em processo de auto-(re)descoberta, abrilhantado por uma palpável e inebriante energia visual e por uma não menos bela banda-sonora, tornando-se numa das mais aconchegantes experiências cinematográficas (ou mesmo sensoriais) de 2005.

8- «Uma Pequena Vingança» - brincadeiras perigosas
A primeira longa-metragem de Jacob Aaron Estes é uma daquelas surpresas que o cinema independente norte-americano gera ocasionalmente. Realista e sério retrato do crescimento e das ambivalências da adolescência, é uma em que – e à semelhança do que ocorreu com “L.I.E. – Sem Saída” ou “Ghost World – Mundo Fantasma” em anos anteriores – a inspiração que contém não merecia ter passado ao lado de grande parte do público.

9- «Guerra dos Mundos» - querida, escondi os miúdos
Se com “Tubarão” Steven Spielberg criou, para o bem e para o mal, o primeiro blockbuster, volta a confirmar que não perdeu a eficácia ao proporcionar o mais impressionante filme dessa linhagem surgido em 2005. Negro, sufocante e apocalíptico, mescla drama, terror e até humor num dos seus melhores trabalhos dos últimos anos.

10- «O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa: As Crónicas de Nárnia» - uma aventura em Narnia
Como fazer com que a presença das novas tecnologias não impeça que a adaptação de um conto de fadas emblemático mantenha encanto e magia, fugindo ao artificialismo da maioria dos blockbusters de encomenda? Andrew Adamson, que já tinha estado na origem de “Shrek”, oferece aqui uma muito conseguida estreia na realização em nome próprio, em duas horas comoventes e imaginativas.

Mais 10 a recordar:

«King Kong», de Peter Jackson
«Sin City — A Cidade do Pecado», de Roger Rodriguez, Quentin Tarantino e Frank Miller
«A Descida», de Neil Marshall
«Batman — O Ínicio», de Chris Nolan
«Garden State», de Zach Braff
«Uma Canção de Amor», de Shainee Gabel
«Ela Odeia-me», de Spike Lee
«O Fiel Jardineiro», de Fernando Meirelles
«As Bonecas Russas», de Cédric Klapisch
«Tarnation», de Jonathan Caouette


Já agora, quais os vossos preferidos de 2005? E sim, gostei de «Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos» mas não acho que seja dos melhores do ano :)

CINEMA - TOP 10 2005: OS PIORES

Se globalmente 2005 ofereceu uma série de filmes estimáveis, também houve espaço para muitas obras menores, o que não é de estranhar tendo em conta a imensa quantidade de estreias que algumas semanas registaram.

Estes 10 foram aqueles que me agradaram menos por serem cinematograficamente quase nulos (“A Noiva Indecisa”, “The Grudge – A Maldição”, “Ruídos do Além”), vítimas do seu excessivo hermetismo e pretensão (“A Cara que Mereces”, “A Nossa Música”, “Orlando Vargas”, “Cantando por Detrás das Cortinas) ou por me deixarem emocionalmente distante ou indiferente (“Saraband”, “Bordadeiras”).

1- «A Cara que Mereces», de Miguel Gomes

2- «Sangue e Ouro», de Jafar Panahi
3- «Orlando Vargas», de Juan Pittaluga
4- «A Nossa Música», de Jean-Luc Godard
5- «Cantando por Detrás das Cortinas», de Ermanno Olmi
6- «Saraband», de Ingmar Bergman
7- «Bordadeiras», de Eléonore Faucher
8- «The Grudge — A Maldição», de Takashi Shimizu
9- «Ruídos do Além», de Geoffrey Sax
10- «A Noiva Indecisa»
, de Gurinder Chadha

terça-feira, janeiro 10, 2006

A INCÓGNITA DAS PATANISCAS ÀS CURVAS

Após alguns dias de efusiva troca de e-mails, o jantar de bloggers (e de alguns amigos e cônjuges destes) frequentadores do Planeta Pop lá decorreu no passado sábado, conforme combinado, e ao fim de várias disputas as muito faladas e polémicas pataniscas acabaram por ser o prato principal (enfim, pelo menos para alguns, nos quais eu não me incluo).

Segundo fontes oficiais, contaram-se 19 pessoas na jantarada (se não me falha a memória e perdoem-me se me esqueci de alguém: O Puto, Harry_Maddox, Kraak/Peixinho, Pinko, Hebe Katia, Sunday Morning e Vítor, Drinkthestars, Myself, Andalsness, Extravaganza, Cromossoma, Ani e os djs de serviço Astronauta e Cosmonauta, a par de alguns não-bloggers), e o ambiente foi descontraído e afável q.b., embora fosse difícil conversar com toda a gente tendo em conta a dimensão considerável do grupo (especialmente para quem, como eu, não é propriamente tagarela).

Entre conversas sobre a margem sul da Régua no Adamastor ou comparações entre os Coldplay e os Death Cab For Cutie nos primeiros copos, terminámos a noite no Incógnito, ao som de mais uma sessão dos Electrodomésticos, por onde andavam mais presenças da blogosfera (o JGSC, por exemplo) e cujo cardápio sonoro apresentou uma saudável combinação de rock e electrónica entre recordações emblemáticas e, sobretudo, muitas novidades apelativas.

Embora tenha gostado da maior parte do que ouvi, senti falta de mais sons dos 90s, já que a década de oitenta (no original ou revisitada/assimilada por projectos actuais) foi a mais determinante da sessão, mas também não há como rejeitar uma noite dançante ao som de Ladytron, Depeche Mode (mesmo que "Suffer Well" não seja das minhas preferidas), Interpol, Soulwax, The Killers, Arcade Fire ("Neighbourhood (Laika)" resultou muito bem) ou Madonna (em dose dupla mas sem "Hung Up" - saúdo a ousadia).

E claro, O Astronauta até teve a amabilidade de aceder ao meu pedido e passar uma canção dos Curve, que deixou O Puto a dançar freneticamente e a gritar o refrão (parece-me que depois disto um certo poster de outros tempos vai ser recuperado, não?).

Um serão a repetir em breve, até porque ideias não faltam, e já agora fica o convite para os bloggers que costumam passar por aqui a participarem no próximo, sejam melómanos, cinéfilos ou coleccionadores de centopeias :)

segunda-feira, janeiro 09, 2006

O CINEMA EM 2005

Diversificada e profícua, a oferta cinematográfica de 2005 proporcionou não só grandes regressos de autores consagrados como Steven Spielberg (“A Guerra dos Mundos”), Peter Jackson (“King Kong”), Cameron Crowe (“Elisabethtown”) ou Tim Burton (“Charlie e a Fábrica de Chocolate”), mas também belas revelações de autores promissores, casos de Joshua Marston (“Maria Cheia de Graça”), Paul Haggis (“Colisão”) ou Jacob Aaron Estes (“Uma Pequena Vingança”).

Não faltaram boas histórias no grande ecrã, provenientes de áreas mainstream (“Batman – O Início”, ou “Sin City – A Cidade do Pecado”) ou das mais marginais (“A Descida” ou “Uma Canção de Amor”), estas últimas muitas vezes, e infelizmente, perdidas no meio de obras alvo de maior promoção mas de escassa memória.

O eclectismo cinematográfico manifestou-se também nos festivais, que trouxeram alguns exemplos do que melhor se faz nas esferas do cinema documental (o 3º DocLisboa), independente (o 2º IndieLisboa, que apresentou a prestigiada trilogia coreana “Infiltrados” ou o belo drama australiano “Salto Mortal”), francês (a 6ª Festa do Cinema Francês, por onde passou o inventivo “Reis e Rainha”) ou LGTB (o 9º Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, que ofereceu boas surpresas como “Garçon Stupide” ou “Popular Music”).

Se o cinema de animação teve em 2005 um período de escassa criatividade, uma vez que obras tão díspares como “Madagáscar”, “O Castelo Andante” ou “A Noiva Cadáver” não condensaram doses de inspiração ao nível das de algumas de anos anteriores, o documental foi mais fértil, pois títulos como o inclassificável “Tarnation”, o muito curioso “Dentro de Garganta Funda” ou o pertinente “Rize” deram continuidade à crescente vitalidade que o género tem registado.

Desequilibrado, o cardápio da produção nacional gerou um grande sucesso de público, “O Crime do Padre Amaro”, e duas obras menos mediáticas mas mais recomendáveis: “Alice”, a muito aplaudida (e algo sobrevalorizada) estreia de Marco Martins na realização, e “Odete”, que confirmou João Pedro Rodrigues enquanto cineasta com uma linguagem singular (embora pouco consensual).

Para a posteridade fica a estreia do competente e muito aguardado “Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith”, que fecha (?) a mítica saga de George Lucas ou a pouco estimulante lista de premiados dos Óscares, que distinguiu sobretudo o interessante, mas excessivamente incensado “Million Dollar Baby – Sonhos Vencidos”, de Clint Eastwood, e os desapontantes “O Aviador”, de Martin Scorcese (em fase descendente) e “Ray”, biopic anódino de Taylor Hackford. Saúda-se, no entanto, a escolha de “Mar Adentro”, de Alejandro Amenábar, como Melhor Filme Estrangeiro, ou não fosse esta uma das obras mais memoráveis estreadas em 2005, um ano cinematograficamente rico e abrangente.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

FOTOGRAMAS DE 2005: 10

“O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa: As Crónicas de Nárnia” (The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe), de Andrew Adamnson

POSTO DE ESCUTA 2005: 20 CANÇÕES

Se em 2005 vi todos os filmes que me despertaram interesse, o mesmo não aconteceu em relação aos discos, já que ficou muita coisa por ouvir (e que pretendo redescobrir em 2006). Por isso, acho que não faz sentido fazer uma lista de melhores discos, porque apesar de ter gostado de muitos poucos foram aqueles que realmente me convenceram por completo. O preferido do ano é "The Witching Hour", dos Ladytron (mas daqui a uns meses provavelmente será outro), o melhor do quarteto britânico que já se tornou numa das minhas bandas de eleição.

De entre as canções que ouvi, estas 20 foram as mais marcantes e recomendo vivamente a sua audição compulsiva:

Arcade Fire – “Rebellion (Lies)”
Billy Corgan – “Mina Loy (M.O.H.)”
Bloc Party – “Pioneers”
The Chemical Brothers – “Close Your Eyes”
Coldplay – “White Shadows”
Death Cab for Cutie – “Soul Meets Body”
Depeche Mode – “Nothing’s Impossible”
dEUS – “Include Me Out”
Editors – “Munich”
Fiona Apple – “O’ Sailor”
Garbage – “Metal Heart”
Goldfrapp – “Fly Me Away”
Kaiser Chiefs – “Everyday I Love You Less and Less”
Ladytron – “Destroy Everything You Touch”
Ladytron – “International Dateline”
LCD Soundsystem – “Tribulations”
Madonna – “I Love New York”
Nine Inch Nails – “Right Where it Belongs”
Nine Inch Nails – “Sunspots”
Royksopp – “What Else is There”

FOTOGRAMAS DE 2005: 9

segunda-feira, janeiro 02, 2006

2006: O INÍCIO

Já estamos em 2006, e a entrada neste novo ano foi, para mim e para quem esteve comigo de 31 para 1, um bom começo. Na "inauguração" da minha casa, passou-se uma noite entre DVDs, jogos de mímica (que até são giros, a sério...), música e, claro, uma (ou melhor, duas) mesas bem condimentadas.

Até acabou por ser uma dupla festa, porque como havia demasiada comida, lá voltámos ao local do crime na tarde e noite de ontem, e por mim até poderia ter havido mais uma hoje, mas nem todos tiveram a sorte de ter o dia de folga.

É certo que houve alguns acidentes de percurso, já que as minhas escolhas de DVDs não foram muito bem recebidas, desde "As Regras da Atracção" (do qual só o Challenger é que gostou e mais ninguém conseguiu chegar a meio) até "A Residência Espanhola" (qualificado como "secante" e "esquisito") ou "É Agora ou Nunca" (ainda assim, o que obteve um balanço mais positivo).

Na música também houve discórdia, e a selecção alternou entre The Prodigy ou Fatboy Slim, algumas compilações que fiz e... a Rádio Cidade :S (que, ao menos, seleccionou "Hung Up" como primeira canção a passar em 2006)

Enfim, tirando isso correu bem e é para repetir, de preferência antes do fim do ano. Aqui fica uma das compilações que animou (ou não, conforme os gostos) a noite:

Fischerspoonser - "Emerge"
Bloc Party - "Price of Gas"
Placebo - "Daddy Cool"
Luscius Jackson - "Here (Remix)"
Garbage - "Cherry Lips (Soulwax Remix)"
No Doubt - "Making Out"
Madonna vs The Hives - "I Hate Music"
Underworld - "Born Slippy"
The Chemical Brothers - "Got Glint"
Felix Da Housecat - "Happy Hour"
Mirwais - "I Can't Wait"
50 Cent vs the Strokes - "In Da Nite (a Miss Minx Mix)"
Christina Aguilera vs The Strokes - "Genie in a Bottle vs Hard to Explain (Freelance Hellraiser Remix)"
Radio 4 - "Dance to the Underground"
Ladytron - "Flicking Your Switch"
Da Weasel - "Mata-me de Novo"
Sugababes - "Round Round (Soulwax Remix)"
Coldplay - "Clocks (Royksopp Trembling Heart Remix)"

Por aqui, 2006 começou bem, espero que se mantenha assim. Bom ano :)